Musicalidade e Esperança

A arte da escuta atravessa a história humana e desloca o homem a elaborar seus instintos auditivos de sobrevivência, transformando a mesma escuta na mais sublime capacidade interior, o sentimento. Foi numa noite silenciosa, calma, que pessoas simples ouviram um coro angélico cantar “Gloria in excelsis Deo et in Terra pax hominibus bonae voluntatis”. A música celestial só pode ser ouvida por aqueles que, de um modo ou de outro, aproximam-se da humildade. Não foi difícil aos pastores o encontro com o Menino Jesus, bastou a eles seguir a melodia dos anjos para reconhecerem a grande esperança acolhida pela manjedoura na gruta de Belém.

Noite silenciosa! Noite santa! O encontro sublime entre a maior humildade e o maior louvor! A criação parou para escutar a esperança. Quem se propõe a músico litúrgico se coloca à disposição de trabalhar com os sons em função da esperança. Um músico narcisista não oferece nada além do que sua incapacidade de sentir esperança. Não é uma simples questão de entendimento. O ponto central da melodia cristã é o sentimento, uma experiência delicada com o Espírito Santo. Temos testemunhado muitos “entendidos” no Evangelho que mais criam conflitos do que esperanças.

A musicalidade da esperança é infalível e inconfundível porque conforta o coração, acalenta sonhos, toca a oração profunda e transforma tudo em caridade. A esperança é uma melodia interior que transcende tempo e espaço e, como a Estrela Guia, leva-nos à manjedoura da humildade onde o Amor incarnatus est nos aguarda para abraçar-nos para sempre. 

Que o Natal de Jesus seja a melodia que nunca cessa de cantar o amor em nossos corações! Feliz Natal!

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