“‘Eis-me aqui’, disse eu, ‘enviai-me’.’’ (Is 6,8)
Diante do chamado de Deus, não podemos negar nossa disponibilidade para seguir os passos de Jesus. Somos cristãos, bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, catequistas, leigos e leigas espalhados pelo mundo para uma tarefa muito especial: anunciar o Reino de Deus. Cada um, na abertura de coração, responde ao chamado, assumindo o seu protagonismo na vida da Igreja e do mundo para viver com fidelidade o seu Batismo e para dar testemunho de sua fé.
A resposta do profeta Isaías – “enviai-me” – significa ecoar no tempo e no espaço, onde tantas vozes respondem “sim” a Deus. Com a nossa voz, anunciamos a Palavra de Deus e apresentamos Jesus, o missionário do Pai.
Outubro é o Mês das Missões, por isso, vamos recordar três motivações missionárias apresentadas por Jesus e que nos inspiram para uma catequese de portas abertas, em permanente estado de missão.
Ele veio para iluminar a vida do mundo: “[O Verbo] era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem” (Jo 1,9). Cristo, vindo ao mundo confirma a realização da promessa de que o mundo veria a grande luz (cf. Is 9,1); Ele mesmo vai dizer aos seus discípulos “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8,12) e, com essas palavras, concede aos seus discípulos a missão de espalhar a luz pelo mundo: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,14)
Primeira motivação missionária: ser luz, pessoas iluminadas e iluminadoras.
O Papa Francisco em um de seus sermões, na Casa Santa Marta, disse: “Não somos protagonistas dos nossos méritos” (2018), não estamos presentes na vida da comunidade para sermos reconhecidos pelos nossos méritos, mas pela vida colocada a serviço, para sermos luz que ilumina.
Jesus veio para fazer a vontade do Pai (cf. Jo 6,38). Ele passou a vida fazendo o bem e ensinando como a humanidade pode caminhar em direção a Deus. Conforme a escritura diz, “Todos os teus filhos serão instruídos pelo Senhor e a felicidade deles será grande” (Is 54,13).
Ele veio para fazer o bem: “Jesus percorria todas as cidades e aldeias. Ensinava nas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo mal e toda enfermidade” (Mt 9, 35). É para essa disponibilidade de fazer o bem que Jesus tanto orientou sua comunidade. A Igreja nasce nesse ambiente de amor e de misericórdia; os apóstolos, vendo que sua vida fora transformada, assumiram a missão de levar Jesus aos corações.
Segunda motivação missionária: ser instrumento de misericórdia, fazendo o bem e proclamando que as mãos de Deus estão sempre prontas para colocar-nos em pé.
O Papa Francisco, em sua homilia no Domingo da Misericórdia de 2021, advertiu: “Obtivemos misericórdia, tornemo-nos misericordiosos. Com efeito, se o amor acaba em nós mesmos, a fé evapora-se num intimismo estéril. Sem os outros, torna-se desencarnada. Sem as obras de misericórdia, morre (cf. Tg 2,17). Deixemo-nos ressuscitar pela paz, o perdão e as chagas de Jesus misericordioso. E peçamos a graça de nos tornar testemunhas de misericórdia. Só assim será viva a fé e a vida unificada. Só assim anunciaremos o Evangelho de Deus, que é Evangelho de misericórdia”.
Consideremos a verdade de que a nossa fé se traduz nas obras que realizamos e que sendo luz para os outros compartilhamos nossa vida de comunhão com o Senhor: “Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos Céus” (Mt 5,16).
Ele veio para promover a unidade: “Que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17, 20). Esse pedido de Jesus ao Pai expressa o seu desejo de que todos “sejam um”, para que vivam a profunda experiência de comunhão. Também, em outros momentos no Evangelho, Jesus vai ressaltar a importância da unidade. Para Ele, sua comunidade precisa viver e testemunhar a verdadeira fraternidade e caminhar junto à perseverança.
Terceira motivação missionária: ser disponível. A busca por uma vida de comunhão com Jesus Cristo nos leva por caminhos mais seguros, pois a nossa segurança está nas mãos de nosso Deus. A vontade do Pai é que todos os seus filhos e filhas sejam “um em Cristo”. Para isso é necessário que nossa missão seja assumida com determinação e ternura, para construirmos relacionamentos sinceros e revestidos de gratidão e de sensibilidade.
O momento é de decisão! Depois de aprendermos com Jesus, com todos os seus ensinamentos, temos de dar testemunho de vida cristã com atitudes de compromisso, de empenho e de envolvimento. Vivemos inseridos na vida da nossa comunidade, por isso, vamos renovar, constantemente, a nossa adesão pessoal a Jesus Cristo.
Nossa missão, como catequistas, é apresentar Jesus como amigo e mestre, como o senhor da nossa história. Precisamos reconhecer que a convivência com Ele é fortemente marcada pela fé que alimenta a nossa vida espiritual.
Queridos catequistas, que as três motivações missionárias, apresentadas neste artigo, sejam acolhidas como inspirações para assumirmos e renovarmos outro jeito de viver e conviver.
Sigamos juntos na missão!