Setembro 2024 – Revista Ave Maria https://revistaavemaria.com.br A Revista Mariana do Brasil - fundada em 28 de maio de 1898 pelos Claretianos em São Paulo Tue, 01 Oct 2024 18:28:38 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.9 https://revistaavemaria.com.br/wp-content/uploads/2021/08/cropped-ico-revista-avemaria-60x60.png Setembro 2024 – Revista Ave Maria https://revistaavemaria.com.br 32 32 O nome do Senhor não pode ser invocado em vão https://revistaavemaria.com.br/o-nome-do-senhor-nao-pode-ser-invocado-em-vao.html https://revistaavemaria.com.br/o-nome-do-senhor-nao-pode-ser-invocado-em-vao.html#respond Tue, 01 Oct 2024 18:28:38 +0000 https://revistaavemaria.com.br/?p=75556 Após saber que o Senhor tem um nome e que este é sublime e está acima de todo nome, convém dizer que não se pode pronunciá-lo em vão, levando-o a situações meramente humanas, reduzindo tal pronúncia à de um nome qualquer. 

A máxima do segundo mandamento é “Não invocarás em vão o nome do Senhor teu Deus” (Ex 20,7). Muitas vezes, corre-se o risco de achar que em nada se pode falar o nome de Deus, mas não é bem assim. O alerta desse mandamento divino é em relação ao modo e à circunstância em que o nome de Deus é pronunciado. Diz o Catecismo da Igreja Católica (CIC), no parágrafo 2142: “O segundo mandamento manda respeitar o nome do Senhor (…) regula, dum modo mais particular, o nosso uso da palavra nas coisas santas”. Por exemplo, se a pessoa pronuncia o nome de Deus por meio da oração, jamais estará em pecado, visto que a oração já implica um ato de falar com Deus. Todavia, se você usa o nome de Deus numa relação comercial ou um juramento diante de outra pessoa, como dizer “eu juro em Deus”, aí você já fere o mandamento. É preciso ter sempre em mente de que o nome do Senhor não pode ser nivelado a realidades humanas. “‘O nome do Senhor é santo’; por isso, o homem não pode abusar dele. Deve guardá-lo na memória, num silêncio de adoração amorosa. E não o empregará nas suas próprias palavras senão para o bendizer, louvar e glorificar” (Catecismo da Igreja Católica, 2143). 

O verbo “invocar”, segundo o dicionário, é “chamar em auxílio; pedir a proteção de; suplicar etc.” Veja, é uma palavra que tem um sentido de partir de baixo para o alto, de uma realidade humana para uma Divina, de um ser limitado para um ilimitado. É uma ação que leva todo aquele que o invoca a compreender que, quando se quer falar de ou com Deus o coração se inclina às coisas do Alto, ou seja, faz-se uso de palavras um tanto quanto santas, purificadas de quaisquer maldades. Por isso o Catecismo da Igreja Católica ressalta tanto, nesse mandamento da lei de Deus, o cuidado para não diminuir esse nome: “A santidade do nome de Deus exige que não se recorra a ele por questões fúteis e que não se preste juramento em circunstâncias susceptíveis de serem interpretadas como uma aprovação do poder que injustamente o exigisse. Quando o juramento é exigido por autoridades civis ilegítimas, pode ser recusado. E deve sê-lo, se for pedido para fins contrários à dignidade das pessoas ou à comunhão da Igreja” (2155). 

No tocante aos jovens, sobretudo na fase da adolescência – que é a etapa da vida onde se buscam as afirmações, inclusive por meio das palavras –, quando o jovem quer mostrar que é honesto, que suas palavras têm um sentido verdadeiro, corre-se o risco de querer trazer o nome de Deus a realidades humanas, passageiras, fúteis. Não é um ato de pronunciar buscando as coisas do Alto, mas sim de querer trazer o que é do Alto para justificar coisas cá de baixo, terrenas. Assim não pode! Dessa forma, menospreza-se o nome de Deus, coloca-se esse nome em risco. Todavia, o melhor que se faz é educar o jovem nos caminhos do Senhor, mostrando que aquele que tem palavras de vida eterna é o único que deve inspirar as palavras humanas. A experiência real com Cristo o tornará seguro de si mesmo a tal ponto de não precisar jurar no nome dele a fim de que suas palavras ganhem um respaldo. O que assegurarão suas palavras será o testemunho de uma vida coerente. 

É preciso, portanto, que neste mundo de tantas incoerências, onde os seres humanos buscam se firmar por meio das palavras, que não falte o discernimento de que se buscar o nome do Senhor como fonte de inspiração por meio da oração o terá, mas, se o ficar invocando para justificar todas as suas ações ou até as maquinações reduzirá esse nome e o invocará em vão. 

Que não falte o discernimento de como pronunciar o nome santo do Senhor.

]]>
https://revistaavemaria.com.br/o-nome-do-senhor-nao-pode-ser-invocado-em-vao.html/feed 0
NEM SEMPRE SER BOM E JUSTO SIGNIFICA SER ELOGIADO https://revistaavemaria.com.br/nem-sempre-ser-bom-e-justo-significa-ser-elogiado.html https://revistaavemaria.com.br/nem-sempre-ser-bom-e-justo-significa-ser-elogiado.html#respond Fri, 30 Aug 2024 18:50:08 +0000 https://revistaavemaria.com.br/?p=75190 As entranhas dos maus são cruéis e essa crueldade se mostra em relação aos justos e fracos (cf. Sb 2,12.17-20). Sua lei é a do mais forte. Agem dessa forma porque querem se livrar do justo, já que o agir dele é uma contínua censura ao seu mau comportamento. A descrição guarda semelhança com a paixão de Jesus, mas, também, as mesmas atitudes estão presentes na nossa realidade. Nem sempre ser bom e justo significa ser elogiado. Nossas atitudes podem ser incômodos e provocações para os maus.

