Novo Testamento: vocação batismal

Tivemos a oportunidade de refletir sobre o chamado que Deus fez a muitos homens e mulheres do Antigo Testamento que foram pilares na preparação da vinda do Messias. Destacaram-se por um profundo acolhimento e atenta escuta à vontade de Deus, desafiando autoridades e autoritarismos, ideologias, idolatrias, mentalidades hostis, sendo perseguidos em nome da verdade, porém, fiéis testemunhas da fé. Profetas e místicos que denunciaram a dor de tantas culturas e encontraram sua força na esperança que fez olhar o horizonte e seguir. Corajosos e solitários, amigos do bem, virtuosos, fecundos, seguros das promessas se lançaram na luta contra os poderes opressores materializados na ganância e na fome de absolutismo. Deram seu coração, suas mãos e pés para levar a mensagem da dignidade àqueles rostos desfigurados pelo deserto e pela seca da marginalização. Suas palavras firmes desestabilizaram nobres, provocando guerras e mudança de consciência das nações para cultuar o Deus único. Não voltaram atrás de suas convicções, pois haviam encontrado o sentido de suas existências quando deram “sim” ao Altíssimo.

Na mesma linha estão os homens e mulheres tocados por Jesus Cristo e sua Boa-Nova. Muitos rostos fervorosos que deixaram tudo e foram encontrar-se com aquele que é o caminho, a verdade e a vida, com o rebento de glória que transcende nosso conhecimento e atrai pela ternura de um pastor sensível ao Criador.

Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento quem chama é Deus, a iniciativa é dele e isso não anula e nem substitui a resposta do ser humano: “Tal missão é a participação na compaixão pastoral de Jesus, ajudá-lo na sua missão de serviço à necessidade mais profunda das pessoas” (Arnaldo Pigna). É sabido que a vocação de cada cristão vem de Cristo e se realiza desde um compromisso batismal. É beber na fonte da misericórdia e anunciar o Evangelho da vida em todas as suas formas. O cristão parte de Cristo centrado em sua Palavra para dar vida em abundância como solicitude e serviço.

Por meio das pegadas de Jesus Cristo, o batizado se configura com a evangelização e acende no coração das pessoas o desejo pela transcendência. No exemplo dos que deram sua vida por Cristo, encontra sua própria identidade de filho de Deus como fraterno mensageiro da alegria, ungido para transfigurar o mundo descrente e injusto.

Que as reflexões seguintes despertem a singular chama de amor por Cristo, refazendo o percurso da própria existência em sintonia com a vocação primeira, reforçando o compromisso com a Igreja e o corpo místico de Cristo.

Todo chamado é um encontro com Jesus Cristo, que suscita um desejo de deixar-se seduzir pelo amor. Desse diálogo apaixonado por Deus nasce a compaixão pelo próximo e a radical entrega que exige escolhas acertadas e renúncias para estar sempre na presença do Mestre.

“Coragem! Levanta-te, Ele te chama!” (Mc 10,49), Ele te ama. Simplesmente responda “sim” e vá, pois a alegria de quem se doa a Cristo é eterna.

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