O acolhimento acontece nos espaços e nos abraços.
Quando a catequese acolhe para a fraternidade, revela a presença de Jesus, amigo da comunidade de fé. Assim, devemos construir uma catequese acolhedora e fraterna, em que todos tenham a liberdade de interagir com a comunidade e cresçam no relacionamento como irmãos e irmãs, discípulos(as) missionários(as) de Jesus.
A vida dos discípulos de Jesus foi uma experiência de acolhimento e de pertencimento, uma vida moldada pela presença generosa de Jesus e pela disponibilidade do Mestre, que não se cansava de ensinar sua comunidade, dizendo “olhem” (cf. Lc 12,27), “venham” (cf. Jo 1,39), “escutem” (cf. Mt 15,10), “digam” (cf. Mt 11,4-5), “sejam” (cf. Mt 5,48), “deixem” (cf. Lc 18,16), “recebam” (cf. Jo 20,22) e “orem” (cf. Lc 22,40). Esses e tantos outros ensinamentos fortaleceram o processo formativo dos primeiros discípulos de Jesus.
Para formar uma comunidade de amor e de fé, Jesus favoreceu um aprendizado constante enquanto caminhou com seus seguidores. A amizade foi crescendo e todos foram acolhendo com confiança a palavra de Jesus, grande catequista da Palestina. Certamente, os discípulos tiveram dificuldades para entender as mensagens de Jesus, em suas palavras e atitudes, mas não desistiram de acompanhar seus passos por onde Ele conduzia o seu grupo de amigos.
A catequese pode aproveitar o espaço da comunidade para promover um itinerário formativo e fraterno. Os catequizandos, quando exploram os espaços da paróquia, conhecem melhor a dinâmica de vida da comunidade, pois o acolhimento acontece nos espaços e nos abraços. Precisamos abrir as portas da Igreja para os nossos catequizandos e suas famílias, levá-los ao centro da vida comunitária, do altar aos outros espaços – celebrativos, solidários, coletivos, festivos e até administrativos –, afinal:
- como queremos que os catequizandos façam parte da comunidade sem que eles conheçam a própria casa? Como os pais ou responsáveis terão confiança em deixar os filhos crianças, adolescentes ou jovens num lugar desconhecido, fechado ou não acolhedor?
- quais são as iniciativas para aproximarmos as famílias da vida da comunidade?
- os espaços e as pessoas que estão nas lideranças pastorais estão colaborando para a experiência do amor fraterno e acolhedor?
O que podemos fazer?
Catequista, seja uma ponte para essa interação e integração de todos os envolvidos no processo de iniciação à vida cristã. Quando não promovemos a comunhão, algo errado está acontecendo. O que experimentamos de bom na vida cristã, precisamos testemunhar com alegria e muita esperança.
Temos muitas dificuldades na convivência, mas devemos identificar o que nos impede de crescer na fé e na fraternidade. O primeiro passo é não termos medo de projetar a vida de fé com mais confiança e esperança em Deus; essa lição está registrada nos evangelhos como testamento de Jesus.
Outro passo que podemos dar é buscarmos a força interior, que vai nos possibilitar a continuidade da missão iniciada por Jesus. Isso conseguiremos por meio da oração e do perdão, canais da graça e do amor de Deus.
Outro passo, não menos importante, é lançarmos um olhar abrangente para a nossa comunidade, reconhecendo o seu potencial de transformação para ser sinal do Reino.
Caminhemos confiantes na verdade de que Deus vê a nossa miséria humana, mas, cuida dela. Ele sente ser tocado com a nossa fé quando atualizamos o gesto da mulher hemorrágica, apresentada no Evangelho. Como uma pessoa que diante da dor de ter perdido quase todo seu sangue e quase toda sua força vital, aquela mulher resgata a sua significância como ser humano ao tocar o manto de Jesus e ser novamente vista e acolhida por Ele (cf. Mc 5,34).
Vamos olhar para os nossos catequizandos como pérolas que cultivamos na vida de nossas comunidades. Eles merecem toda a nossa atenção e toda a nossa dedicação em servir com amor.
Vamos guardar as doces palavras de uma mulher simples e de fé, que um dia disse “Não sei se a vida é curta ou longa demais pra nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido se não tocamos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia…” (Cora Coralina, 1889-1985).
Continuemos juntos na missão!