Em 1997, ao publicar o Diretório geral para a catequese, o Papa João Paulo II reafirmou a necessidade da renovação da catequese, propondo um olhar atento “no que diz respeito aos conteúdos, quanto no que concerne à pedagogia e aos métodos a serem empregados” (2). Essa proposta não é nova; após o Concílio Vaticano II, sendo ainda mais específico, na Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, 64, seu predecessor, o Papa Paulo VI, já colocava em evidência a necessidade da catequese com inspiração catecumenal.
Quase dez anos depois, em 1971, foi publicado o Diretório catequético geral, buscando corresponder aquilo que foi descrito na Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium: uma catequese com inspiração catecumenal que levasse o crescimento da fé de forma sistemática e processual (64). Compreender a catequese dessa forma nos faz perceber que a iniciação à vida cristã não poderá negligenciar nenhuma das partes do processo.
Levando em consideração esses aspectos, no pontificado do Papa João Paulo II a catequese teve novos rumos. O Papa da catequese apresenta três dimensões essenciais da formação da pessoa do catequista: o ser, o saber e o saber fazer. Só dessa forma seria possível corresponder às urgências da catequese daquela época.
Não parou por aí: em 2020 surgiu o Novo diretório para a catequese, abordando quatro eixos principais da formação de catequista: saber ser (137) – a novidade se encontra no “Saber ser com” –, saber (143-147) e saber fazer (148-153).
Aqui iremos abordar o “Saber ser com”: “O que revela como a identidade pessoal é sempre uma identidade relacional” (Novo diretório para a catequese, 137, 139) e a necessidade de compreender a importância do outro na caminhada de fé como parte essencial para a construção da identidade pessoal do catequista, já que identidade pessoal e relacional estão intimamente ligadas; para isso, faremos uso da logoterapia, abordagem criada por Viktor Frankl.
Como encontrar sentido nas tarefas desenvolvidas no dia a dia ou nas diferentes facetas? Como posso ser eu mesmo no ambiente familiar, no trabalho, na faculdade, nas pastorais da comunidade de que faço parte? Como conciliar tudo isso sem se perder de si mesmo? Em primeiro plano, cada pessoa é capaz de encontrar seu próprio sentido da vida. As respostas para tal indagação não são as mesmas (cf. Frankl, 2018). Cada homem e cada mulher tem suas próprias respostas sobre aquilo que faz “estar o coração” (cf. Mt 6,21).
Sobre isso, não existe terceirização; cada pessoa se torna alguém singular, irrepetível. Frankl vai dizer que “A tarefa de cada um é tão singular como a oportunidade específica de levá-la a cabo” (2018, p. 133). Para isso é necessário tornar-se responsável por sua própria história. Esse “tornar-se responsável” é parte essencial do sentido da vida, ou seja, tomar posse daquilo que é seu.
Por fim, é nessa responsabilidade que cada um tem aquilo que é unicamente seu, em que cada pessoa encontrará sentido na vida, pois quanto mais o homem se distrai com o tédio, sinal de um vazio existencial (cf. Frankl, 2018), com a vida alheia, mais ele perderá a capacidade de conhecer a si mesmo e entender o sentido da vida. É na relação com o outro que me torno cada vez mais pertencente a mim mesmo.