A verdadeira sabedoria leva a realizar atitudes que constroem a paz e a fraternidade (cf. Tg 3,16–4,3). O contrário disso são os comportamentos movidos pelas paixões que levam a atitudes egoístas. É saudável reconhecer que existem intenções e ambições diferentes nos membros da comunidade; trabalhar isso para que sejam purificadas é a proposta da fé.

A atividade de Jesus é contínua. Ele alterna momentos de grande atividade evangelizadora com outros de instrução aos discípulos. Ensina sobre o seu messianismo (cf. Mc 9,30-37), ensina que a sua missão conduz ao caminho para Jerusalém, que deve passar por momentos de sofrimento e morte, mas esta não tem a última palavra, porque o destino final é a ressurreição. Nesse segundo anúncio da paixão, Jesus fala em ser entregue e faz referência à violência

 A casa em Cafarnaum é uma escola de apóstolos, onde eles são ensinados e Jesus não quer ser interrompido. Os discípulos não conseguem entender o destino da missão de Jesus e seguem com os conhecimentos próprios das tradições existentes.

À pergunta de Jesus, todos se calam, envergonhados e vítimas do medo por causa do teor da conversa sobre qual deles seria o maior. Esse medo era sinal de falta de fé, por isso mesmo Jesus deveria aproveitar a oportunidade para ensinar sobre o serviço: na comunidade cristã é verdadeiramente grande aquele que se coloca a serviço dos demais. Aqui os valores são contrários aos da sociedade.

Ser grande não é ocupar lugares de destaque, mas dar espaço ao pequeno. Acolher o pequeno é acolher o próprio Cristo que se encarna no irrelevante, naquele que não tem prestígio, como o fraco e o indefeso.

As dificuldades na vida do justo e também na convivência na comunidade cristã são muitas, pois nem todos são iguais e pensam da mesma forma, por isso, as atitudes e comportamentos são diferentes. 

Que neste mês de setembro a Palavra nos mostre que as diferenças existem, são reais e precisam ser acolhidas para que a própria convivência na fé as purifique.

 

NOTAS MARIANAS
NOSSA SENHORA DE GUADALUPE

A devoção a Nossa Senhora de Guadalupe remonta ao ano de 1523, quando ela apareceu para o índio asteca Juan Diego e lhe pediu que construísse no local da aparição uma capela em sua honra. Diante da descrença das autoridades eclesiástica, a Virgem pediu que o piedoso índio recolhesse algumas flores silvestres e as levasse envolvidas em seu manto ao bispo. Quando o bispo abriu o manto, revelou-se a imagem da Virgem, conhecida hoje como Virgem de Guadalupe.

]]>
https://revistaavemaria.com.br/nem-sempre-ser-bom-e-justo-significa-ser-elogiado.html/feed 0
MARIA, MÃE DO VERBO https://revistaavemaria.com.br/maria-mae-do-verbo.html https://revistaavemaria.com.br/maria-mae-do-verbo.html#respond Fri, 30 Aug 2024 18:45:26 +0000 https://revistaavemaria.com.br/?p=75186 Existem inúmeros títulos marianos sobre os quais poderíamos discorrer ou muitos temas bíblicos à nossa disposição para refletir sobre eles, porém, fico pensando em como se poderia estabelecer uma aproximação ao tema do Mês Bíblico deste ano, que é o Livro de Ezequiel, e o lema “Porei em vós meu Espírito e vivereis” (Ez 37,14). 

Algumas verdades e escritos de Ezequiel nos direcionam a Maria no sentido da profecia à realização. Se da parte de Ezequiel os oráculos proféticos anunciam uma realidade de salvação, em Maria a salvação se torna realidade; se os gestos proféticos querem mostrar a verdade e a presença de Deus no meio de povo, chamando-o à conversão, em Maria, na pessoa de um ser frágil e inocente, o Jesus Menino se torna presença viva de Deus, profeta verdadeiro e definitivo entre nós (cf. Jo 6,14); em relação às parábolas e alegorias proferidas por Ezequiel, como a do povo de Israel que se torna videira estéril, podemos dizer que Maria é videira que dá o fruto verdadeiro e definitivo, Jesus. Se a parábola da esposa infiel é uma forma de chamar o povo à fidelidade ao seu Senhor, em Maria vemos a fidelidade mais extremada e absoluta: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1,38); as visões e êxtases do profeta nos remetem ao realismo do Magnificat proclamado por Maria: “Desde agora me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é santo” (Lc 1,46-55). Assim, em Maria as profecias se tornam realidade e os anúncios proféticos se cumprem plenamente. 

No campo social, o profeta acusa de infidelidade as lideranças políticas, religiosas e o próprio povo, enquanto Maria proclama que a presença de Jesus, o Deus feito carne, vai promover a solidariedade, saciando de bens os indigentes (cf. Lc 1,53), que os abastados, os que só confiam em sua riqueza e em sua presunção, os que só confiam na riqueza e na sua prepotência, vão sentir sua mão pesada e serão dispersados (cf. Lc 1,53). Se o livro do profeta Ezequiel é marcado pela esperança da restauração, em Maria a profecia se torna realidade: a esperança se chama agora Jesus de Nazaré, o Deus encarnado entre nós.

