Venho de uma experiência de transplante renal. Fiquei doze dias internado no Hospital do Rim, em São Paulo (SP), referência em transplante renal pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Depois da forte emoção ao ser chamado para a cirurgia, no início da oração da manhã do primeiro dia de retiro espiritual, diante do Santíssimo, e agora em plena recuperação, é hora de refletir sobre o seu significado.
Aos prantos, de alegria e emoção, comuniquei a notícia ao meu superior. Imediatamente fui liberado do retiro para ser conduzido de São Pedro (SP) ao Hospital do Rim. O irmão de congregação, Cícero, foi o meu anjo da guarda o tempo todo nessa experiência, ainda mais porque ele é enfermeiro.
Logo na chegada ao hospital, muitos exames pré-operatórios precederam a cirurgia, que começou e foi concluída ainda naquela noite de terça-feira, 22 de agosto. Sucesso cirúrgico! Retorno à sala de recuperação e espera para o rim novo funcionar.
Três dias depois, como na ressurreição de Jesus, senti que o rim estava funcionando. Nesse processo, uma nítida sensação de viver entre o sonho e o milagre ou muito mais milagre que sonho. Os outros nove dias de internação, de doze no total, foram de cuidados, tratamento intensivo e complementar.
Aos poucos, a notícia do transplante se espalhou e um exército de “anjos da Terra” se uniu aos coros celestes, primeiro para interceder e depois para agradecer pelo sucesso da cirurgia e recuperação.
Grande parte das preces eram dirigidas a Nossa Senhora. Dessas manifestações, o que me chamou a atenção foram os diferentes títulos sob os quais Maria era invocada. Todos eles, a seu tempo, diziam que aquele título de Maria era poderoso em intercessão. E aí vem a reflexão: Maria é sempre a mesma, ao lado de Jesus em todos os momentos da vida, dos mais alegres aos mais trágicos. Sua presença silenciosa e intercessora é força para qualquer dificuldade, assim como as nossas mães vivem as dores dos filhos enfermos e sofrem tanto quanto, mas também se alegram nas suas vitórias.
Para os devotos, aspectos diferentes da vida de Maria, seus diferentes títulos despertam igual confiança, sempre sob sua poderosa intercessão. Fico pensando: Maria é a mesma e sempre ao nosso lado, intercedendo por nós, sua presença, silenciosa, mas sempre muito sensível, como mãe ao lado de cada um de seus filhos que somos nós. Cada devoto vê Maria sob um aspecto diferente, segundo sua experiência religiosa relacionada à mãe de Jesus, riquíssima dons e graças.
Os diferentes títulos são motivados por alguma revelação espiritual, por aparições, por experiências místicas de fundadores, enfim, a imensa riqueza de Maria se expressa na variedade de títulos, todos eles despertando igual confiança.
Como claretiano, não poderia deixar de invocar o título do qual somos herdeiros: Filhos do Imaculado Coração de Maria. Aliás, mais do que um título é uma realidade que nos alcança a todos. Sim, somos seus filhos e, como tais, Maria está sempre do nosso lado, seja com que título for, especialmente nas horas mais difíceis da vida. Recorramos a ela com confiança!
Ó Maria, mãe de todos os nomes, rogai por nós, que recorremos a vós!