O Papa Leão XIV voltou a meditar sobre as curas realizadas por Jesus, propondo uma profunda reflexão sobre a paralisia – não apenas física, mas espiritual, emocional e existencial. A partir do episódio narrado no Evangelho de João (cf. 5,1-9), no qual Jesus cura um homem paralítico há 38 anos junto à piscina de Betesda, o Pontífice nos convida a olhar para as áreas da vida em que permanecemos imobilizados, muitas vezes por medo, desilusão ou falta de decisão.
A IMAGEM DA PARALISIA NO EVANGELHO
No relato bíblico, Jesus encontra, entre muitos doentes reunidos ao redor da piscina, um homem que há décadas vivia em estado de resignação. A piscina era conhecida por curas milagrosas quando a água se agitava e a crença era de que o primeiro a entrar seria curado. O paralítico, porém, dizia nunca ter ninguém que o ajudasse a chegar até ali a tempo. Com isso, expressava não apenas a sua limitação física, mas também uma postura interior de espera, desânimo e autocomiseração.
O Papa Leão XIV explica que essa cena representa bem muitas situações humanas em que nos sentimos bloqueados, sem perspectivas, sem vontade de lutar ou de mudar, situações nas quais, diante das dificuldades, deixamos que a esperança esfrie e adotamos uma postura passiva diante da vida. “Por vezes, preferimos permanecer na condição de doentes, obrigando os outros a cuidar de nós”, alertou o Papa, destacando que a paralisia pode ser, em alguns casos, um esconderijo para fugir das responsabilidades.
JESUS, O ÚNICO NECESSÁRIO
A resposta de Jesus àquele homem é direta e transformadora: “Queres ficar curado?”. A pergunta rompe com a lógica da resignação e aponta para uma escolha pessoal: a cura é possível, mas exige decisão e responsabilidade. Jesus não apenas o cura, mas o convida a levantar-se, carregar sua maca e caminhar – uma imagem poderosa da retomada da vida, da superação do imobilismo e da abertura à ação da graça.
“Trata-se de caminhar, de assumir a responsabilidade de escolher o caminho a seguir. Isso graças a Jesus”, disse o Papa. Ele destacou ainda que Jesus não ignora o sofrimento humano, mas se aproxima dele para transformar, curar e libertar. Ele é a misericórdia encarnada que se faz presente na história de cada um para devolver dignidade, sentido e movimento.
UMA IGREJA QUE CURA
Ao descrever a piscina de Betesda como um lugar de exclusão e competição entre os doentes, o Papa a contrapõe à Igreja, chamada a ser uma verdadeira “casa da misericórdia”, um lugar onde ninguém é deixado para trás, onde o cuidado é comunitário e onde todos podem encontrar o toque restaurador de Cristo.
Por fim, Leão XIV exortou os fiéis a rezarem por todos os que se sentem paralisados, sem rumo, sem forças: “Peçamos ao Senhor o dom de compreender onde a nossa vida parou. Procuremos dar voz ao nosso desejo de cura. Rezemos por todos aqueles que não veem saída. Que possamos voltar a viver no coração de Cristo, que é a verdadeira morada da misericórdia.”
Esse chamado à ação é, sobretudo, um convite à esperança. Com Jesus, ninguém está condenado à paralisia. Em Cristo somos capacitados a retomar nossas histórias e seguir adiante com fé e coragem.
INTENÇÕES DO PAPA PARA O MÊS DE AGOSTO
PELA CONVIVÊNCIA COMUM
Rezemos para que as sociedades onde a convivência parece mais difícil não sucumbam à tentação do confronto por razões étnicas, políticas, religiosas ou ideológicas.