Que o Senhor derrame seu Espírito sobre nós, a fim de que tenhamos verdadeira vida e discernimento; que possamos ver a presença profética de Maria na vida da Igreja e sua intercessão nos torne fiéis ao Espírito que plenifica e dá vida; que venha sobre nós o dom da profecia e da disponibilidade total, como em Maria.

]]>
https://revistaavemaria.com.br/maria-mae-do-verbo.html/feed 0
COMO COMEÇAR A FAZER O ESTUDO BÍBLICO? https://revistaavemaria.com.br/como-comecar-a-fazer-o-estudo-biblico.html https://revistaavemaria.com.br/como-comecar-a-fazer-o-estudo-biblico.html#respond Fri, 30 Aug 2024 18:43:56 +0000 https://revistaavemaria.com.br/?p=75182 O estudo bíblico é uma maneira de nos aproximarmos de Deus por meio de sua Palavra, que é a revelação escrita dos passos de Jesus na Terra. A Igreja ensina que esse conhecimento tem o poder de transformar nossas vidas, pois, como disse um santo, “Não se ama aquilo que não se conhece”. Para sermos íntimos de Cristo é essencial conhecê-lo e as Escrituras nos revelam quem Ele é. Pensando nisso, preparamos alguns passos que podem ajudar você a iniciar esse hábito transformador em sua vida. Confira!

Comece com sua Bíblia: escolha uma Bíblia Ave-Maria ou outra que facilite o seu entendimento para começar.

O objetivo: deve ser conhecer o fato e ouvir Deus que fala a você por meio dele. Questione-se sobre isso.

Escolha um livro ou tema bíblico: selecione um livro específico ou um tema que desperta seu interesse para aprofundar a leitura; também pode acompanhar as leituras bíblicas propostas na liturgia do dia.

Leia com atenção: leia as Escrituras cuidadosamente, observando o contexto histórico e os temas centrais.

Anote suas observações: registre insights, perguntas e reflexões em um caderno, mas sempre procure responder à questão “O que Deus quer me falar?”.

Pesquise: utilize ferramentas de estudo bíblico para explorar o contexto histórico e cultural. Isso é o ideal, mas, para começar, recomendamos que seja de forma simples.

Medite e ore: reflita sobre o que aprendeu e ore para aplicar os ensinamentos à sua vida.Compartilhe suas descobertas: não retenha nada para si! Compartilhe o que aprendeu com os irmãos e, se for o caso, em suas redes sociais. E não se esqueça de tentar praticar o que aprendeu!

]]>
https://revistaavemaria.com.br/como-comecar-a-fazer-o-estudo-biblico.html/feed 0
AGEU, FÉ E OBEDIÊNCIA https://revistaavemaria.com.br/ageu-fe-e-obediencia.html https://revistaavemaria.com.br/ageu-fe-e-obediencia.html#respond Fri, 30 Aug 2024 18:41:30 +0000 https://revistaavemaria.com.br/?p=75177 Ageu é um dos doze profetas menores, cujo significado do nome é incerto, provavelmente derivado de “haggai”/hag”, “festa”. Sobre seus antecedentes históricos nada sabemos. Talvez ele tenha vindo do exílio da Babilônia para desenvolver seu ministério em Judá. Foi contemporâneo do profeta Zacarias e atuou no reinado de Dario, em Jerusalém (522-486 a.C.). Seu livro é um dos menores da Bíblia, mas sua mensagem é impactante e encorajadora.

A temática da pregação de Ageu gira em torno do tempo e do início da era escatológica. Em relação ao templo, o profeta insistiu que fosse reconstruído, pois havia sido suspenso em 530 a.C. com a morte de Ciro devido aos conflitos com os samaritanos. Sob o comando de Zorobabel, chefe dos judeus repatriados, as obras foram concluídas em 515 a.C. Isso trouxe ao povo a unidade diante dos desafios de criar a comunidade e fortalecê-la, pois a simbologia do templo garantia prosperidade econômica, trazendo paz e fecundidade. Era ocasião de acabar com as crises e potencializar os novos projetos que trariam liberdade ao povo.

No entanto, na reconstrução surgiram desafios gerados pelas comparações em relação ao majestoso templo de Salomão, desânimo, incertezas, o que atrasou a conclusão, porém, Ageu convidou o povo a ter confiança e transcender as dificuldades sob a ótica da recompensa divina. Deus abençoa e conduz seu povo. O foco é priorizar o que agrada a Deus por meio do culto e de uma vida reta, focada mais no espiritual do que na prosperidade material.

Diante da instabilidade política daquela região, o profeta profere o oráculo a Zorobabel (cf. Ag 2,20-23), interpretado como sinal de Deus para restaurar o reinado davídico. Com o “selo”, Zorobabel é apresentado como o legítimo sucessor de Davi e representante de Deus em favor do povo. Segue exortando a comunidade a mudar de vida por meio de uma conversão sincera.

A grande lição que a vocação de Ageu nos traz atualmente é que podemos reconstruir nossas vidas e colocar nossa confiança no Deus providente e fiel. Quando se reconhece a presença de Deus e nossos comportamentos estão atentos aos seus apelos, podemos seguir na direção do amor e não haverá negligência em relação aos dons que o Senhor nos confia.

Ageu reforça que as prioridades erradas podem desabar as estruturas de uma vida fútil e sem sentido. É ocasião para construir a nova humanidade sobre os alicerces da coragem, da comunhão e da perseverança. A bênção de Deus está na proximidade com o “Senhor dos Exércitos”, que alimenta a convicção do povo na jornada para a eternidade.

