Qual é o significado e o sentido da festa da dedicação da Basílica de Santa Maria Maior, em Roma?
Na cidade onde está a sede da Igreja Católica, onde São Pedro e São Paulo colocaram os fundamentos da cristandade, há 2 mil anos, existem muitas grandes e belas igrejas dedicadas à Virgem Maria, aos santos e ao anjos. Quatro grandes basílicas são chamadas de “pontifícias”, ligadas diretamente ao Sumo Pontífice, o Papa: basílicas de São Pedro, de São Paulo, São João do Latrão, que é a catedral do Papa como bispo de Roma, e a de Santa Maria Maior. São belíssimas basílicas e cada uma delas tem uma história marcante.
Essas gigantescas basílicas normalmente foram construídas onde no passado foram edificados templos pagãos. São muitas as igrejas construídas em Roma em honra de Nossa Senhora, por exemplo, Santa Maria Antiga, no foro romano; Santa Maria de Araceli, no alto do Capitólio; Santa Maria dos Mártires, no Panteon; Santa Maria dos Anjos, nas termas de Diocleciano; Santa Maria sobre Minerva, construída sobre o antigo templo de Minerva; e a maior de todas, como o próprio nome o diz, Santa Maria Maior, chamada inicialmente de Liberiana, no alto do Esquilino, onde havia um templo pagão que o Papa Libério (352-366) transformou numa basílica.
Segundo uma antiga tradição, Nossa Senhora apareceu na noite de 5 de agosto de 352 ao Papa Libério e a um patrício romano e teria convidado ambos a construírem uma Igreja onde de manhã encontrassem neve
Na manhã do dia 6 de agosto caiu neve abundante cobrindo a área exata do edifício, o que teria confirmado a visão, convencendo o Papa e o rico cidadão a construírem o primeiro grande santuário mariano, que recebeu o nome de Santa Maria da Neve.
É preciso notar que agosto é mês de alto verão em Roma. Pouco menos de um século depois, o Papa Xisto III (432-440), para recordar a celebração do Concílio de Éfeso (431), que proclamou o dogma da maternidade divina de Maria (Theotókos), reconstruiu a igreja nas dimensões atuais e a consagrou no dia 15 de agosto, em que se comemora o dogma da assunção de Nossa Senhora.
A dedicação no dia 5 de agosto é assinalada no martirológio jeronimiano com um privilégio raro. No alto do arco triunfal dessa venerável basílica lê-se “XYSTUS EPISCOPUS PLEBI DEI” (“Xisto, bispo, ao povo de Deus”). Em honra de Nossa Senhora a basílica é toda resplandecente de mosaicos de ouro variados.
A festa da dedicação da basílica em 5 de agosto é para homenagear Nossa Senhora, mãe de Deus, mãe da Igreja e nossa mãe, que no Céu intercede por nós sem cessar e sempre defendeu a Igreja nas piores situação em que ela viveu, como na guerra de Lepanto contra os turcos otomanos, que desejavam destruir o cristianismo na Europa.
Dessa obra permanecem as naves com as colunas e os 36 mosaicos que enfeitam a nave superior. Esse é o maior monumento em honra da Virgem Maria, que recebe da Igreja um culto de hiperdulia, isto é, de veneração maior do que o prestado aos outros santos. A basílica foi também denominada Santa Maria do Presépio, já antes do século VI, quando aí foram levadas as tábuas de uma antiga manjedoura que a devoção popular identificou com a que acolheu o Menino Jesus na gruta de Belém. A celebração litúrgica da dedicação da basílica entrou no calendário romano somente no ano de 1568.