Os pais, como todo mundo sabe, têm a missão de cuidar de seus filhos desde o nascimento até atingirem a vida adulta e serem independentes. Com a lei natural da existência, o ciclo evidentemente muda: os filhos é que devem cuidar dos pais, a fim de que estes tenham condições de vida digna, sobretudo no período da velhice, quando carecem de mais atenção.
Se o seu olhar estiver voltado para a Sagrada Escritura, perceberá que este ciclo natural da existência é uma chamada de atenção. Primeiro, com relação à missão dos pais de educarem os filhos nos caminhos do Senhor e na disciplina:
“E trarás gravadas no teu coração todas estas palavras que hoje te ordeno. Tu as repetirás com insistência a teus filhos e delas falarás quando estiveres sentado em casa ou andando a caminho, quando te deitares ou te levantares” (Dt 6,6-7).
“Pais, não provoqueis revolta nos vossos filhos; antes, educai-os com uma pedagogia inspirada no Senhor” (Ef 6,4).
Fé, amor e disciplina são o que devem conduzir os pais na educação dos filhos. Quanto aos filhos, estes têm a missão de acompanhar e cuidar de seus pais, sobretudo quando o peso da idade lhes sobrevém. Também é bíblico:
“Não te glories da injúria sofrida por teu pai, pois não é glória para ti a sua afronta. A glória de cada um vem da honra de seu pai, e é uma desonra para o filho a mãe desprezada” (Eclo 3,12-13).
Seguindo esses preceitos da fé, o filho que honra e cuida de seus pais, sem os afrontar, estará em paz por cumprir esta missão.
É sabido que, quando a pessoa vai envelhecendo, surgem as debilidades, como o déficit de memória, a baixa da mobilidade e, por vezes, outros limites da saúde, o que exige de quem cuida, primeiro o amor, depois paciência e tempo. Quem ama cuida; quem cuida tem paciência e investe tempo com a pessoa amada. Para isso, o filho deve se recordar dos preceitos do Senhor:
“Filho, ampara a velhice de teu pai e não lhe causes desgosto enquanto vive. Mesmo que esteja perdendo a lucidez, sê tolerante com ele e não o humilhes, em nenhum dos dias de sua vida. A ajuda prestada a teu pai não será esquecida, mas será plantada em lugar dos teus pecados e contada como justiça para ti; no dia da aflição serás lembrado e teus pecados se dissolverão, como o gelo em dia de sol. Como é infame quem desampara seu pai, e é amaldiçoado por Deus quem exaspera sua mãe!” (Eclo 3,14-18).
A Palavra de Deus diz tudo: é um grande alerta! Quando se fala em amparar o pai e a mãe, é válido também para os segundos pais, que são os avós.
Às vezes, percebe-se que alguns jovens não têm paciência com seus pais, desrespeitam-nos, não lhes pedem a bênção nem os escutam. Sem dúvidas, em algum momento da vida a ficha vai cair — e talvez seja tarde demais para os amar e dar atenção. É triste e vergonhoso um filho que tem pais idosos e os coloca num asilo ou os deixa em casa sem lhes dar atenção, chegando a dizer: “Que velho chato! Não tenho paciência com ele!”. Ora, que Deus te livre de se comportar assim. Antes, pergunte a si mesmo:
- Quem cuidou de mim desde o meu nascimento?
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- Quem passava noites em claro quando eu, recém-nascido, acordava no meio da noite chorando e eles paravam o sono para estar atentos e fazer-me dormir tranquilamente?
- Quando eu estava doente, quem cuidava de mim com prioridade?
Pois é! As respostas a estas perguntas te farão meditar sobre o cuidado que deves ter para com os teus pais.
A lei da vida é como uma roda-gigante: quem cuidou agora merece ser cuidado; quem foi cuidado deve retribuir o amor a quem cuidou. Quem segue esse princípio terá o coração em paz e uma vida feliz e tranquila, pois cuidar dos pais na velhice não é apenas um dever — é uma missão dada por Deus! E mais: quando seus pais morrerem, estarás com o coração em paz e sem nenhum remorso. Lembre-se também de que, se hoje você está na condição de filho, amanhã estará na condição de pai — o que exigirá ser cuidado pelos seus.
Não tarde, portanto, em dar amor, atenção e cuidado a seus pais, em todo o tempo enquanto estão vivos, sobretudo na velhice. Isso fará de ti um bom filho, e amanhã colherás os frutos deste cuidado, pois amor ofertado será amor recebido!