]]>
https://revistaavemaria.com.br/ageu-fe-e-obediencia.html/feed 0
DISCERNIMENTO E COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE DIGITAL https://revistaavemaria.com.br/discernimento-e-comunicacao-no-ambiente-digital-nossa-senhora-do-mel-transformacoes-dez-anos-apos-visita-do-papa-a-coreia-do-sul.html https://revistaavemaria.com.br/discernimento-e-comunicacao-no-ambiente-digital-nossa-senhora-do-mel-transformacoes-dez-anos-apos-visita-do-papa-a-coreia-do-sul.html#respond Fri, 30 Aug 2024 18:39:08 +0000 https://revistaavemaria.com.br/?p=75171 IGREJA NO BRASIL REFLETE SOBRE DISCERNIMENTO E COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE DIGITAL DURANTE CONGRESSO EM SÃO PAULO

A Igreja no Brasil refletiu sobre discernimento no ambiente digital durante o congresso de comunicação realizado na Faculdade Paulus de Comunicação (FAPCOM) em São Paulo, nos dias 15 e 16 de agosto. O evento, organizado pela Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) em parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Faculdade Paulus de Comunicação, reuniu mais de duzentos participantes para discutir temas como inteligência artificial, Lei de Proteção de Dados (LGPD) e o papel da Igreja na comunicação digital. Dom Valdir de Castro, bispo de Campo Limpo (SP), destacou a importância do discernimento e da preservação dos valores cristãos no ambiente digital, enfatizando que a evangelização deve ser realizada em comunidade.

O congresso também abordou a proteção de dados, com o advogado João Fábio Azeredo explicando a Lei de Proteção de Dados e suas implicações, e a teologia da comunicação, com Nataša Govekar ressaltando a necessidade de uma comunicação cristã que promova a comunhão e a vida.

Outros temas incluíram comunicação institucional e gerenciamento de crises, discutidos pela jornalista Lúcia Martins, que alertou sobre a importância de gerenciar crises de forma eficaz para preservar a reputação das organizações.

 

FONTE: Vatican News

 

CONHEÇA A DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA DO MEL

Lilian Aparecida Montemor, de Mirassol (SP), herdou uma imagem de Nossa Senhora de Fátima que substituiu uma imagem quebrada da família. Em 1993, durante uma das tradicionais rezas do Terço, Lilian percebeu que a imagem estava vertendo lágrimas, um fenômeno que foi confirmado por outros presentes. A partir daí, a imagem começou a verter também outros elementos, como mel, óleo e sal, gerando grande devoção e interesse na comunidade.

Os fenômenos foram submetidos a estudos religiosos e científicos, conduzidos por uma comissão da Igreja e especialistas. As análises mostraram que as lágrimas tinham composição semelhante às humanas, enquanto o mel vertido não correspondia ao mel produzido por abelhas. Além disso, a imagem apresentou batimentos cardíacos e reflexos oculares semelhantes aos humanos, confirmando a natureza extraordinária dos eventos.

A imagem de Nossa Senhora do Mel se tornou um objeto de peregrinação, viajando por diversas paróquias e santuários. Durante as peregrinações, o mel vertido é distribuído aos fiéis, que relatam inúmeras graças e bênçãos recebidas. A imagem, que já passou por várias restaurações, continua sendo um símbolo de fé e devoção, atraindo a atenção tanto de religiosos quanto de cientistas.

FONTE: da Redação, com informações do Santuário Santa Rita de Cássia, Londrina (PR)

 

PADRE RELEMBRA TRANSFORMAÇÕES DEZ ANOS APÓS VISITA DO PAPA À COREIA DO SUL

Dez anos após a visita do Papa Francisco à Coreia do Sul, durante a VI Jornada da Juventude Asiática, o país ainda busca reviver o impulso que o Pontífice trouxe à população. O missionário Padre Diego Cazzolato, que atua há mais de trinta anos na Coreia do Sul, relembra como a visita do Papa restaurou a paz e a esperança em um momento crítico, levando muitos a se converterem ao catolicismo.

No entanto, Padre Cazzolato destaca que, ao contrário das expectativas de reconciliação entre as Coreias geradas na época, as relações entre os dois países deterioraram-se nos últimos anos, atingindo um dos piores momentos em cinco décadas. O cenário atual é marcado por falta de diálogo e aumento das tensões, especialmente devido às políticas do governo da Coreia do Norte e à postura defensiva do governo sul-coreano.

Com a Jornada Mundial da Juventude em Seul prevista para 2027, há uma esperança renovada de que as novas gerações possam encontrar orientação e apoio em meio aos desafios que enfrentam, como a insegurança no emprego e o desânimo generalizado. Apesar dos avanços tecnológicos do país, os jovens coreanos ainda buscam respostas e guias espirituais que possam ajudá-los a superar as dificuldades atuais.

FONTE: Vatican News

]]>
https://revistaavemaria.com.br/discernimento-e-comunicacao-no-ambiente-digital-nossa-senhora-do-mel-transformacoes-dez-anos-apos-visita-do-papa-a-coreia-do-sul.html/feed 0
SÃO GREGÓRIO MAGNO https://revistaavemaria.com.br/sao-gregorio-magno.html https://revistaavemaria.com.br/sao-gregorio-magno.html#respond Fri, 30 Aug 2024 15:26:42 +0000 https://revistaavemaria.com.br/?p=75164 3 DE SETEMBRO
PAPA E DOUTOR
(CA. 540-604) 

Gregório, sempre atento aos desígnios de Deus a respeito de sua pessoa, exerceu as funções mais elevadas na Igreja e, suprindo as carências dos outros, interveio também no campo civil, mas com a clara consciência de cumprir um dever e de ser um simples “servo dos servos de Deus”.

