CRISTOLOGIA – Revista Ave Maria https://revistaavemaria.com.br A Revista Mariana do Brasil - fundada em 28 de maio de 1898 pelos Claretianos em São Paulo Mon, 01 Dec 2025 21:36:55 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.9 https://revistaavemaria.com.br/wp-content/uploads/2021/08/cropped-ico-revista-avemaria-60x60.png CRISTOLOGIA – Revista Ave Maria https://revistaavemaria.com.br 32 32 O Rosto de Cristo nos Evangelhos https://revistaavemaria.com.br/o-rosto-de-cristo-nos-evangelhos.html https://revistaavemaria.com.br/o-rosto-de-cristo-nos-evangelhos.html#respond Mon, 01 Dec 2025 14:42:38 +0000 https://revistaavemaria.com.br/?p=78840 No dia 18 de novembro do ano de 1965, o Concílio Vaticano II publicou um importante documento sobre a Palavra de Deus, contida nas Sagradas Escrituras, intitulado, em latim, Dei Verbum, a saber, A Palavra de Deus. Trata-se de uma constituição dogmática, um dos documentos mais importantes sobre a nossa fé cristã. Nele encontramos importantes referências aos evangelhos, como a que segue: “Ninguém ignora que entre todas as Escrituras, mesmo do Novo Testamento, os evangelhos têm o primeiro lugar, enquanto são o principal testemunho da vida e doutrina do Verbo encarnado, nosso Salvador” (18).

Esse documento ressalta, antes de tudo, a apostolicidade dos evangelhos, afirmando que “aquelas coisas que os apóstolos, por ordem de Cristo, pregaram foram depois, por inspiração do Espírito Santo, transmitidas por escrito por eles mesmos e por varões apostólicos como fundamento da fé, ou seja, o Evangelho quadriforme, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João” (18).

Logo depois, fala do caráter histórico dos evangelhos que “transmitem fielmente as coisas que Jesus, Filho de Deus, durante a sua vida terrena realmente operou e ensinou para a salvação eterna dos homens, até ao dia em que subiu ao Céu (…) com aquela compreensão mais plena de que eles, instruídos pelos acontecimentos gloriosos de Cristo e iluminados pelo Espírito, de verdade gozavam das coisas que Ele tinha dito e feito” (19).

A esse respeito percebe-se, em cada Evangelho, uma leitura particular do “rosto de Cristo” devido a vários fatores, como o tempo em que cada um foi escrito e os primeiros destinatários de cada evangelista. 

Quanto ao “rosto”, os evangelhos não oferecem uma descrição física de Jesus, um retrato externo, mas revelam quem Ele é por meio de suas palavras, gestos e atitudes. Assim, o “rosto de Cristo” é sobretudo um rosto teológico e espiritual, reconhecido pela fé.

Quanto ao tempo e aos destinatários, o Evangelho mais antigo foi o de Marcos, escrito depois do ano 60 da nossa era e tendo como destinatários cristãos de origem pagã que eram perseguidos, especialmente em Roma.

A data provável da composição do evangelho de Mateus foi perto do ano 80, tendo como destinatários cristãos de origem judaica.

O Evangelho de Lucas foi escrito provavelmente depois do ano 80 para cristãos de origem pagã vindos do mundo grego.

Por fim, o Evangelho de João foi escrito no fim do primeiro século, mais para comunidades que enfrentavam perseguições e disputas doutrinais, reforçando a identidade de Jesus como Filho de Deus.

Nos próximos artigos será apresentada de maneira mais detalhada a característica de cada evangelista, mas, para introduzir sinteticamente uma visão dos quatro evangelhos indica-se, a seguir, a temática apresentada pelo grande biblista, Cardeal Carlo Maria Martini, quando fez seu ingresso como arcebispo de Milão (norte da Itália) em 1980. Vejam a seguir.

Marcos, que tem apenas dezesseis capítulos, é o evangelista do catecúmeno; Mateus, o mais longo, com 28 capítulos, é o evangelista do catequista; Lucas, com 24 capítulos, é o evangelista missionário; por fim, João, com 21 capítulos, é o evangelista teólogo. 

Vamos, então, estudar esses evangelhos que ocupam o primeiro lugar da Bíblia.

