Estimado(a) leitor(a) da Revista Ave Maria, começo nossa reflexão mensal de junho convidando você e sua família a uma experiência missionária por meio da comunicação do Jubileu Ordinário de 2025, com o tema “Peregrinos da esperança”, e o caminho da reconciliação em busca das santas indulgências, por meio do Sacramento da Penitência, para todas as nossas famílias.
Para que possamos entender o que é indulgência é necessário entender antes o que é pena temporal. O Sacramento da Penitência perdoa os pecados mortais e veniais. Ao confessarmos, o sacerdote nos perdoa da pena eterna. Por causa dos nossos pecados mortais (graves), merecemos o inferno, então, o sacerdote perdoa os nossos pecados e seremos salvos do inferno (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1472).
De outra parte, todo pecado já confessado e perdoado, mesmo venial, exige uma purificação, quer aqui na Terra, quer depois da morte, no “purgatório”. É a “pena temporal” do pecado. Após a confissão de todos os pecados estamos salvos do inferno, porém, não saímos da confissão sendo santos. Se morrermos após uma confissão bem-feita, o nosso destino será o purgatório, para purificar a alma.
A indulgência plenária é a remissão desse tempo de purgatório (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1471). A absolvição sacramental livra a pessoa do inferno e a indulgência livra a pessoa do purgatório.
O perdão dos pecados não resolve o problema das doenças espirituais do homem, portanto, as indulgências são necessárias para que os efeitos do pecado, ainda no coração humano, sejam curados. Jesus deixou para a sua Igreja o poder de limpar a alma de todos nós, de qualquer coisa que nos impeça de entrar em união com Ele no Céu (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1478 e Jo 20,22-23).
A Igreja ensina que para obter as indulgências o fiel precisa estar em estado de graça (estado de amizade com Deus em que a pessoa não só recebeu o perdão dos pecados, mas também está disposta a abandonar qualquer tipo de pecado, até mesmo o venial). As indulgências plenárias, geralmente, consistem em fazer uma obra que é indulgenciada (uma visita a um cemitério, uma igreja, um santuário; fazer uma peregrinação, estudar o Catecismo da Igreja Católica ou os documentos do Concílio Vaticano II) e mais outras três condições: confissão (individual e íntegra), comunhão e oração pelo Santo Padre, o Papa.
Qualquer pessoa batizada e não excomungada pode obter indulgências, desde que tenha a intenção geral de lucrá-la. As indulgências que obtemos não podem ser aplicadas a outras pessoas vivas, somente aos nossos próprios débitos, no entanto, podemos aplicá-las às almas do purgatório. Apesar da norma segundo a qual se pode obter uma só indulgência plenária por dia (cf. Enchiridion Indulgentiarum, 4ª edição, norm. 18, 1), os fiéis que praticarem o ato de caridade a favor das almas do purgatório e se aproximarem legitimamente do Sacramento da Comunhão uma segunda vez no mesmo dia poderão obter duas vezes no mesmo dia a indulgência plenária, aplicável apenas aos defuntos.
Não existe tempo mais favorável à prática penitencial do que o Jubileu Ordinário de 2025, tempo particularmente apropriado aos exercícios espirituais, às liturgias penitenciais, peregrinações em sinal de penitência, privações voluntárias como o jejum e a esmola e à partilha fraterna (obras de caridade e missionárias) (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1438). É um tempo de renascimento espiritual e de renovação na fé, no qual se pede aos fiéis maior interesse pelas coisas divinas, uma frequência mais assídua à santa Missa e aos ofícios litúrgicos, maior correção nas próprias ações e um treinamento no controle de suas próprias paixões e sentimentos.
O jubileu é tempo de reconciliação total, com Deus e com nossos irmãos, e de conversão. Depois da Eucaristia, é o Sacramento da Reconciliação que nos coloca de volta diante do amor e do perdão de Deus. É o nosso remédio espiritual, que nos impermeabiliza espiritualmente diante de todas as tentações que procuram nos afastar do amor de Deus. Como é boa a sensação de termos sido perdoados ou de termos conseguido perdoar alguém que nos machucou, ofendeu ou prejudicou!
Somos convidados a celebrar a reconciliação com Deus, conosco e com os outros para que o jubileu produza seus efeitos saborosos. A conversão é obra da graça. Deus chega antes em nossos corações, nos dá forças para começar de novo, para nos despirmos do homem velho e nos vestirmos do homem novo (cf. Ef 4,22-24). Pelo Sacramento da Reconciliação somos convidados a voltarmos para Deus, de todo coração, rompendo com o pecado. O Espírito Santo nos dá a graça do arrependimento e da conversão e nós respondemos a cada dia com o esforço de sermos melhores e mais coerentes com nossa fé.
A reconciliação produz efeitos em nossas vidas: reconciliação com Deus, paz e tranquilidade de consciência, consolo e ressurreição espiritual, restituição da dignidade da vida de filho de Deus, reconciliação com a Igreja (comunhão fraterna), participação dos bens espirituais, reconciliação conosco e com os irmãos. Convertendo-se a Cristo pela penitência e pela fé, o pecador passa da morte para a vida (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1468-1470).
“Buscai ao Senhor, já que Ele se deixa encontrar; invocai-o, já que está perto.” (Is 55,6)