SANTA CECÍLIA, VIRGEM E MÁRTIR

A virgem Cecília levava sempre no coração o Evangelho de Cristo e dia e noite falava com Deus.

Uma das características das virgens na comunidade cristã era e é o apego ao Evangelho, o anúncio da Boa-Nova feito não com a palavra pregada, mas com a Palavra vivida. “A pessoa virgem testemunha Deus com a sua simples virgindade, porque na Terra não existe razão para continuar virgem. O motivo é plenamente celestial.” As virgens são um testemunho evidente da presença de Deus entre os homens.

É esse talvez o aspecto mais saliente da figura de Santa Cecília, mesmo que de histórico sobre ela não saibamos quase nada. Deve ter sido martirizada no século III, em Roma, lugar onde surgiu em sua homenagem, mais tarde, uma basílica. A sua passagem efetivamente remonta ao século V ou VI e não dá garantias históricas.

DELA NOS CONTARAM…

Devia pertencer à nobre família dos Caecilii que, com seu prestígio e suas riquezas, foi de grande ajuda aos cristãos durante as perseguições. Talvez por esse motivo a jovem Cecília, depois do martírio, foi deposta num túmulo próximo ao dos bispos nas catacumbas de São Calisto ao longo da via Ápia. A Passio, rica de particularidades miraculosas, embora não conte a história real de uma pessoa, descreve bem o ambiente em que se movimentava a comunidade cristã de Roma sob as perseguições; revela também a estima que os cristãos tinham pela mulher, sobretudo pela virgem, em contraste com a mentalidade atual.

Naquele tempo, uma menina recém-nascida, para ter direito a sobreviver, precisava receber o consentimento paterno. Depois, permanecia sob o poder do pai até o casamento, quando recebia no marido, que lhe fora destinado pela família, o seu proprietário definitivo. Na comunidade cristã, em vez disso, uma mulher, mesmo que nascida de uma escrava, tinha o direito de viver e, assim que chegava à idade adulta, tinha o direito de casar-se ou de permanecer virgem, sem ser constrangida nem pelos genitores nem pelos pretendentes. Isso favorecia o matrimônio entre cristãos e incentivava também a escolha da virgindade pela elevada estima que esse estado de vida gozava entre os convertidos ao Evangelho.

Agir assim era relativamente fácil para as pessoas comuns, mas, quando se tratava de filhas de nobres, ricas e graciosas, sempre se apresentavam pretendentes até mais ricos e não raramente também prepotentes, aí os interesses familiares e as paixões humanas conspiravam juntos contra as exigências de liberdade da fé cristã, que, além de tudo, era uma religião proibida. Dessa forma era preciso entrar em ação a força extraordinária da fé que, não raramente, conduzia ao martírio, uma derrota aparente que com o tempo se transformou no triunfo do cristianismo.

Com essa chave de leitura podemos admirar a Passio de Cecília, escrita

dentro dos cânones do seu gênero literário.

A AVENTURA DE UM MATRIMÔNIO

Cecília tinha escolhido para si a virgindade, mas a sua beleza e a sua riqueza tinham atraído a atenção do jovem Valeriano, que a havia obtido como sua noiva. Tratando-se de duas pessoas nobres, ela não podia simplesmente transferir-se para a casa do esposo, as duas famílias teriam primeiro de fazer uma grande festa para fazer uma demonstração de sua riqueza e para estreitar os vínculos de amizade e parentesco.

Nesse meio tempo, Cecília teve a possibilidade de revelar ao seu noivo que ela era cristã e, além do mais, havia consagrado a Deus sua virgindade. Se diante do mundo era preciso exatamente celebrar a festa do casamento, que isso fosse feito, então, mas ele tinha de respeitar para sempre sua virgindade.

Valeriano, nobre de sangue, mas ainda mais de coração, ficou admirado e perplexo e fez notar que tal coisa lhe parecia absurda, ao que Cecília o advertiu de que se também tivesse querido um dia constrangê-la não o teria conseguido, porque ao seu lado estava sempre de vigia um anjo para sua defesa.

Aproximando-se o dia das núpcias, multiplicavam-se os longos encontros entre os dois e Valeriano foi primeiramente instruído na fé cristã e depois enviado de maneira muito secreta ao Papa Urbano, que vivia escondido próximo das catacumbas de São Calixto, e aí foi batizado.

Cecília lhe havia prometido que depois do Batismo teria podido contemplar o anjo que a protegia. Valeriano, saindo das catacumbas e voltando para ela, via todas as coisas com novos olhos e não sabia o que levar como presente naquele dia para Cecília. Por fim, decidiu levar-lhe a felicidade imensa que tinha no coração. Assim que foi introduzido em uma grande sala, lugar dos seus encontros, ali estava Cecília, belíssima, absorvida inteiramente em oração, cantando a Deus com as cordas mais íntimas do seu coração, enquanto que um anjo, que a vigiava, convidava-o a aproximar-se, colocava-lhe na cabeça uma coroa de rosas e colocava sobre a cabeça de Cecília uma coroa de lírios.