*Lino Rampazzo é doutor em Teologia e professor no Curso de Teologia da Faculdade Canção Nova de Cachoeira Paulista (SP).

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QUEREMOS QUE CRISTO REINE https://revistaavemaria.com.br/queremos-que-cristo-reine.html https://revistaavemaria.com.br/queremos-que-cristo-reine.html#respond Mon, 31 Oct 2022 18:48:30 +0000 https://revistaavemaria.com.br/?p=69858 Neste mês de novembro, celebramos o último domingo do ano litúrgico, ano “C”, e essa celebração é marcada pela Solenidade de Cristo, Rei do Universo. 

Nessa solenidade celebramos Cristo, rei e senhor do universo, rei que deve reinar nos corações, nos relacionamentos e que exerce seu reinado não de um lugar de poder, mas de um lugar de contradição e redenção: a cruz.

O Domingo de Cristo Rei é também o Dia do Leigo, em que rezamos, refletimos por essa presença tão rica e eficaz na Igreja e no mundo. O termo “leigo”, que está na base da consideração desse dia, refere-se aos cristãos que não exercem sua missão com uma vocação de especial consagração, como são os sacerdotes e os religiosos. É pela ação dos leigos no meio do mundo que o reinado de Cristo deve se consolidar. O leigo cristão age como o fermento no meio da massa, como nos recordam os Evangelhos, sal da Terra e luz do mundo, sendo permanentemente testemunhas de Jesus Cristo, presença Cristã em meio a esta sociedade que precisa de valores para orientar as vidas de seus integrantes.

Nesse dia se inicia no Brasil a Campanha para a Evangelização, que se estenderá até o terceiro domingo do Advento e também se comemora a Jornada Mundial da Juventude em nível diocesano (transferida do Domingo de Ramos). 

A Solenidade de Cristo Rei foi instituída em 1925 pelo Papa Pio XI, coincidindo com o 16º centenário do Concílio de Niceia, que proclamou a divindade do Filho de Deus; esse concílio inseriu também em sua fórmula de fé as palavras “cujo reino não terá fim”, afirmando assim a dignidade real de Cristo.

A liturgia dessa solenidade coloca como antífona de entrada do Missal romano uma frase do Apocalipse que é surpreendente: “O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra. A Ele a glória e poder através dos séculos” (Ap 5,12; 1,6). Quem é aquele que proclamamos rei? O Cordeiro. Cordeiro imolado. A palavra “cordeiro” evoca mansidão, paz e fragilidade. Nosso Rei é o Cordeiro que foi esmagado na cruz, aquele que foi imolado pelo pecado do mundo. O mundo passou e passa por cima dele, refuta seu Evangelho, desdenha de sua Palavra, ridiculariza seus preceitos, calunia sua Igreja. Esse rei é aquele que foi crucificado, derrotado e terminou sozinho; é homem de dores, prenunciado por Isaías. No Evangelho escutamos que zombaram (e zombam) dele: “A outros Ele salvou. Salve-se a si mesmo, se de fato é o Cristo de Deus, o Escolhido! (…) Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós”! (Lc 23,35.39).

Contudo, Jesus não é rei nos moldes dos reis da Terra. O reinado dele somente pode ser compreendido a partir da lógica do próprio Cristo: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). Eis o modo que Cristo tem de reinar: servindo, dando vida e entregando a própria vida. Tão diferente dos reis da Terra, dos políticos e líderes de ontem e de hoje: “Sabeis que aqueles que vemos governar as nações as dominam, e os seus grandes as tiranizam. Entre vós não será assim” (Mc 10,42s). 

Cristo é rei porque se fez solidário conosco ao fazer-se um de nós; é rei porque tomou nossa vida sobre seus ombros; é rei porque passou entre nós servindo até o maior serviço: entregar-se totalmente na cruz!

Que procuremos propagar o estabelecimento do Reino de Deus. Que possamos nos empenhar cada vez mais para que nossa experiência de fé nos leve a sermos presenças vivas de Cristo na sociedade e no mundo. Não nos faltará a força do Espírito e a ação do alto para que permaneçamos firmes. 

Deus abençoe e guarde a todos! 

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