SER IGREJA, ESCUTAR A IGREJA

No início de suas Confissões, Santo Agostinho faz uma oração: “Senhor, faz com que eu saiba e compreenda se devo invocar-te primeiro ou louvar-te, se primeiro devo conhecer-te ou invocar-te”. Pedro, em sua primeira epístola, exorta os cristãos a saberem dar as razões de sua fé a quem os solicitar (cf. 1Pd 3,15). Por fim, vale a pena ressaltar a famosa frase de Santo Anselmo: “Fides quaerens intellectum” (“A fé busca seu entendimento”).

Desde os primeiros séculos, os cristãos buscaram entender em que acreditavam (fides quae – qual o objeto da nossa crença), enquanto, concomitantemente, a Igreja sistematizava progressivamente seu entendimento, iluminada pelo Espírito Santo, positivando-o por meio dos concílios, do símbolo apostólico e de seus pronunciamentos oficiais. Costumamos falar da “riqueza” de ser católico porque, de fato, cada fiel recebe um tesouro, que é o depositum fidei (depósito da fé) proclamado, organizado e clarificado ao longo da história da Igreja.

Por isso, não basta a fé subjetiva (fides qua), que é o ato pessoal de afirmar “Eu creio!”. É necessário saber em que cremos, escutar a santa mãe Igreja como filhos obedientes, por isso o cristão precisa ser discípulo: colocar-se aos pés do Mestre e haurir de sua sabedoria, conhecer as Sagradas Escrituras, o Catecismo da Igreja Católica, que é uma síntese do ensinamento da Igreja, os documentos do magistério, as fontes patrísticas, as vidas dos santos e seus escritos, as obras teológicas, estudar a liturgia… Ficar nos “achismos” ou seguindo “gurus da moda” é caminho que conduz ao afastamento da unidade da Igreja, a um criticismo ácido que rouba a alegria de ser católico. 

Conhecer a nossa fé é percurso apaixonante e sem volta e cada vez mais os leigos estão se empenhando, estudando, desenvolvendo com mais consciência e amor seu apostolado. Assim, contra as ondas do relativismo, a barca da Igreja navega proclamando corajosamente a verdade. 

“Quando a fé esmorece, há o risco de esmorecerem também os fundamentos do viver.” (Francisco, Carta Encíclica Lumen Fidei, 55)

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