RELÍQUIAS CATÓLICAS – Revista Ave Maria https://revistaavemaria.com.br A Revista Mariana do Brasil - fundada em 28 de maio de 1898 pelos Claretianos em São Paulo Tue, 02 Dec 2025 13:28:45 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.9 https://revistaavemaria.com.br/wp-content/uploads/2021/08/cropped-ico-revista-avemaria-60x60.png RELÍQUIAS CATÓLICAS – Revista Ave Maria https://revistaavemaria.com.br 32 32 Já ouviu falar das relíquias do Nascimento de Jesus? https://revistaavemaria.com.br/ja-ouviu-falar-das-reliquias-do-nascimento-de-jesus.html https://revistaavemaria.com.br/ja-ouviu-falar-das-reliquias-do-nascimento-de-jesus.html#respond Mon, 01 Dec 2025 18:42:11 +0000 https://revistaavemaria.com.br/?p=78892 A veneração de relíquias na Igreja nasceu com o cristianismo. Elas são testemunhas silenciosas de eventos que culminam no próprio fato da Encarnação de Deus, Jesus Cristo. Se isso é real, podemos tocar a materialidade que envolve esse mistério. As relíquias não são objetos da nossa fé, nunca serão dogmatizadas, mas são testemunhas dos dogmas. As verdades cristãs não tocam apenas realidades abstratas, mas também o mundo material e concreto. As relíquias envolvem matéria, tempo e espaço, locais onde os eventos ocorreram. À medida que nos aproximamos do Natal, queremos apresentar algumas dessas relíquias insignes.

O presépio de Jesus em Belém era conhecido pelos cristãos do século III, como testemunha Orígenes, falecido em 250, em Contra Celsum 1.31. A partir do século VII, restaram apenas fragmentos, dos quais os mais notáveis são os conservados na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.

Em 1982, o então cardeal Ratzinger, ao pregar a Quaresma para a Cúria Romana, lembrou que, ao longo dos séculos, Roma acabou recebendo, como testemunha do centro da Cristandade e da peregrinação, uma espécie de “Terra Santa”, com sua Belém e sua Jerusalém, onde os lugares eram validados por importantes relíquias ligadas às referências originais. Já na destruição do Templo de Jerusalém, os despojos de guerra foram trazidos para Roma. Peças importantes do Templo encontram-se em diversas igrejas da cidade.

A Basílica de Santa Maria Maior – que já foi chamada também de Santa Maria do Presépio – conserva entre suas relíquias a da manjedoura. A Basílica de Santa Maria Maggiore, uma das quatro basílicas papais de Roma, cuja construção, segundo a tradição, foi inspirada pela própria Virgem em um sonho do papa Libério e do patrício João, guarda um grande tesouro de valor espiritual incalculável, especialmente venerado no tempo do Natal por fiéis romanos e peregrinos.

Desde o pontificado de Teodoro I (642–649), natural de Jerusalém, o bispo São Sofrônio ofereceu à basílica as tábuas da manjedoura, que possuía no interior um comedouro de barro cozido. As relíquias atuais consistem em cinco tábuas de madeira de sicômoro (ficus sycomorus), parte da manjedoura onde repousou Jesus. Elas são conservadas em um relicário de cristal de rocha, projetado por Giuseppe Valadier (1802), em forma de berço. De cada lado do Menino Jesus esculpido por Valadier há duas flores que guardam outras relíquias do nascimento.

Uma delas é o panniculum, um pequeno pedaço de pano do tamanho de uma mão. Segundo a tradição, trata-se de um fragmento do linho com que Maria envolveu o Menino Jesus. Na outra flor, guarda-se uma palha sobre a qual o Menino foi colocado na manjedoura. Em 2018, após o papa Francisco enviar parte da relíquia à Terra Santa, diversos estudos confirmaram que a madeira provém de Belém e é da época em que Jesus nasceu.

Antes dessas relíquias, no ano de 432, o papa Sisto III decidiu construir um espaço especial dentro da primitiva basílica de Santa Maria Maior para abrigar uma réplica da Gruta da Natividade. Essa réplica foi destruída por reformas e outros acontecimentos. Hoje existe o altar da confissão e, em sua cripta, encontra-se a capela que guarda as relíquias sob o altar papal.

Nessa basílica era celebrada a Missa papal de Natal, quando as relíquias eram levadas em procissão dentro da igreja para a veneração dos fiéis. Por causa da fragilidade do relicário, o costume foi abandonado. A basílica também possui a imagem de Nossa Senhora Salus Populi Romani, que, segundo a tradição, teria sido pintada por São Lucas sobre uma mesa que serviu a Jesus.

A manjedoura e a mesa possuem um profundo significado simbólico: são objetos usados para refeições, uma destinada aos animais e outra aos seres humanos. Jesus foi colocado na manjedoura para anunciar que seria o nosso alimento. Assim, simbolicamente, nossos altares tornam-se manjedouras onde os fiéis se alimentam do Filho de Deus. Como diz o profeta Isaías: “O boi conhece o seu possuidor, e o jumento, a manjedoura de seu dono; mas Israel não conhece, e o meu povo não entende” (Is 1,3).

