Pe. Rodolfo Faria Estimado(a) leitor(a) da Revista Ave Maria, iniciamos nossa reflexão mensal de dezembro agradecendo a você e à sua família pelo carinho e pela parceria na evangelização ao longo deste ano. A proposta do nosso texto é lançar uma experiência espiritual a partir da força do anúncio do santo Natal para todas as famílias que renovam seus projetos na manjedoura do Menino Jesus com entusiasmo e esperança.
Há poucas semanas, iniciamos na Igreja o tempo de preparação para o Natal: o Advento. Cada tempo litúrgico é, para nós católicos, um convite à santidade, a aproveitar o tempo oportuno, o kairós de Deus. Sabe quando olhamos para uma árvore carregada de frutos e percebemos que eles já estão maduros? Esse é o kairós: o momento certo de colher. Assim também a liturgia nos convida a aproveitar este tempo favorável para refletir sobre a vinda do Senhor.
Ao meditarmos sobre a realidade da vinda do Senhor, o primeiro Domingo do Advento nos recorda a fé da Igreja: Ele virá uma segunda vez, e devemos estar atentos, pois o dia do Senhor virá como um ladrão (cf. 2 Pd 3,10). E quando o ladrão chega, ele avisa? Certamente que não! O próprio Senhor nos alerta: “Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós” (Lc 21,34). Vigiar é estar atento, é esperar com o coração desperto.
Entretanto, essa espera não deve ser motivo de medo, porque Aquele que esperamos é o mesmo que deu a vida por nós! Quando vamos receber alguém muito querido e não sabemos exatamente quando chegará, o que fazemos? Arrumamos a casa, preparamos tudo e aguardamos ansiosos essa visita tão desejada. Assim também deve ser com o nosso coração. Essa atitude de preparação é o que celebramos no segundo Domingo do Advento (cf. Mc 1,1-8).
A vinda do Senhor deve ser, para nós, motivo de verdadeira alegria, pois a chegada desse Amigo amado é o momento da nossa libertação. Ele é o sentido da nossa vida, a finalidade de cada gesto nosso. Por isso, o terceiro Domingo do Advento nos exorta à alegria que vem de Deus. São Paulo afirma: “Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos!” (Fl 4,4-5). No quarto Domingo, vemos Santa Isabel atenta e jubilosa ao reconhecer que Nossa Senhora trazia em seu ventre o Salvador: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (Lc 1,42).
Esse fruto bendito, que nos trouxe a salvação, já havia sido anunciado pelo profeta Isaías: “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco” (Is 7,14). Deus, em Seu infinito poder, poderia ter escolhido salvar a humanidade de inúmeras maneiras, mas esse Rei se despojou de sua realeza, poder e glória para tornar-se como eu e você. No seu Amor sem limites, o Verbo se fez carne como um menininho totalmente dependente da mãe – assim como nós somos chamados a ser dependentes de Deus.
O Filho esperado, o Rei profetizado, não nasceu em um palácio, mas em um estábulo. O povo de Belém teve a oportunidade de acolher a Sagrada Família de Nazaré, o Senhor que vinha ao mundo, mas não se manteve atento à sua chegada. Como dizia Santo Agostinho: “Tenho medo do Deus que passa e não volta mais.” Precisamos aproveitar o kairós de Deus e recebê-Lo em nossa morada interior.
O Natal não deve ser para nós apenas um tempo de comidas, bebidas e presentes, uma alegria puramente material. O Natal é, acima de tudo, um tempo de preparação para acolher o Senhor. É tempo de esperança: ao recordar a Encarnação do Verbo, que veio para nos salvar e morreu na cruz por nós, alimentamos nossa expectativa por sua nova vinda. É tempo de alegria: porque o Amor vem, o Amor está próximo!