No primeiro domingo do mês de novembro a Igreja celebra a Solenidade de Todos os Santos, para recordar que a santidade deve ser um projeto de vida pensado por todos. Os jovens, por sua vez gostam de cantar “Ou santos ou nada”, e foi assim que viveram, em fé e obras, aqueles que hoje a Igreja proclama santos, a exemplo do Anjo Bom da Bahia, Santa Dulce dos Pobres, que viveu a radicalidade do Evangelho cuidando das pessoas sofridas.
O projeto de Deus para todo ser humano é a santidade. Crendo nessa perspectiva de salvação, o cristão deve sempre lembrar as palavras que estão contidas na Carta de São Pedro: “Como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; porquanto está escrito: ‘Sede santos, porque eu sou santo’” (1Pd 1,15-16). A maneira de viver a santidade não está noutra coisa senão no cumprimento da Palavra de Deus, que possibilitará, um dia, ter como herança o Reino dos Céus: “Vinde, benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar” (Mt 25,34-36).
De nome genuinamente brasileiro, a saber, Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes nasceu em Salvador, no dia 26 de maio de 1914, e, ao ingressar na vida religiosa, por meio da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição, assumiu o nome de Irmã Dulce, em homenagem à sua mãe. Reza a história que, desde pequenina, ela gostava de fazer caridade, tendo sempre um olhar preferencial para com os pobres, prediletos de Nosso Senhor. Tendo o consentimento e apoio da família ela foi transformando, aos poucos, a casa de seus pais num centro de atendimento a pessoas necessitadas, casa essa que ficou conhecida como a “portaria de São Francisco” devido ao número de pessoas carentes que acorriam até esse local.
Pensando sempre na caridade, ela fundou, em 26 de maio de 1959, as Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), entidade filantrópica privada, sem fins lucrativos, que até hoje oferece serviços de saúde, educação, assistência social, dentre outros, tendo como grande missão “Amar e servir aos pobres e necessitados, oferecendo atendimento gratuito na saúde e assistência social, inovando as ações educacionais”.
Ao falar de suas obras sociais, certo dia a frágil irmã, fazendo aquilo que era costume todos os dias, ir à feira livre pedir doações de alimentos, frutas e verduras para os seus assistidos, ao estender a mão pedindo os “restos” da feira, um feirante deu uma cuspida em sua mão e ela, após olhar serenamente para ele, limpou o cuspe em seu hábito e estendeu a outra mão, dizendo: “Tudo bem, este foi o meu, agora dê-me o dos pobres”. Que exemplo de santidade dava a Irmã Dulce! Viveu a radicalidade do Evangelho!
Nalgumas frases atribuídas a ela percebe-se o tom de santidade. Vejamos: “Miséria é a falta de amor entre os homens”; “Há momentos em que nos sentimos abandonados porque nos esquecemos da onipotência de Deus. Ele tudo vê. Então, é preciso acreditar e ter a certeza que nada é impossível aos olhos dele”; “O amor supera todos os obstáculos, todos os sacrifícios. Por mais que fizermos, tudo é pouco diante do que Deus faz por nós”. Irmã Dulce fazia tudo por causa de Deus e nunca, jamais, para aparecer aos olhos humanos. Era uma mulher que tinha um coração muito puro e desprendido de quaisquer interesses que não fossem a vontade de Deus e o desejo de ajudar os pobres. Por conta disso também ficou conhecida como Irmã Dulce dos Pobres.
Olhando para o testemunho dessa santa brasileira, convém seguir decididamente a Palavra de Deus, que quer santificar e salvar a todos. Daí as palavras da música do Padre Jonas Abib ressoarem tão fortemente, de modo particular no coração dos jovens: “Ou santos ou nada mais queremos ser”.
Santa Dulce dos Pobres, ajude cada um a dar passos firmes na santidade!