Recordou-se, então, do que Cecília lhe havia dito: Tenho um segredo, Valeriano, que te quero revelar: tenho um anjo de Deus que me ama e ele guarda com grande cuidado o meu corpo. Convenceu-se, então, de que a sua esposa pertencia a outro e que ele estava próximo do martírio. Foi invadido por uma paz do céu. 

A visão havia apenas desaparecido quando chegou Tibúrcio, irmão de Valeriano, talvez para participar dos preparativos da festa que pensava já iminente, e fez notar que na sala havia um perfume fortíssimo de rosas e de lírios, inexistentes naquela estação de outono. 

O irmão lhe revelou o mistério e exortou-o a preparar-se também para o Batismo. Depois de o ter catequizado, mandou-o para Urbano. Tibúrcio permaneceu com o Papa sete dias para completar sua preparação e depois foi imerso na água. Os três jovens eram já uma única alma e seus encontros tornaram-se mais frequentes, tendo muita coisa para comunicar entre si.

Entretanto, enfurecia-se a perseguição. O prefeito da cidade, Turcio Almachio, havia ordenado a destruição dos cristãos, que depois da morte eram abandonados insepultos nos campos romanos para ser devorados pelas feras selvagens. 

Cecília havia induzido os dois jovens nobres, que podiam se mover com certa liberdade, à piedosa tarefa de recolher de noite os mortos, dando-lhes uma digna sepultura. Para eles era uma honra tocar os corpos dos santos, mas, quando foram descobertos, foram levados diante de Almachio, asperamente censurados e açoitados.

Por respeito à sua família, o prefeito não quis aplicar a pena capital, mas houve quem lançasse os olhos sobre sua fortuna e seus bens e conseguiu fazê-los condenar à morte porque eram cristãos, depois da prévia expropriação dos bens.

Máximo, o corniculário, a máxima autoridade depois do prefeito, foi encarregado de conduzi-los acorrentados para campo aberto para realizar sacrifício a uma estátua Júpiter; no caso de recusa, seriam passados a fio de espada. Enquanto os conduzia para o suplício, o oficial ficou comovido pela idade juvenil de ambos e foi atingido pela inexplicável serenidade dos rostos deles e pela sua decisão irrevogável. Perguntou o motivo e foi preciso pouco para entender que os dois possuíam um tesouro que superava todas as riquezas deste mundo: a verdade que tudo liberta. Também ele passou, por sua vez, para o lado deles pedindo o Batismo.

O prefeito ficou estupefato e junto com os dois jovens fez perecer também o corniculário. Cecília, por meio de suas amizades bem situadas, obteve os corpos deles e os sepultou num mesmo túmulo, tendo sobre eles um baixo-relevo de uma fênix, símbolo da ressurreição.

UM PROCESSO FAMOSO ATÉ SE TORNAR LENDÁRIO

Os bens dos três mártires foram confiscados e a própria Cecília dessa vez foi intimada a apresentar-se ao tribunal. Dois litores foram buscá-la em sua casa e, encantados pela casta beleza dessa jovem e pela sua extraordinária sabedoria, limitaram-se a escoltá-la e foram conquistados para a fé cristã.

Dessa vez o Papa Urbano foi chamado às pressas à casa de Cecília, onde os litores tinham reunido também suas famílias para receber o Batismo. Só depois Cecília se fez acompanhar ao tribunal e convidada ao ritual de sacrifício aos ídolos, a que respondeu que teria sido melhor transformar aqueles simulacros em cal.

Almachio, vendo que nada conseguira daquela mulher jovem na idade, mas bastante decidida na sua vontade, e temendo que uma execução em público pudesse causar uma revolta da plebe cristã, ordenou que fosse reconduzida à sua casa e fechada em uma caldeira levando-a, nessa ocasião, a altíssima temperatura.

Depois de um dia e uma noite, os guardas receberam a ordem de abrir a caldeira para constatar a morte da jovem e eventualmente para abreviar-lhe com as armas a agonia, mas, com surpresa, encontraram-na bem e alegre, completamente adornada para festa. Um dos soldados feriu-a mortalmente no pescoço, abandonando-a nas mãos dos familiares.

Acorreram os cristãos e também o Papa com os seus diáconos e de noite transportaram-na para as catacumbas de São Calixto, dando-lhe sepultura perto das tumbas dos bispos de Roma.

Assim narra a piedosa tradição, mas, talvez tenham sido muitas as “Cecílias” anônimas que testemunharam com a virgindade e o martírio sua dignidade de mulheres e sua fecundidade de mães da Igreja.

Posteriormente, interpretando-se em sentido literal uma antífona litúrgica que diz “Ao canto do órgão, Cecília, voltada para o Senhor, orava: ‘Torne-se o meu coração imaculado para que não fique confundida’”, foi escolhida como padroeira da música e protetora dos músicos.

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