CRISTÃO DESDE O NASCIMENTO

Nasceu em Roma por volta do ano 540, da nobre família dos Anici. Seu pai, Gordônio, senador, e sua mãe Sílvia eram estimados pela comunidade cristã e depois que morreram foram elencados entre os santos. Duas tias, Tarsila e Emiliana, tinham se consagrado como virgens e entre os seus antepassados encontramos dois papas, Félix III e Agapito. Pode-se dizer que Gregório, desde pequenino, bebeu o cristianismo junto com o leite materno que o nutriu.

Frequentou com proveito a escola, estudando Letras e especializando-se depois em Direito. Pela particular posição social da família foi destinado à carreira, então prestigiada, de funcionário imperial.

Com 30 anos apenas foi nomeado prefeito da cidade, o mais eminente cargo civil de Roma. Devia ocupar-se com o bom funcionamento de toda a máquina estatal, da segurança pública e do abastecimento de gêneros alimentícios. Além disso, devia ter bom relacionamento com o Papa, que tinha uma grande importância social, e estar sempre atento às disposições que lhe vinham do exarca de Ravena, que representava o imperador no Ocidente.

Não era uma vida nada fácil, mas foi uma experiência preciosíssima. Em seus anos de oficial público, fez sua a secular experiência da administração pública e colocou-se a serviço dos cidadãos, sem jamais se deixar corromper.

Em seu governo, Roma refloresceu e até mesmo os pobres tiveram com o que alimentar a si e aos seus. Dessa maneira, não só ganhou a estima das autoridades do império, às quais Roma tinha dado sempre enorme atenção, mas conquistou o amor geral de todos os romanos, que gostavam de chamá-lo de “o cônsul de Deus”. 

Tinha feito, em pouco tempo, uma carreira invejável; seu futuro estava assegurado. O exarca de Ravena, ao receber o acerto de contas anual do governo da Urbe, não podia senão que elogiá-lo. Uma coisa, porém, deixava todos curiosos: por que jamais esse brilhante funcionário, que vestia com graça a vestimenta de seda guarnecida de pedras preciosas, como convinha ao seu status social, não se casava? As irmãs de Gregório tinham permanecido virgens, levavam vida monástica na casa paterna; em Roma e nos arredores floresciam mosteiros masculinos e femininos, onde se recolhia a fina flor da juventude que, renunciando ao mundo, retirava-se em alegre companhia para aquele otium tão diferente do ócio dos antigos romanos porque era povoado de realidades celestes.

A ESCOLHA DECISIVA

Gregório pensou durante muito tempo e, depois da morte de seu pai, quando até mesmo sua mãe se retirou para um mosteiro, realizou o sonho que há tanto tempo vinha amadurecendo no seu coração. Destinou a casa paterna – um grande complexo construído com gosto de gerações por gerações de antepassadas sobre o monte Célio – para mosteiro intitulado Santo André e outros seis construiu-os em suas terras na Sicília.

Após ter entregado seu cargo de prefeito nas mãos do exarca, cumprindo de maneira escrupulosa todos os atos prescritos pela lei, enriquecido só com a bem-aventurança evangélica da pobreza, apresentou-se a Valeriano, o abade de Santo André, para pedir humildemente que lhe fosse permitido fazer em suas mãos a profissão monástica. Depôs as vestes luxuosas de seda e passou a envergar o humilde hábito de monge.

Livre das preocupações terrenas, podia finalmente mergulhar nas coisas de Deus. Observava a regra monástica ao pé da letra: oração, estudo, trabalho e severas penitências. Os jejuns prejudicaram-lhe para sempre o estômago; o trabalho, mesmo o manual, não lhe agradava muito, mas onde se realizava plenamente era na oração e no estudo da palavra de Deus.

Mais tarde, recordará com saudades desse período de luz: “Na verdade, quando eu estava no mosteiro tinha condições não só de impedir à língua as palavras inúteis, mas ter ocupada a mente em um estado quase contínuo de oração profunda, mas depois que submeti minhas costas ao peso do múnus pastoral, meu espírito não mais pôde se recolher em si mesmo, porque está dividido entre muitas atividades. Sou constrangido ora a cuidar das questões das Igrejas, ora dos mosteiros, frequentemente a examinar a vida e as ações das pessoas; ora a interessar-me por atividades particulares dos cidadãos, ora a gemer sob as espadas dos bárbaros invasores e a temer os lobos que rondam o rebanho que me foi confiado”.

À contemplação unia o estudo da Escritura e dos padres. Não conhecendo bem o grego, lia a Vulgata e os padres latinos, sobretudo Agostinho e Jerônimo. Foram anos preciosos para crescer na sabedoria sem se ensoberbecer. “Os homens santos” – escrevia – “quanto mais avançam na virtude diante de Deus, tanto mais se veem indignos; porque enquanto se aproximam mais da luz, descobrem o que neles estava escondido; e quanto mais aparecem a si mesmos disformes exteriormente, tanto mais é belo aquilo que vêem no interior”.