Que o testemunho dessas relíquias nos conduza a Belém – que em hebraico significa “Casa do Pão”, em árabe “Casa da Carne” e, na linguagem de um místico da Igreja, “Casa da União” – pois no pão temos a carne de Deus. Ao nos alimentarmos desse pão celeste, realizamos a Comunhão, a Santa União. Isso é o Natal.

 

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As relíquias que contam a vida de Santo Antônio https://revistaavemaria.com.br/as-reliquias-que-contam-a-vida-de-santo-antonio.html https://revistaavemaria.com.br/as-reliquias-que-contam-a-vida-de-santo-antonio.html#respond Mon, 02 Jun 2025 17:06:24 +0000 https://revistaavemaria.com.br/?p=77590 Santo Antônio de Pádua, também conhecido como Santo Antônio de Lisboa (1195-1231), é celebrado não apenas por sua fecunda pregação e amor à Eucaristia, mas também pelo mistério da incorruptibilidade das relíquias que permanecem visíveis até hoje. Dentre essas preciosidades, destaca-se a relíquia de sua língua, conservada em um relicário na Capela do Tesouro da Basílica de Pádua, cujo estado preservado desafia a compreensão científica e enche de fé os peregrinos.

A LÍNGUA INCORRUPTA DE SANTO ANTÔNIO

Conta a história que, logo após sua morte, em 1231, durante o processo de canonização começaram a ser distribuídas várias relíquias de Santo Antônio. Em 30 de maio de 1232, o Papa Gregório IX, antigo amigo pessoal de Antônio, inscreveu-o no catálogo dos santos em cerimônia na catedral de Espoleto. 

Em 8 de abril de 1263, o ministro-geral da Ordem dos Frades Menores, São Boaventura da Bagnoregio, ao trasladar o corpo de Antônio para a basílica do santo em Pádua, encontrou sua língua incorrupta e mandou colocá-la em relicário. Em 14 de junho de 1310, o túmulo foi transferido para outra capela da mesma basílica.

Em 15 de fevereiro de 1350, o Cardeal Guy de Boulogne mandou colocar o queixo em um relicário e inventários posteriores mencionam fragmentos de braço, mão, dente, parte da túnica, cabelos, rádio, dedo e pele da cabeça. Parte do rádio foi, em 1968, remetida à Catedral de Lisboa.

De 6 de janeiro a 15 de fevereiro de 1981, realizou-se um segundo reconhecimento dos restos mortais, confirmando que as cartilagens do aparelho fonador continuavam incorruptas.

A relíquia mais famosa, sua língua, permanece visível e intacta no relicário da Capela do Tesouro da Basílica de Pádua, mistério que a ciência não explica e milagre que a fé celebra e reforça a devoção dos peregrinos.

DA VIDA DE FERNANDO AO FRADE ANTÔNIO

Originalmente batizado como Fernando, ingressou na Ordem dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho em Lisboa. Em 1220, diante das relíquias dos cinco primeiros mártires franciscanos – que partiriam para o Marrocos e ali deram a vida –, Fernando sentiu o impulso de imitar seu testemunho. Pediu para deixar os agostinianos e, adotando o nome de Antônio, quis partir para o norte da África, não fosse uma enfermidade que o obrigou a retornar à Itália, marcando-lhe outro destino.

Em 1221, participou do Capítulo das Esteiras em Assis, onde conheceu pessoalmente São Francisco de Assis. Reconhecendo seu talento, Francisco o convidou a ensinar Teologia aos frades, missão que Antônio exerceu em Bolonha e Paris, lançando as bases do pensamento franciscano que inspiraria depois São Boaventura e Duns Scotus e sendo o primeiro professor dos frades franciscanos. 

As relíquias não são apenas vestígios materiais, mas lembretes do sacrifício de Cristo e do chamado à santidade. Francisco alertou Antônio em carta a ensinar teologia aos frades “sem extinguir o espírito da santa oração e devoção” (Carta a Antônio), mostrando que estudo e contemplação caminham juntos.

Dotado de extraordinária eloquência, Santo Antônio pregava com poder e compaixão, convertendo muitos que se afastaram da Igreja. Seu zelo pastoral incluía o atendimento a confissões e o aconselhamento, mesmo enfrentando problemas de saúde. 

Dizse que qualquer fragmento de sua túnica ou contato com sua pessoa era causa de grande graça. Um exemplo famoso envolve a Irmã Oliva: após beijar-lhe as mãos, ela sofreu dores violentas até aplicar um pedaço da túnica, quando imediatamente foi curada, provando que qualquer relíquia sua era instrumento de graça (relato extraído da Biografia e Sermões de Santo Antônio).

Até hoje, peregrinos de todas as partes do mundo visitam a Basílica de Pádua para contemplar a língua incorrupta de Santo Antônio, testemunhando um milagre que une ciência e fé. Essa relíquia não apenas lembra o poder do testemunho cristão, mas também conserva viva a memória de um santo cuja palavra se fez vida para tantos corações. 

Santo Antônio, rogai por nós!

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