A vocação do catequista nasce do próprio coração de Deus, que chama alguns fiéis a participarem de modo especial na missão evangelizadora da Igreja. Essa vocação não é apenas uma tarefa funcional, mas um verdadeiro chamado ao serviço da Palavra do Senhor, à Igreja e aos irmãos, de modo fiel e constante. O catequista é, portanto, um discípulo missionário, chamado a anunciar, testemunhar, celebrar e servir o Evangelho na comunidade e no mundo.
Desde os tempos bíblicos, Deus chama homens e mulheres para ensinar e transmitir a fé. Vejamos, por exemplo, o chamado de Isaías: “Eis-me aqui, envia-me!” (Is 6,8). A resposta de Isaías expressa a disponibilidade interior que deve marcar o coração da pessoa do catequista.
Assim também acontece com os discípulos, chamados pelo Mestre e enviados após receberem as instruções dos senhores: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações” (Mt 28,19). Essa missão é confiada a todos os batizados, mas alguns são escolhidos para o serviço específico do anúncio e formação na fé, como ensina o Catecismo da Igreja Católica: “Desde o princípio, os primeiros discípulos ardiam no desejo de anunciar Cristo: ‘Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos’ (At 4,20). E convidam os homens de todos os tempos a entrar na alegria da sua comunhão com Cristo” (425).
O novo Diretório para a catequese (2020) reconhece que o catequista não é apenas um “transmissor de conteúdos”, mas alguém profundamente inserido na vida da comunidade eclesial, com uma identidade e espiritualidade própria: “O catequista é testemunha da fé, mestre e mistagogo, acompanhante e educador” (113). Dessa forma, a vocação do catequista exige uma resposta generosa e constante formação, pois não se trata apenas de repetir doutrinas, mas de formar discípulos para que encontrem Cristo vivo. Essa vocação está enraizada na missão da Igreja e deve ser vivida com zelo, comunhão e fidelidade.
O Papa Francisco, ao instituir formalmente o Ministério do Catequista por meio da Carta Apostólica Antiquum Ministerium (2021), reconheceu essa vocação como essencial para a vida da Igreja. No discurso do Papa Francisco aos catequistas vindos a Roma em peregrinação por ocasião do ano da fé e do congresso internacional de catequese, ele disse “Ser catequista: esta é a vocação; não trabalhar como catequista. Atenção que eu não disse ‘fazer’ o catequista, mas ‘sê-lo’, porque compromete a vida: guia-se para o encontro com Cristo, por meio das palavras e da vida, por meio do testemunho. Lembrai-vos daquilo que nos disse Bento XVI: ‘A Igreja não cresce por proselitismo. Cresce por atração’”.
O Santo Padre ainda ressaltou que esse ministério deve ser exercido com autenticidade, sob a guia do Espírito Santo e em união com os pastores da Igreja. Não podemos nos esquecer que ser catequista é ser possuidor de “uma identidade que só mediante a oração, o estudo e a participação direta na vida da comunidade é que se pode desenvolver com coerência e responsabilidade” (Carta Apostólica Antiquum Ministerium, 6).
Por fim, ser catequista é, portanto, uma vocação antiga e sempre nova, que continua a sustentar a fé do povo de Deus. Exige amor à Igreja, fidelidade a ela, profundo conhecimento da fé, espírito de oração e disponibilidade missionária. É uma resposta à voz de Cristo que ainda hoje chama: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,17).