Tudo isso acontecia graças ao carisma monástico. Gregório estava convencido de que seria monge para sempre

O Papa desse tempo, mesmo deixando-o no mosteiro, ordenou-o diácono e lhe confiou a coordenação da ação caritativa da Igreja. Quem melhor do que ele teria sabido prover às necessidades de uma cidade, cada dia mais repleta de pessoas que vinham de todos os cantos, pedindo proteção contra as invasões intermináveis daqueles povos que desciam ameaçadores dos Alpes?

NÚNCIO APOSTÓLICO EM CONSTANTINOPLA 

Quando o Papa Pelágio II teve a necessidade de um apocrisiário, isto é, de um representante, junto ao imperador do Oriente, dirigiu-se a Gregório, que aceitou com a condição de poder continuar a viver como monge. Com o consentimento do Papa, transferiu-se junto com o seu abade, Maximiano, e algum outro monge para a cidade dourada. No novo ambiente, onde cada dignitário estava habituado ao luxo e às intrigas, o apocrisiário com a sua pequena comunidade brilhava como uma rara pérola preciosa, suscitando a admiração do imperador e da corte.

Não conseguiu muito quando, em nome do Papa, pediu ajuda militar para defender a Itália, porque estava acontecendo a guerra contra os persas que invadiam os limites orientais, mas a permanência em Constantinopla permitiu-lhe conhecer diretamente o mundo oriental e isso revelou-se importante para sua futura missão de Papa.

Em Constantinopla, recebeu a visita de São Leandro, bispo de Sevilha, que quis participar da vida do pequeno mosteiro enquanto realizava seus afazeres junto da corte e, encantado com as explicações que Gregório fazia aos seus monges sobre o Livro de Jó, exortou-o a escrevê-las e a ele presenteá-las. Nasceu assim o volume Moralia in Job, conferências espirituais sobre o Livro de Jó, e entre os dois nasceu uma profunda amizade, fundamentada na mútua estima e no comum amor pela Igreja. 

Em 585, o Papa Pelágio II chamou-o a Roma e, mesmo deixando-o no mosteiro de Santo André, tornou-o seu conselheiro particular. Não havia prática de alguma importância que não passasse pelas suas mãos.

 

SERVO DOS SERVOS DE DEUS

Em 589, tremendas calamidades se abateram sobre a cidade de Roma e nos arredores: uma série de tempestades interrompeu as comunicações estatais com a capital, impedindo o transporte do reabastecimento de víveres; o Tibre havia transbordado, provocando a destruição de inumeráveis moradias e dos armazéns de grãos; finalmente, tinha-se deflagrado a peste bubônica. Também o Papa Pelágio morreu por causa da epidemia. 

Gregório foi aclamado Papa por unanimidade. Ele tentou se subtrair, recorrendo a todos os meios. Escreveu, por fim, uma carta ao imperador do Oriente que, de acordo com o costume, deveria exprimir o seu parecer a respeito da eleição papal, pedindo-lhe para não dar o seu consentimento. Com Maurício tinha relações de profunda amizade desde quando era apocrisiário.

O imperador não recebeu jamais essa carta, porque o prefeito de Roma desse tempo não a deixou partir, enviando outra missiva na qual suplicava ao imperador para confirmar aquele que o povo e o clero tinham designado unanimemente. Maurício sentiu-se muito satisfeito por dar sua aprovação. O monge tentou então a fuga, mas foi trazido para Roma e conduzido diretamente a São Pedro, onde todos o esperavam para a ordenação. Compreendeu, então, que a escolha vinha de Deus e teria sido temerário continuar a lhe resistir.

Consciente então de sua missão, preparou-se com uma visão ampla impressionante. Ele soube ler com clareza os sinais de seu tempo. O que restava do Império Romano se concentrava, nesse tempo, no Oriente, enquanto o Ocidente estava abandonado ao seu destino. Os novos povos, durante séculos desconhecidos no lado de lá dos limites do Império Romano e considerados bárbaros, rompidas então todas as barreiras espalhavam-se por todo o Ocidente e algumas vezes se apresentavam até as portas de Constantinopla, impondo-se em toda parte pela força. Não era mais possível continuar a ignorá-los.

Se Agostinho, diante das destruições causadas pelos vândalos na África, pensou que tinha chegado o fim do mundo, Gregório, em vez disso, diante da pressão desses novos povos estava convencido de que eles, mesmo que inconscientemente e com meios frequentemente violentos, reclamavam em alta voz o direito de ser evangelizados.

]]>
https://revistaavemaria.com.br/sao-gregorio-magno.html/feed 0
GREGÓRIO E O CANTO GREGORIANO https://revistaavemaria.com.br/gregorio-e-o-canto-gregoriano.html https://revistaavemaria.com.br/gregorio-e-o-canto-gregoriano.html#respond Fri, 30 Aug 2024 15:25:03 +0000 https://revistaavemaria.com.br/?p=75160 São Gregório Magno – Papa e doutor da Igreja – nasceu em 3 de setembro do ano 540 e morreu a 12 de março do ano 604. 

A música sempre teve um papel fundamental na celebração litúrgica, mas, a partir de São Gregório Magno, ela recebe atenção mais profunda e se torna necessária escola de oração. Após ter estudado Direito e entrado para a política como prefeito de Roma, São Gregório Magno decidiu retirar-se em um mosteiro, onde praticou a oração, o recolhimento e dedicou-se aos estudos da Sagrada Escritura e dos padres da Igreja. De monge a Papa, Gregório promove reforma litúrgica na Igreja e o canto e a música passam por revisão e organização em vigor até os dias de hoje. Em sua obra Diálogos, redigiu o exemplo de homens e mulheres com reflexões místicas e teológicas. O segundo livro é sobre a vida de São Bento de Núrsia. O mosteiro beneditino ofereceu grandes provas sobre a eficiência entre música, coro, oração e trabalho. Inspirado no modelo musical que ressoa até os dias atuais pelos claustros, Gregório compõe melodias próprias à liturgia e funda a Schola Cantorum.

