28 DE ABRIL
MÁRTIR E PATRONO DA OCEANIA
(1803-1841)
Pedro Chanel nasceu em Cuet, nos arredores de Bourg-en-Bresse, então Diocese de Lyon, na França, aos 12 de julho de 1803, de uma família abastada.
Quando frequentava a escola elementar, chamou a atenção do pároco, que teve um cuidado especial para com ele, pensando em endereçá-lo ao sacerdócio.
Aos 15 anos, Pedro fez a Primeira Comunhão e nesse momento sentiu a vocação missionária. Dois anos depois, entrou para o seminário menor e levou avante seus estudos sem dificuldade. Quando, em 1823, um dos seus professores partiu como missionário para a América do Norte, ele, com outros dois companheiros, queria acompanhá-lo, mas não lhe foi possível porque ainda deveria estudar Filosofia por mais um ano.
Naquele ano, o departamento de Ain foi separado de Lyon e constituiu-se a Diocese de Belley, onde se difundia a fama do santo curador que realizava maravilhas em Ars, uma das pequenas paróquias da nova diocese. Pedro, ao terminar os estudos de Teologia no seminário maior de Bourg, foi ordenado sacerdote aos 15 de julho de 1827 e logo em seguida pediu ao seu bispo para deixá-lo partir para as missões. Este lhe respondeu que a nova diocese era tão pobre de clero e tão necessitada de evangelizadores que ele podia muito bem se exercitar sendo missionário em sua própria terra, ao menos por ora.
SEU CORAÇÃO ESTAVA NAS MISSÕES
Desenvolveu, então, sua atividade pastoral na diocese como vigário e depois como pároco, suscitando entre os leigos o espírito missionário em plena sintonia com o Papa, que em 1829 oficialmente recomendava a todos os católicos que colaborassem com a propagação da fé. Nesse mesmo tempo, Pedro continuava a cultivar a ideia de poder um dia partir para as missões.
Nesse ínterim, juntava-se um grupo de sacerdotes diocesanos dispostos a partir para as missões e se empenhavam mais profundamente na prática da pobreza, da castidade e da obediência. Chamavam-se Sociedade de Maria ou maristas e constituíam uma associação diocesana com um responsável escolhido pelo bispo. O criador da sociedade era o sacerdote João Cláudio Colin, que simultaneamente fundava também as irmãs maristas.
No verão de 1833, o fundador foi a Roma para pedir a aprovação pontifícia do novo instituto e para colocá-lo à disposição da Santa Sé para as missões. A aprovação foi dada e à nova congregação foi indicada como terra de missão a Polinésia. Pedro Chanel, que acompanhava Colin, foi logo inscrito
na lista do primeiro grupo que partiria.
Retornados a Belley, os maristas se reuniram em capítulo e no dia 24 de setembro de 1836 elegeram Colin seu superior-geral, fazendo votos em suas mãos. Eram dezenove, entre sacerdotes e irmãos leigos. No fim daquele mesmo ano, o primeiro grupo, com Ppadre Pompallier como vigário apostólico e Padre Pedro como pró-vigário, partia para a Polinésia. Depois de uma viagem cheia de aventuras, que os obrigou a mudar continuamente o programa, acabaram-se dividindo em dois grupos: Padre Pompallier com outros ficou na ilha de Wallis e Padre Pedro e Irmão Maria Nicézio, no dia 12 de novembro, desembarcaram na ilha de Futuna.
OS ANOS DIFÍCEIS NA ILHA DE FUTUNA
Eles ficaram admirados com a beleza natural da ilha, dividida em duas partes por uma montanha que tinha separado geograficamente duas tribos rivais. O cristianismo até então não tinha chegado lá, mas na ilha já se havia estabelecido um comerciante inglês que, por seus interesses particulares, alimentava a luta entre as duas tribos. Apenas três meses depois que eles chegaram, estourou uma verdadeira guerra entre elas. O rei da tribo mais forte, Niuliki, não querendo que os missionários permanecessem no território de seus adversários, obrigou-os a vir habitar primeiro a sua casa e depois uma habitação próxima, exercendo forte controle sobre eles.
Foram anos difíceis, seja pelas dificuldades que encontravam junto aos chefes, seja também porque não conseguiam falar bem a língua indígena. Em compensação, sua bondade, seu espírito de serviço, sobretudo com os doentes, e a própria liturgia exerciam forte atração sobre o ânimo popular e de modo particular sobre a juventude. Em fevereiro de 1839, um ciclone arrasou a
ilha com enormes danos e obrigou as duas tribos a uma trégua, o que permitiu aos missionários uma maior liberdade de movimento. Da ilha de Wellis veio para ajudar outro padre e Pedro, que então já conseguia se comunicar melhor na língua do lugar, fez algumas pregações e conseguiu as primeiras conversões.
Infelizmente, a trégua durou pouco. O padre que tinha vindo para ajudar partiu para Wellis; em Futuna, a tribo tradicionalmente mais forte, com a batalha final de 10 de agosto de 1839, desencadeou uma terrível carnificina contra a tribo mais fraca. Embora os missionários estivessem sempre sob o controle dos vencedores e contra eles não houvesse nenhuma acusação de traição, sua vida foi-se tornando cada vez mais difícil.
Os chefes, festejando a vitória, atribuíram-na aos seus deuses e, querendo restaurar os antigos usos tribais, viam nos missionários adversários perigosos portadores, segundo eles, de novidades exóticas que suscitavam a inveja dos antigos deuses da região.