Iniciamos um novo mês e basta olharmos ao redor para percebermos quanto o mundo clama por justiça, paz e reconciliação. Os dias atuais são profundamente marcados por desafios que parecem maiores a cada dia: conflitos sem trégua, crises econômicas, catástrofes ambientais e uma dolorosa sensação de insegurança vivida por todos, independentemente das condições sociais e econômicas em que se encontram. Não obstante tudo isso, percebemos que nesses momentos é que os corações dos filhos e filhas de Deus são chamados à essência da fé: diálogo com o Pai, compromisso com o próximo e confiança perseverante.
A Palavra, sempre viva, interpela-nos de modo especial em tempos como esse. A experiência de Abraão, por exemplo, que ousa dialogar com o Senhor sobre o destino de Sodoma e Gomorra, inspira-nos a sermos intercessores por nosso povo e por toda a humanidade. É na humildade e na audácia da oração comprometida que aprendemos a não nos conformar com o sofrimento alheio, mas a clamar, pedir e agir com misericórdia. Diante das tragédias e injustiças de hoje, cabe-nos não só pedir por soluções, mas sermos parte delas, conectando nossa fé à compaixão sempre ativa.
São Paulo também nos recorda, quando escreve aos colossenses, que nosso chamado não é para o desespero, mas para a esperança, sempre. Nós fomos mergulhados com Cristo em sua morte, para com Ele ressurgir para uma vida nova. Cada um de nós, cristãos, traz consigo a marca dessa ressurreição: somos feitos para recomeçar, reconciliar e testemunhar que o amor vence a morte e todo e qualquer ciclo de violência. Em uma sociedade marcada pela polarização e pela dificuldade de diálogo, a postura de construir pontes, como lembra o saudoso Papa Francisco, acolher e perdoar se torna urgente e revolucionária. Isso é possível com a oração confiante.
Não nos esqueçamos que o próprio Jesus nos ensinou a rezar, oferecendo aos discípulos – e a nós – o Pai-Nosso. É interessante lembrar que, no Pai-Nosso, todas as nossas maiores necessidades enquanto seres humanos são cobertas: pedir que o Reino de Deus aconteça, que a vontade do Pai seja acolhida nos corações, que não falte o pão de cada dia a nenhuma mesa, que o perdão circule entre nós da mesma forma que desejamos o perdão de Deus. Insistamos, sempre, na prece, a buscar com perseverança, a confiar que o Pai escuta e atende. É no cotidiano, por meio de pequenos gestos, que o Reino começa a acontecer: um pedido de desculpas, um prato de comida repartido, uma palavra de ânimo, o esforço de entender quem pensa diferente, a escolha do diálogo em vez do conflito…
Tudo isso só se sustenta porque Deus não nos deixa sós. Pedimos a presença constante do Espírito Santo, que deseja ser hóspede de nossas almas. Ele nos dá luz para compreender a Palavra de Deus, coragem para recomeçar após o erro e forças para transformar o que parece impossível. Ao abrirmos os corações ao Espírito, deixamos que Ele renove nossos sentimentos, ideias e atitudes, tornando-nos sinais vivos do Evangelho no mundo. Em meio às dificuldades, o Espírito Santo é o alento que reacende a esperança e nos capacita a gerar vida e fraternidade onde havia desconfiança ou cinzas.
Que neste mês, cada leitor e leitora da Revista Ave Maria se sinta chamado a renovar o diálogo com Deus, a não perder a confiança, a agir com misericórdia e a buscar, com perseverança, o pão, a justiça, o perdão e a paz. Se formos fiéis à oração e ao compromisso, ajudaremos a fazer do mundo um lugar mais justo, acolhedor e digno para todos. Que o Espírito Santo seja nosso hóspede e guia, renovando nossas forças e esperanças a cada novo dia.
NOTAS MARIANAS
EM LOUVOR A NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO
O dogma da assunção foi proclamado pelo Papa Pio XII, no dia 1º de novembro de 1950, Festa de Todos os Santos, dando origem à devoção a Nossa Senhora da Assunção e à Festa da Assunção de Maria, celebrada a 15 de agosto. Na Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, Pio XII definiu o dogma da assunção de Nossa Senhora em corpo e alma ao Céu. O Papa afirmou ao escrever: “A imaculada mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial” (Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, 43).