O termo “bênção” tem sua origem no latim “bene dicere” e significa dizer palavras de bom agouro, falar bem de alguém, elogiar. Daí derivam “bendizer”, “benzer”, “bênção”. No sentido religioso é a invocação da graça de Deus sobre uma pessoa ou, por extensão, para um objeto. Desse modo, já podemos perceber a importância de ser abençoado ou abençoar. Nós temos o costume de dizer “Deus te abençoe”, ou seja, pedimos que o próprio Deus abençoe alguém ou alguma coisa que queremos bem.
Em algumas famílias é comum os pais, tios e padrinhos abençoarem seus filhos, sobrinhos e afilhados. Nas igrejas é muito comum pedir “Sua bênção, padre”. A própria liturgia tem vários momentos em que se utiliza o rito de alguma bênção: das famílias, da água, do sal, dos noivos, dos animais, do local de trabalho, do meio de transporte, a bênção final da Missa etc.
No Livro de Números temos um relato do próprio Deus dizendo a Moisés como se deveria proceder com a bênção: “O Senhor disse a Moisés: ‘Dize a Aarão e seus filhos o seguinte: Eis como abençoareis os filhos de Israel: O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor te mostre a sua face e conceda-te sua graça!
O Senhor volva o seu rosto para ti e te dê a paz!’. E assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e eu os abençoarei” (Nm 6,22-27).
No Novo Testamento, também temos passagens bíblicas nas quais Jesus abençoa. Ele abençoa os pães e peixes: “Então, tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, abençoou-os” (Mc 6,41). Ele também impôs as mãos e abençoou as crianças (cf. Mc 10,16). Na instituição da Eucaristia, na Última Ceia, com seus discípulos, “Durante a refeição, Jesus tomou o pão e, depois de o benzer, partiu-o e deu-o a seus discípulos, dizendo: ‘Tomai, isto é o meu corpo’” (Mc 14,22). Jesus pede aos seus discípulos: “Abençoai os que vos maldizem e orai pelos que vos injuriam” (Lc 6,28). Antes de voltar à casa do Pai, no dia da sua ascensão, abençoou seus discípulos: “Os levou para Betânia e, levantando as mãos, os abençoou. Enquanto os abençoava, separou-se deles e foi arrebatado ao Céu” (Lc 24,50).
Podemos perceber que, do Antigo ao Novo Testamento, situações de bênçãos não faltam nos relatos bíblicos. O próprio Deus ensinou Moisés e Aarão como deveriam abençoar, Jesus abençoou e pediu que seus discípulos abençoassem. Nós também devemos pedir as bênçãos de Deus em nossa vida e na vida do nosso próximo. Desejar e pedir “Deus te abençoe” é desejar o que há de melhor na vida de alguém.
A bênção nos abre e nos prepara para as maravilhas dos planos de Deus, como nos relata São Paulo: “Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do Céu nos abençoou com toda a bênção espiritual em Cristo” (Ef 1,3-4).
Quando Deus chamou e deu uma missão a Abrão, mais tarde chamado Abraão, disse a ele: “Farei de ti uma grande nação; eu te abençoarei e exaltarei o teu nome, e tu serás uma fonte de bênçãos” (Gn 12,2). Essa bênção concedida a Abraão se propaga para todo o povo de Israel e tem sua plenitude em Jesus Cristo, o Filho de Deus. Jesus, então, é a bênção máxima de Deus Pai para cada um de nós.
Nós também somos abençoados e chamados a ser fontes de bênçãos. Em qualquer lugar as bênçãos de Deus estarão conosco e poderemos ser canais dessa bênção para todos aqueles que nos rodeiam.
Logicamente, não poderia concluir esse artigo sem deixar de dizer “Deus te abençoe!”.