Musicalidade do Espírito Santo

Musicalidade e espiritualidade andam juntas. Nosso espírito, nosso mundo psíquico, nossa mente não se organizam sem uma escuta equilibrada e disposta. Para escutar é necessário disposição, ou melhor, colocar-se em posição – interna e externa – de realização da escuta. Do contrário, o risco de viver num mundo idealizado, imaginário e muitas vezes alucinado é muito grande. O que adiante ter ideias lindas sem nenhuma realização, isto é, sem transformá-las em realidade? A escuta só é verdadeira quando é viva! Ela vem de dentro ao encontro do outro e, dessa forma, “(…) onde dois ou mais estiverem reunidos, eu estarei no meio deles” (Mt 18,20).

Musicalidade é também o encontro da música interior com a música e os sons externos, ou seja, a presença do outro, do diálogo, daquele que diversifica e nos convida a sair, ir ao encontro. A música é para ser ouvida, escutada, contemplada. Quem toca, toca porque ouve e toca para o outro ouvir. Em seu livro O poder do silêncio, Eckhart Tolle escreve: “A verdadeira inteligência atua silenciosamente. A calma é o lugar onde a criatividade e a solução dos problemas são encontradas”. Na liturgia só pode haver espaço para amor, calma e beleza!

A música sacra deve ser trabalhada como a arqueologia, que descobre o objeto de origem com paciência, inteligência e cuidado. O Espírito Santo está pronto dentro de cada ser humano desde a origem da criação até a eternidade. O Espírito Santo é inteligência. O trabalho do coração é descobrir esse espírito por meio da beleza e do amor. Maurício Meschler, no livro O dom do Pentecostes, diz que “a Eucaristia é a obra magnífica do amor de Deus” e “mais íntima ainda é a relação que com o Espírito Santo têm os efeitos da Eucaristia” e ainda diz que “o Espírito Santo que habita em nós quer voltar à sua origem”. Meu grande amigo, Cláudio Pastro, ensinou a mim muitas coisas sobre a beleza do Espírito Santo e escreveu em seu livro O Deus da beleza: “A beleza não é um produto do ser humano; está tão acima dele! Ela o atrai, o seduz e, assim, o ser humano não vive sem ela”. 

Como viver o cristianismo sem a musicalidade do Espírito Santo? “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. (Mt 8,8)

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