Antes de tudo, o canto gregoriano é oração. Sem conceituar oração, não há possibilidade de entender e interpretá-lo. A Schola Cantorum era inicialmente formada por clérigos e incluía um “cantor” ou mais solistas. O sentido de haver um cantor ou solista é remontar à voz do pastor que guia as ovelhas, isto é, quem nos guia é a Palavra de Deus e canto gregoriano nada mais é do que a Palavra cantada. Por que cantada? Porque o canto é a manifestação do corpo em movimento à Palavra, o exercício do Espírito Santo para que a fé seja viva, pois a fé sem obras é morta. É um princípio que o Concílio Vaticano II reforça com letras maiúsculas apontando o verdadeiro sentido do canto em nossa vida de Igreja: “Os compositores, imbuídos do espírito cristão, compreendam que foram chamados para cultivar a música sacra e para aumentar-lhe o patrimônio. Que as suas composições se apresentem com as características da verdadeira música sacra e possam ser cantadas não só pelos grandes coros, mas se adaptem também aos pequenos e favoreçam uma ativa participação de toda a assembleia dos fiéis. Os textos destinados ao canto sacro devem estar de acordo com a doutrina católica e inspirar-se sobretudo na Sagrada Escritura e nas fontes litúrgicas” (Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium, 121).

São Gregório faz reverberar em nossos ouvidos a beleza da liturgia bem celebrada, da submissão do canto ao Espírito Santo e da construção harmônica de sermos Igreja – o coro do Senhor. Interpretar a Palavra de Deus pelo canto é mergulho na oração, meditação, contemplação interior. É fazer da vida uma eterna salmodia! No livro Liturgia das horas e contemplação, Anselm Grün diz: “Sem oração somos separados da vida divina em nós. Sem oração ela é soterrada sob os escombros do barulho dos nossos pensamentos e sentimentos”.

Que o canto da caridade seja o único canto de nossos corações!

]]>
https://revistaavemaria.com.br/gregorio-e-o-canto-gregoriano.html/feed 0
“VENDE TUDO O QUE TENS E DÁ AOS POBRES, DEPOIS VEM E SEGUE-ME!” (MC 10,17-30) https://revistaavemaria.com.br/vende-tudo-o-que-tens-e-da-aos-pobres-depois-vem-e-segue-me-mc-1017-30.html https://revistaavemaria.com.br/vende-tudo-o-que-tens-e-da-aos-pobres-depois-vem-e-segue-me-mc-1017-30.html#respond Fri, 30 Aug 2024 15:23:30 +0000 https://revistaavemaria.com.br/?p=75156 No texto, diversas pessoas se aproximam de Jesus para pedir uma palavra, a resolução de alguma situação: o jovem rico, os discípulos, Pedro. 

O texto descreve a conversão progressiva que, segundo o convite de Jesus, deve ocorrer na nossa relação com os bens materiais e com as pessoas. Marcos situa esse texto quando Jesus caminha em direção a Jerusalém, onde será crucificado (cf. Mc 8,27; 9,30.33; 10,1.17.32). Ele está pronto para entregar sua vida e sabe que em breve será morto, mas, não volta atrás. Diz: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc 10,45). Essa atitude de fidelidade e dedicação à missão recebida do Pai autoriza-o a poder dizer o que é realmente importante na vida. As recomendações de Jesus são válidas para todos os tempos. Ele nos diz que o verdadeiramente importante na vida, ontem e hoje, é construir o Reino, cuidar das relações com as outras pessoas e com Deus, estar disposto a sempre recomeçar (conversão) e que os bens materiais sejam para fazer justiça e compartilhar. 

Um encontro e uma pergunta: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” (Mc 10,17). Vendo que o homem cumpre os mandamentos desde pequeno, Jesus “olha para ele com amor”. O que vai dizer a ele é muito importante. Ele é um bom homem, Jesus o convida a segui-lo até o fim: “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no Céu. Depois vem e segue-me!” (Mc 10,21). A mensagem de Jesus é clara: não basta pensar na própria salvação, tem-se que pensar nas necessidades dos pobres. Não basta preocupar-se com a vida futura, tem-se que se preocupar com aqueles que sofrem na vida. Não basta não prejudicar as pessoas, devemos colaborar no projeto de um mundo mais justo, tal como Deus quer. Não é isso que falta a quem se diz satisfeito na prática dos deveres religiosos com a consciência limpa e é indiferente ao número cada vez mais crescente de pessoas excluídas, marginalizada, empobrecidas?

“Ele ficou triste e foi embora” (Mc 10,22): o homem rico não esperava a resposta assim. Ele procurava algo para a sua inquietação religiosa e Jesus falou-lhe dos pobres. Ele preferia seu estilo de vida, viveria sem seguir Jesus. Talvez essa seja a postura mais generalizada entre os cristãos acomodados, eles preferem seu bem-estar, tentar ser cristão sem “seguir” totalmente a Cristo.

Depois da atitude que teve o jovem rico, Jesus radicalizou ainda mais as suas palavras: “Quão difícil é entrar no Reino de Deus” (Mc 10,24). 

