Agosto chega e, com ele, um convite especial à reflexão sobre o que verdadeiramente valorizamos. Em meio a um mundo que corre veloz, muitas vezes nos vemos imersos em preocupações e trabalhos que, como nos alerta o Livro do Eclesiastes, podem se revelar “fugacidade das fugacidades” (1,2). Que resta ao homem de todo o seu labor, de todas as suas aflições sob o sol? Essa pergunta, ecoada há milênios, ressoa com força em nosso tempo.
A liturgia do primeiro domingo deste mês, por exemplo, confronta-nos diretamente com essa questão. Lucas nos apresenta a parábola do homem rico, tão focado em construir celeiros maiores para seus bens que se esqueceu de construir um tesouro para sua alma: “‘Insensato!’, diz Deus. ‘Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma. E as coisas que ajuntaste de quem serão?’” (12,19-20). Essa advertência divina não é uma condenação do trabalho ou da prosperidade, mas um chamado urgente a reordenarmos nossos corações. A vida, afinal, não depende da abundância de bens.
É nesse contexto que o apóstolo Paulo, quando escreve aos colossenses, mostra-nos a chave para a verdadeira riqueza: “Buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus” (Cl 3,1). Se fomos ressuscitados com Cristo pelo Batismo, nossas vidas já não pertencem à lógica do acúmulo terreno, mas à lógica do Reino. Fomos chamados a nos despojar do “homem velho” – da avareza, da cobiça, das paixões que nos aprisionam – para nos revestirmos do “homem novo”, cuja vida está “escondida com Cristo em Deus”.
E como essa busca pelas “coisas do alto” se manifesta em nosso dia a dia? Agosto nos dá exemplos vivos e concretos por meio das vocações que celebramos.
Ao comemorar o Dia do Padre, celebrando homens que, por vocação, renunciaram a construir uma riqueza para si para se tornarem “ricos para Deus”. Nossos sacerdotes são os pastores que nos recordam constantemente sobre as coisas do alto, que nos alimentam com o pão do Céu e que, em nome de Cristo, mostram-nos que a verdadeira alegria está na doação e no serviço.
Celebramos o Dia dos Pais, lembrando que a maior herança que um pai pode deixar não está em bens materiais, mas no testemunho de fé, no exemplo de retidão e no amor incondicional que aponta para a paternidade de Deus. O pai cristão católico é aquele que, em vez de construir celeiros para si, ajuda a construir no coração dos filhos um tesouro de valores que ladrão nenhum pode roubar.
Também neste mês temos o Dia do Catequista e reconhecemos o trabalho incansável daqueles que se dedicam a semear a maior de todas as riquezas, o conhecimento de Jesus Cristo e de seu Evangelho. Os catequistas não ensinam a acumular bens, mas a partilhar a fé, a viver a fraternidade e a entender que o mundo será melhor e mais justo quando houver mais partilha e menos cobiça.
Padre, pai, catequista: três vocações, três formas distintas de mostrar que a verdadeira vida consiste em entesourar para Deus. Eles nos ensinam, cada um a seu modo, a viver com os pés na terra, mas com o coração e a mente voltados para o Céu.
Que neste mês de agosto possamos todos nos perguntar: onde está o nosso tesouro? Que nossos celeiros sejam os corações cheios de amor, fé e caridade. Que, sob a intercessão da Virgem Maria, nossa mãe e modelo de quem soube guardar e meditar tudo em seu coração, possamos escolher a riqueza que não passa.
Um santo e abençoado mês a todos!