Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo (cf. Jo 18,33b-37)

O texto faz referência ao momento em que Jesus é interrogado e julgado por Pilatos. O julgamento ocorre no palácio, onde o prefeito romano reside quando Ele vem a Jerusalém. Acaba de amanhecer. Pilatos ocupa o assento de onde pronuncia suas sentenças. Jesus está de mãos atadas como um criminoso. Lá estão eles frente a frente: o representante do império mais poderoso e o profeta do Reino de Deus.

Esses poucos versículos ajudam-nos a aprofundar a história da paixão. Jesus está em um lugar fechado e isolado, onde está sozinho, face a face com Pilatos, o pretório. Aí Ele é interpelado, responde, pergunta, continua a revelar o seu mistério de salvação e chama-nos a ouvi-lo. Jesus se mostra como rei e como pastor; Ele é amarrado e coroado em sua sentença de morte; Ele nos conduz à verdade. A passagem faz parte de um relato maior, indo dos versículos 28 ao 40 de João e contando o julgamento de Jesus perante o governador Pilatos. Depois de uma noite de interrogatórios, espancamentos, desprezo e traições, Jesus é entregue ao poder romano e condenado à morte, mas, precisamente nessa morte Ele se revela Rei e Senhor.

“O meu Reino não é deste mundo” (Jo 18,36): Jesus não é rei no estilo que Pilatos pode imaginar. Ele não pretende lutar com Tibério pelo poder imperial, não pertence àquele sistema de governo sustentado pela injustiça e pela mentira, não depende da força das armas. Não pertence a nenhum sistema injusto deste mundo, não pretende ocupar nenhum trono, não procura poder ou dinheiro. Sua realeza tem um fundamento completamente diferente, que é o amor de Deus pelo mundo. Então Ele acrescenta algo muito importante: “Eu sou rei… e vim ao mundo para ser testemunha da verdade” (Jo 18,37). É neste mundo que Ele quer exercer sua realeza, mas de uma nova maneira. Não vem para governar como Tibério, mas para ser uma “testemunha da verdade”, introduzindo o amor e a justiça de Deus na história humana. Essa verdade que Jesus traz consigo é um apelo que pode transformar a vida das pessoas porque é uma verdade libertadora, capaz de tornar a nossa vida mais humana. É um erro pensar que a afirmação “meu Reino não é deste mundo” se refere a um Reino que se situa apenas em um plano religioso e espiritual, que nada tem a ver com a realidade temporal, com a história concreta de cada dia. Isso não corresponde a todo o Evangelho. Jesus, então, não fala de uma separação entre coisas espirituais e coisas temporais (do mundo), mas entre dominação violenta e serviço. O Reino de Jesus não é como aquele que Pilatos conhece, um reino de injustiça, privilégio e dominação; seu Reino é um reino de amor, de liberdade, de justiça e de serviço.

Jesus, o rei amarrado e entregue. O “dom de Cristo” é uma realidade que nos fala de Deus e da própria vida de Jesus e de suas escolhas. Nas páginas das Escrituras, parece que é o próprio Pai que dá o seu filho, Jesus, como dom para todos. Romanos 8,32 diz: “Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas que por todos nós o entregou, como não nos dará também com ele todas as coisas?”. Ao mesmo tempo, porém, é o próprio Jesus, na suprema liberdade do seu amor, em íntima união com a vontade do Pai, que se doa por nós, que oferece sua vida. São Paulo diz: “Cristo, que nos amou e por nós se entregou a Deus como oferenda e sacrifício de agradável odor” (Ef 5,2). Mas há também estas palavras de Jesus: “O Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou de mim mesmo e tenho o poder de a dar, como tenho o poder de a reassumir. Tal é a ordem que recebi de meu Pai” (Jo 10,17-18). Portanto, antes de qualquer outra doação, existe essa doação voluntária, que é a doação de amor e a doação.

Pilatos não vê na resposta de Jesus uma negação de seu reinado. Ele deduz e insiste: “Portanto, tu és Rei” (Jo 18,37). O Senhor o aceita sem se esquivar: “Sim, como dizeis, eu sou Rei” (Jo 18,37). É por isso que Ele veio ao mundo, para criar um mundo de paz e fraternidade, de justiça e respeito pelos direitos de todos, de amizade com Deus e entre todos. Esse é o seu Reino, que entra na história humana. Um reinado que “não terá fim”, que não é apenas para o futuro, mas que está presente a partir de agora. Reino cuja plena chegada pedimos na oração do Senhor. Dessa verdade, da verdade do Reino, Jesus é testemunha, mensageiro e construtor.

O seguidor e a seguidora de Jesus são “testemunhas”. Aqueles de nós que seguem Jesus precisam viver a verdade do Evangelho, comunicar a experiência de Jesus que muda nossas vidas e colocar a verdade de Jesus em todos os lugares. Buscar atrair outras pessoas pela Boa-Nova (Evangelho). Isso ocorrerá quando as pessoas virem que o nosso rosto se assemelha ao de Jesus, que a nossa vida faz lembrar a sua.

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