Os discípulos ficaram surpresos ao ouvir essas palavras. Jesus insistiu: “É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha (…)” (Mt 19,24). Quando Jesus fala da quase impossibilidade de “um rico entrar no Reino de Deus”, não se refere à entrada no Céu após a morte, mas à entrada na comunidade com Jesus. Até hoje é muito difícil para quem se considera muito importante, acima dos demais, possuidor de muito, entrar numa pequena comunidade eclesial e sentar-se ao lado dos pobres e, assim, seguir Jesus: “Para os homens é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível” (Mc 10,27).

Jesus convida o homem rico a orientar a sua vida a partir de uma nova lógica. A primeira coisa é não viver preso aos seus bens (“vende o que tens”). A segunda coisa é ajudar, “dá aos pobres”. Por último, “vem e segue-me”. Os dois poderão percorrer juntos o caminho para o Reino de Deus. O homem se levanta e se afasta de Jesus. Ele esquece seu olhar amoroso e sai triste. Sabe que nunca poderá conhecer a alegria e a liberdade de quem segue Jesus. Marcos explica que “era muito rico”. Não é essa a experiência de que acha satisfeito? Vive preso ao modo de vida própria. A religião não se expressa exatamente no amor prático ao próximo, amor pelos pobres?

A conversa entre Jesus e Pedro, que acreditava que seguindo Jesus teria algum privilégio, por isso perguntou: “Eis que deixamos tudo e te seguimos” (Mc 10,28). Será que teria algum tipo de recompensa? Ele ainda não tinha entendido o significado do serviço gratuito. A resposta de Jesus é objetiva, sugere que não se deve esperar qualquer vantagem ou segurança. Será recebida, mas com perseguições. No futuro, ter-se-á a vida eterna. O fundamental é seguir Jesus na disponibilidade e totalidade da vida.

]]>
https://revistaavemaria.com.br/vende-tudo-o-que-tens-e-da-aos-pobres-depois-vem-e-segue-me-mc-1017-30.html/feed 0
SUA CRUZ ME DEU VIDA https://revistaavemaria.com.br/sua-cruz-me-deu-vida.html https://revistaavemaria.com.br/sua-cruz-me-deu-vida.html#respond Fri, 30 Aug 2024 15:21:21 +0000 https://revistaavemaria.com.br/?p=75152 Abrindo o livro do Atos dos Apóstolos, escritos por São Lucas, podemos verificar como nasceu a Igreja. Foi pelo anúncio do Evangelho. 

“Evangelho” é um termo de origem grega que significa “bom anúncio”. Qual foi este “bom anúncio”? Podemos responder com a seguinte afirmação: Jesus Cristo morreu e ressuscitou para a nossa salvação. 

Simplesmente do ponto de vista histórico, a morte de Jesus foi o assassinato de um inocente, mas, à luz da fé, sua morte foi o maior ato de amor da história, que salva a humanidade. Graças a esse grande ato de amor, Deus perdoa os homens, que são irmãos de Jesus, por isso Ele se tornou homem. É o Cristo mesmo que transmite o sentido verdadeiro da sua morte, mais exatamente nas palavras da consagração da Última Ceia: “Isto é meu corpo, dado por vós: fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19); “Este cálice é a nova aliança em meu sangue, derramado por vós” (Lc 22,20).

É a partir desse anúncio que Pedro, no dia de Pentecostes, pede que os ouvintes da mensagem se arrependam dos pecados, recebam o Batismo e entrem a fazer parte da Igreja. Os novos cristãos “perseveraram na doutrina dos apóstolos, na vida da comunidade, na fração do pão, e nas orações” (At 2,42). 

Ressalta-se que a expressão “fração do pão” indicava a celebração da santa Missa. Nessa celebração, como acima lembrado, os cristãos sentem-se estritamente ligados à cruz, graças ao corpo de Cristo, “dado por nós”, e ao sangue de Cristo, “derramado por nós”.

Voltamos ao grande mistério do sofrimento e da morte de Cristo. Isso é demonstrado pela atitude dos discípulos de Emaús, que tinham perdido a esperança em Jesus diante da sua condenação à morte. A essa altura, o mesmo Jesus explicou como devia ser interpretada sua terrível morte: “Não era necessário que o Cristo sofresse essas coisas para entrar na sua glória? E, começando por Moisés e percorrendo todos os profetas, explicou-lhes em todas as Escrituras o que lhe dizia respeito” (Lc 24,26-27).

A partir dessa “base da nossa fé”, começamos todas as nossas orações com o sinal da cruz, vivenciamos a sexta-feira como o dia da cruz de Cristo e o domingo como o dia da ressurreição. Celebramos a Semana Santa, com destaque na quinta-feira, dia da Última Ceia, na sexta-feira, dia da morte de Cristo, e no domingo da Páscoa, dia da ressurreição.

Vamos concluir estas reflexões com o hino que o apóstolo Paulo nos apresenta na Carta aos Filipenses: “Cristo Jesus, apesar de sua condição divina, não reivindicou seu direito de ser tratado como igual a Deus. Ao contrário, aniquilou-se a si mesmo e assumiu a condição de servo, tornando-se semelhante aos homens. Por seu aspecto, reconhecido como homem, humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte e morte de cruz. Por isso Deus o elevou acima de tudo e lhe deu o nome que está acima de todo nome, de modo que ao nome de Jesus todo joelho se dobre nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor para a glória de Deus Pai” (Fl 2,6-11).

]]>
https://revistaavemaria.com.br/sua-cruz-me-deu-vida.html/feed 0