Estimado(a) leitor(a) da Revista Ave Maria, começo nossa reflexão mensal de dezembro, mês em que celebramos o Natal do Nosso Senhor, Jesus, a grande promessa de Deus que se cumpre no tempo e no espaço. A encarnação do Verbo Divino é uma realidade e não uma utopia.
A expectativa pelo nascimento de Jesus toma conta de nossos corações e de nossas famílias. Acontece nesse período um movimento interno de busca pela confiança e uma realidade externa de alegria. O mês de dezembro torna-se especial, justamente, por conta de todo esse movimento em nossas famílias, que se preparam para a celebração do Natal a partir das montagens dos sinais, isto é, presépio, árvore de Natal, guirlanda e luzes decoram e proporcionam um tempo de paz nas famílias.
Estamos atravessando tempos difíceis nos últimos anos da nossa história, que geram em nós os sentimentos de angústia, dúvida e desespero. Uma pergunta se faz necessária: em que (ou em quem) estamos depositando a nossa esperança? No Senhor, que é o nosso único Salvador, ou nas coisas mundanas, incapazes de nos salvar?
Você e sua família não podem perder a confiança em Deus. Ele, sim está sempre ao nosso lado, como um pastor que cuida das suas ovelhas: “Como meu Pai me conhece e eu conheço o Pai. Dou a minha vida pelas minhas ovelhas” (Jo 10,15). Se estamos na escuridão, devemos buscar a luz. A luz é Jesus, que guia nossos passos e nos conduz à alegria plena e verdadeira.
Como devemos buscar a luz? Sendo “alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração” (Rm 12,12). Como nos diz Santo Agostinho, “O pecado é a tua tristeza, deixa que a santidade seja a tua alegria”
“Sede alegres na esperança” (Rm 12,12): na nossa caminhada, em busca da santidade e em direção ao Céu, deparamos com as mais variadas adversidades, que são próprias da nossa condição humana e da nossa caminhada cristã. O motivo da nossa esperança é concreto, alcançável e palpável: é o próprio Jesus. Em Cristo somos mais que vencedores (cf. Rm 8,37) e, por isso, ao esperar nele nos alegramos, na certeza de que jamais seremos abandonados ou desamparados. Ele é o Deus conosco, aquele que nos ama com eterno amor e nada e nem ninguém pode nos apartar do seu amor.
O desespero é fruto da perda da esperança. Uma pessoa madura na fé é uma pessoa que crê, ama e espera. Mesmo sofrendo é preciso continuar lutando e acreditando em dias melhores.
Esperança não é expectativa e nem um mero estado de ânimo. Esperar vai muito além do que nossas capacidades humanas podem supor. A esperança é a virtude teologal (virtudes infundidas por Deus na alma dos fiéis para torná-los capazes de agir como seus filhos e merecer a vida eterna, cf. Catecismo da Igreja Católica, 1.813) pela qual desejamos o Reino dos Céus e a vida eterna como nossa felicidade, pondo toda a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos, não nas nossas forças, mas no socorro da graça do Espírito Santo (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1.817).
Apesar de ser uma graça que nos é dada por Deus, por meio do Espírito Santo, cabe a nós desejá-la, buscá-la e nutri-la. O profeta Jeremias exalta essa virtude dizendo “Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor” (Jr 17,7). O verdadeiro cristão não só vive e pratica a virtude teologal da esperança, mas é, ao mesmo tempo, convidado a estar sempre pronto a dar a razão de sua esperança a todo aquele que a pedir (cf. 1Pd 3,15).
É a virtude da esperança que nos leva a buscar a Deus sem cessar e sem trocá-lo por nada nesta vida: “É na conversão e na calma que está a vossa salvação; é no repouso e na confiança que reside a vossa força” (Is 30,15).
Pacientes na tribulação: a paciência é um fruto da ação do Espírito Santo em nós, que consiste em suportar, com propósitos e consolação, os dissabores e infelicidades na nossa vida. É a serenidade necessária para esperar algo que, aos nossos olhos humanos, tarda, portanto, pela fé somos exortados a aguentar firmes, não por nossas próprias forças, mas pela ação poderosa do Espírito Santo. Diante das tribulações, algumas pessoas, assim como famílias, rebelam-se contra Deus, abandonam a fé e entregam-se à murmuração, à tristeza profunda e à desesperança. A nossa natureza humana não nos ajuda no exercício da paciência e ajuda menos ainda quando estamos passando por uma tribulação.
A tribulação é muito proveitosa para nós, cristãos, pois nela adquirimos a constância na oração e uma maturidade maior na fé. Ser paciente significa também não se irritar, não se enfurecer e não faltar com o amor. A paciência é um fruto excelente para o nosso relacionamento com os irmãos. Ensinam-nos os Provérbios: “O homem irado provoca disputas; o homem paciente acalma a briga” (Pr 15,18). Ser forte na tribulação é viver esse momento firme e fiel a Deus, mesmo que tudo esteja desmoronando. Não podemos vencer as situações com o mal, mas podemos vencer o mal com o bem! São Felipe Neri disse: “Quem se impacienta com a cruz, achará uma outra mais pesada”.
Todo impaciente é imaturo e a impaciência não diminui o tempo de resolução dos problemas. “Perseverantes na oração”: São João da Cruz disse que o demônio teme a alma unida a Deus como ao próprio Deus, isto é, a oração nos torna íntimos do Senhor, verdadeiros amigos seus. A oração é a atitude espiritual dos que creem. O próprio Deus assim nos ensina na parábola da viúva perseverante: “Por acaso não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que estão clamando por Ele dia e noite? Porventura tardará em socorrê-los?” (Lc 18,7). O mesmo texto esclarece o motivo dessa parábola: “Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo” (Lc 18,1). Entretanto, ao apresentar a parábola, Jesus nos faz uma pergunta instigante: “Mas, quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?” (Lc 18,8). Tal qual é o alimento para o nosso corpo, assim é a oração para o nosso espírito. É pela oração que mantemos nossa alma vigilante e facilitamos a ação santificadora do Espírito Santo em nós.
Busquemos em nós, assim como em nossas famílias, o caminho deixado por São Paulo Apóstolo, que nos mostra os frutos da tribulação vencidos na fé e na esperança: “Não é só isso, mas nos gloriamos até das tribulações. Pois sabemos que a tribulação produz a paciência, a paciência prova a fidelidade e a fidelidade, comprovada, produz a esperança. E a esperança não engana” (Rm 5,3-5). Sendo assim, cultive em sua casa e nos relacionamentos familiares sinais de esperança e fé.