A LINGUAGEM DA FÉ E DA CONVERSÃO COMO CAMINHO DE SALVAÇÃO

Estimado(a) leitor(a) da Revista Ave Maria, começo nossa reflexão mensal de abril propondo uma compreensão sobre a linguagem da fé e da conversão como caminho de salvação para todos nós, sobretudo das nossas famílias. 

“A fé é a firme garantia do que se espera, a prova do que não se vê.” (Hb 11,1): como se vê na leitura proposta, pela fé Abel, Enoc, Noé, Abraão e Sara tiveram um testemunho de vida que nos mostra como eles acreditaram e buscaram uma pátria melhor para viver com suas famílias, uma pátria celeste, mesmo sem conhecê-la. Assim se pauta a nossa fé, acreditar que a salvação existe, que ela vem por meio de Jesus, pela forma como Ele nos ensinou a viver. É como comprar um terreno e construir uma casa e acreditar que lá será o melhor para você e sua família viverem, só que você não conhece o terreno e a casa pessoalmente, vai pesquisando, conhecendo e comprando todo o material de construção e entregando para o construtor, que é Deus, e acredita que Ele lhe fará a melhor casa de todas. E como você sabe disso? Porque Jesus e toda a Sagrada Escritura lhe contaram! E como você consegue todo esse material de construção? Por meio da conversão.

Se você reconhece a existência de Deus e acredita que o seu lugar é o Céu e é lá que quer morar, precisa construir o seu caminho até esse lugar. Para alcançar a salvação é preciso haver conversão, uma mudança de dentro para fora, que começa quando nos encontramos com Cristo vivo e lhe entregamos o controle de nossas vidas (cf. Gl 2,20).

Conversão é uma mudança total de direção, é dar as costas e deixar para trás tudo o que é incompatível com Deus e com seu plano de amor, mas essa mudança não depende somente de nós: primeiro, parte de Cristo e por meio dele, passa pela nossa colaboração (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1993). 

Uma vez que Cristo vive em você pela fé, as suas obras devem confirmar essa presença divina. Não são as boas obras que fazem com que Cristo more em você, mas a entrada de Cristo em sua vida que o leva a produzir boas obras (cf. Ef 2,10). A questão fundamental da conversão é permitir que Jesus nos dê uma visão nova da vida. Conversão é, acima de tudo, mudança de mentalidade e não de obras, é mudança de critérios e não de hábitos: “Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a Ele” (Rm 12,2).

O processo de conversão muitas vezes pode ter um marco, como um retiro, Missa, pregação, testemunho etc., porém, a caminhada é diária. Todos os dias buscamos nos voltar mais para o Senhor. 

Seguem alguns passos para a sua conversão e da sua família:

  • Reconhecimento do pecado: somente a luz do Espírito Santo pode dar-nos a consciência do pecado. De outro modo, reduz-se a um sentimento de culpa ou de comparação de nossas ações com uma lista de pecados. “Ele convencerá as pessoas do mundo de que elas têm uma ideia errada a respeito do pecado e do que é direito e justo e também do julgamento de Deus” (Jo 16,8); 
  • Arrependimento: o arrependimento é uma dor no coração e abominação ao pecado acrescido de um propósito de não mais pecar. Arrependimento é diferente de remorso, que se centra em si mesmo, e de complexo de culpa ou medo de castigo. Uma vontade decidida em romper com o pecado e situações de pecado, tal é a realidade da pessoa arrependida. “Cheguem perto de Deus e Ele chegará perto de vocês. Lavem as mãos pecadores! Limpem o coração, hipócritas! Fiquem tristes, gritem e chorem. Mudem as suas risadas em choro e a sua alegria em tristeza. Humilhem-se diante do Senhor, e Ele os colocará numa posição de honra.” (Tg 4,8-10);
  • Confissão dos pecados: precisamos reconhecer e confessar explicitamente nossos pecados a Deus (cf. Sl 32). Isso inclui renunciar a todas as obras do mal que praticamos e renunciar, por exemplo, às crenças que depositamos em falsas religiões e falsos deuses e tantas outras práticas que muitas vezes encontramos em nosso meio tão pouco evangelizado (cf. Hb 13,9). Além do exame que fazemos de nossa consciência, da acusação dos nossos pecados a Cristo e do propósito de não mais cair, como membros do corpo de Cristo que somos, temos que reatar com os irmãos de nossa comunidade de vida.

A Palavra do Senhor nos ensina que a confissão não se limita a falar com Cristo, porque o pecado, além de afetar nossa relação com Deus, afeta também nossa relação fraterna, daí a necessidade de praticar o que ordena a Palavra: “Essa oração feita com fé salvará a pessoa doente. O Senhor lhe dará saúde e perdoará os pecados que tiver cometido. Portanto, confesse os seus pecados aos outros e façam orações uns pelos outros, para que vocês sejam curados. A oração de uma pessoa obediente a Deus tem muito poder” (Tg 5,15-16).

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