Quando pensamos na pessoa do catequista, logo vem a nós a imagem de pessoas maduras na fé, capazes de transmitir as verdades dela com palavras e atitudes. A experiência pessoal do encontro com Jesus Cristo, sua vida de oração e sua integração com a comunidade são conteúdo de uma catequese que fala da alegria de viver e testemunhar a fé cristã.
O Diretório geral para a catequese (cf. 237) fala da necessidade de catequistas que sejam, ao mesmo tempo, mestres, educadores e testemunhas, para que possam crescer no respeito e no acolhimento de seus catecúmenos e catequizandos. Assim, todo catequista que vive a dimensão apostólica de seu ministério identifica-se com Jesus para conhecer e viver o projeto de evangelização ao qual foi chamado. “O melhor modo de alimentar essa consciência apostólica é o de identificar-se com a figura de Jesus Cristo, mestre e formador dos discípulos, procurando tornar próprio o zelo pelo Reino, que Jesus manifestou.” (Diretório geral para a catequese, 239)
Jesus, grande modelo para seus discípulos, anunciava o Reino de Deus como possibilidade de uma vida com mais sentido. Falava de um reino de justiça e de fraternidade. Vivemos num mundo com situações justas e injustas, não podemos cair nas armadilhas da violência e da indiferença ao próximo. Uma catequese que prepara o coração da pessoa para o acolhimento do Evangelho precisa contar com o especial empenho de zelosos catequistas para a sensibilização da fé em vista da conversão e da vida comunitária.
Uma linda lição deixada por Cristo e que ficou registrada na vida da comunidade dos discípulos e de uma grande multidão que o escutava foi a realização do milagre do amor, narrado pelo evangelista Marcos, quando Jesus saciou a fome de 5 mil homens com apenas cinco pães e dois peixes (cf. Mc 6,38). Com essa atitude, Jesus convida seus discípulos para a experiência do amor de Deus e do amor ao serviço do Reino. Ele derruba a barreira para a solidariedade. Ao acolher e alimentar aquela multidão, o Bom Pastor ensinou que todos podem abrir a mente e o coração para oferecerem o pouco que têm e superarem as próprias limitações em vista da comunhão.
“A consciência das próprias limitações não pode desencorajar o catequista de acolher o chamado ao serviço; antes, a esse chamado se pode responder confiante na relação viva com o Senhor, no desejo de viver a vida cristã com autenticidade, e generosamente colocando à disposição da comunidade os ‘cinco pães e os dois peixes’ (Mc 6,38) de seus carismas pessoais.” (Diretório geral para a catequese, 138) Eis a lição: saber que o pouco, colocado em comum com amor, pode ser o suficiente para o compromisso de testemunhar a fé, a esperança e o amor-caridade. Nisso consiste o sentido do seu ministério e a confirmação do seu “sim”.
Voltando à cena narrada por Marcos, encontramos uma grande multidão sedenta de vida nova, mas o texto fala da hora que avança e a preocupação dos discípulos: “Este lugar é deserto, e já é tarde. Despede-os, para irem aos sítios e aldeias vizinhas a comprar algum alimento” (Mc 6,35-36). Jesus sentiu compaixão porque aquele povo caminhava como ovelhas sem pastor.
Na catequese, a nossa preocupação não pode ser o tempo, se chegaram sem conhecimento ou experiência de fé, se já sabem rezar ou não, mas, sim, qual a motivação dos catequizandos.
O que estão procurando? O Evangelho nos fala que, ao ver a multidão, Jesus começou a ensinar (cf. Mc 6,34) sem nenhuma preocupação, apenas amor. Não podemos cair na tentação de despedir os que chegam, sem acolhimento e instrução. “Dai-lhes vós mesmos de comer”, disse Jesus (Mc 6,37).
Vamos refletir:
- Onde está a nossa disponibilidade de amar sem medidas?
- Como anda a nossa disponibilidade de partilhar o que temos e o que somos?
- Temos anunciado a Boa-Nova com alegria?
- Queremos abrir nosso coração para oferecer a nossa experiência de Deus como alimento? Para testemunhar nossa espiritualidade e nossa participação na vida da comunidade?
Amor, dedicação, criatividade, perseverança, conhecimento, interação, alegria: aqui estão os cinco pães e dois peixes que podemos encontrar.
Vamos convidar nossos catequizandos e famílias para se sentarem ao redor da Palavra, para caminharem firmes no processo de iniciação à vida cristã. Vamos caminhar com eles e juntos sentarmo-nos para a partilha da Palavra de Deus e da vida de fé.
O caminho da fé, vivido na partilha de dons e de carismas, amadurece a vida no seguimento de Jesus e a identidade de catequista. A catequese de Jesus, com sua comunidade, mostrou-nos que é muito importante a nossa dedicação na interação fé e vida em nosso ministério, tanto para o nosso crescimento pessoal como na dimensão comunitária de nossa vida em Cristo.
Catequistas, caminhemos juntos!