Uma das passagens mais comoventes do Evangelho de Lucas (cf. 1,39-45) é a visita de Maria à sua prima Isabel logo após receber a anunciação do Anjo Gabriel sobre a concepção divina de sua prima. Isabel, mulher de Zacarias, era considerada estéril, ou seja, impossibilitada de gerar filhos, além de ter idade avançada. Ela recebeu, então, a visita de Nossa Senhora e se encheu do Espírito Santo, assim como a criança em seu ventre: João Batista.
Maria soube da Boa-Nova por Gabriel, o enviado de Deus, e não pensou duas vezes em ir ao encontro de Santa Isabel. Ainda que ela própria grávida de Jesus e separada por centenas de quilômetros de distância, Maria não hesitou em viajar até as montanhas de Judá para dar suporte à prima. A atitude de Maria eleva ainda mais o significado de caridade, acolhimento e simplicidade e transformou-se ao longo dos séculos num grande exemplo de humildade a ser seguido por todos os cristãos.
Mesmo sendo escolhida para uma missão divina, ela não buscou reconhecimento, pelo contrário: sua visita reflete o valor do ato de servir ao próximo sem esperar nada em troca. Uma lição que permanece cada vez mais atual nos tempos de hoje.
Para marcar esse acontecimento, todo dia 31 de maio é lembrado pela celebração da festa litúrgica da visitação de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel. Além de nos mostrar que tudo é possível quando há fé e propósito, evidencia a necessidade de seguirmos o exemplo de Nossa Senhora na ajuda ao próximo, no acolhimento e na demonstração contínua do desejo de servir.
Para Padre Flávio José Lima da Silva, sj, vigário paroquial e integrante do setor de comunicação da Sociedade Joseleitos de Cristo, cuja missão é trabalhar cuidando dos mais necessitados, sobretudo das crianças e dos jovens, a humildade de Maria e a fé de Santa Isabel são motivações que nos impulsionam a viver uma vida cristã autêntica e comprometida com o Evangelho de Jesus Cristo. “O gesto de Nossa Senhora, ao se colocar a caminho para cuidar daquela que estava necessitada de cuidado, afeto e carinho, mostra-nos que não importa a posição ou o status social da pessoa. Maria, como a mãe do Senhor, colocou-se a serviço. É uma atitude de amor que não tem preço e isso nos inspira a fazer o mesmo”, explica o padre, que é também diretor espiritual do setor C das equipes da Região Brasília II.
De fato, a atitude de Maria serve como modelo para cultivar atitudes de solidariedade e compaixão na vida cotidiana. Sua disposição em ajudar reforça a importância de servir como a representação fiel do amor cristão. É como um chamado para a reflexão sobre humildade, serviço e fé.
Exemplo permanente dessas virtudes, Maria continua a guiar milhões de cristãos ao redor do mundo a seguir seus passos na busca por uma vida pautada pelo amor ao próximo e pela simplicidade, além de ser inspiração para a prática da empatia e do acolhimento. “Essa atitude de amor ao próximo é uma inspiração para que unamos oração e ação, fortalecendo nossa fé com ações concretas de cuidado e solidariedade”, conclui Padre Flávio José.
Vigário da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na cidade de Gama, no Distrito Federal, Padre Flávio José destaca que a humildade de Maria é exemplar. A viagem realizada por ela ao encontro de Isabel demonstra que o amor não se limita a palavras, mas se manifesta em ações concretas e ressalta que rezar e servir estão intimamente interligados. “O servir considero a prática da reza. A Igreja nos orienta para vivermos uma vida de fé equilibrada; não basta só rezar ou só servir, é necessário o equilíbrio para obter êxito na missão”, pondera, antes de completar: “A oração é o fortalecimento da alma. Faz-se necessário aos cristãos e cristãs ter uma intimidade verdadeira com Deus. É preciso ter uma espiritualidade consistente, pois as ações só poderão dar frutos verdadeiros se estivermos abastecidos de Deus e assim a nossa fé se tornará fecunda e produzirá frutos para Reino de Deus”.
Ele acredita que a fé, a compaixão e o exemplo de Maria e Isabel ajudam a despertar e incentivar a solidariedade: “O que precisamos é de orientação, acolhida e cuidado. A Igreja deve ser presença efetiva na vida dos fiéis, ajudando a resgatar esses valores de solidariedade e serviço ao próximo”.
Maria nos ensina que quem acolhe Jesus no coração, quem encarna o amor dele na vida é exemplo de pessoa que se coloca à disposição para servir por meio de um olhar mais atento às necessidades do próximo, com empatia e dedicação sem perder a fé: “A fé é uma virtude teologal que nos dá a graça de vivermos uma vida cristã autêntica. Pela fé em Jesus Cristo nós seremos salvos, pois Ele morreu e ressuscitou, garantindo assim a salvação, portanto, vivamos uma vida cristã comprometida com o mestre Jesus e sejamos pessoas de fé, pois aqueles que a possuem terão forças suficientes para enfrentar as provações e continuarão perseverantes testemunhando Jesus Cristo, nosso Salvador”, orienta o padre.