A LINGUAGEM DO MEDO E A AFIRMAÇÃO DA FÉ: A SALVAÇÃO DAS FAMÍLIAS 

Estimado(a) leitor(a) da Revista Ave Maria, começo nossa reflexão mensal de novembro, mês de espera pela chegada do Salvador, pela promessa que o nosso Deus nos fez, isto é, a mensagem de libertação do pecado e a nossa salvação da morte, garantindo a todos nós a vida eterna. Sendo assim, Deus nos chama para a vida. Busque sua salvação, mas queira salvar também seus familiares, deseje levá-los para o Céu. 

Nossa Senhora recebeu a mensagem do arcanjo São Gabriel conforme nos descreve o Evangelho de São Lucas no capítulo primeiro e no centro do anúncio está a expressão “não tenhais medo, Maria”. Também São João Paulo II, na sua primeira aparição após sua eleição como Papa, disse: “Não tenham medo”. Portanto, não tenha medo de lutar pela sua salvação e a da sua família. Viva esse tempo litúrgico do Advento como um momento de renovação da fé e de salvação.

A expressão “não tenhais medo” está escrita muitas vezes na Bíblia. Isso é dito para nos lembrar de que podemos vencer esse inimigo tão astuto e presente em nossa vida, o nosso medo. 

Sentir medo de algumas coisas não tem nada de errado, afinal, quando temos medo é porque pensamos nas consequências das nossas escolhas e isso nos protege de grandes riscos, como perder até a própria vida, como foi no tempo de Gedeão (cf. Jz 6,2). Contudo, mesmo para esses medos, Jesus nos adverte: “Não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Temam, sim, aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno” (Mt 10,28).

É em relação a esse medo que mata a alma que devemos ficar sempre atentos: o medo que nos paralisa e não nos permite cumprir com a missão que Deus nos deu, a missão de todo discípulo missionário que aprendemos na última reflexão de outubro: evangelizar. 

Ter coragem não é ausência do medo, mas a capacidade de alcançar metas apesar do medo, caminhar e enfrentar as adversidades. É isso que devemos fazer, bem como motivar nossas famílias para viverem essa busca constante. Não podemos nos derrotar e nos entregar por causa desse sentimento de medo. Na sua história pessoal e familiar, você já deve ter passado e superado muitas situações difíceis, nas quais com certeza ficou amedrontado(a), mas, venceu e está aqui hoje, de pé e com fé. 

Deus nos conhece melhor do que nós mesmos e nunca nos entrega uma cruz, ou uma missão, maior do que podemos carregar. Por isso, Ele envia Gedeão para a missão: “Vá com este vigor que você tem, pois você salvará Israel das mãos de Midiã. Não sou eu quem está enviando você?” (Jz 6,14). Percebe a força que tem essa palavra? É o próprio Deus que nos envia. É Ele que nos permite passar pelas provações, pois em tudo quer que sejamos mais que vencedores (cf. Rm 8,37). Contudo, Deus, que é Pai, conhece a fragilidade humana e por isso afirma para Gedeão “Eu estarei com você” (Jz 6,16).

Percebemos, então, que todo medo é da solidão e do desamparo. Muitas famílias e casais passam por ele. Dessa forma, o único remédio contra o medo é não estar sozinho, é estar bem amparado, é ter, ao seu lado, alguém mais poderoso do que você, em quem pode confiar no momento da angústia e da solidão. É isso que Jesus faz! Ele triunfa sobre nossa angústia para nos ensinar onde está a nossa vitória. 

Talvez não exista remédio psiquiátrico para o medo, mas existe o remédio espiritual: a fé. É ela que faz com que creiamos, verdadeiramente, que o Deus da promessa prometeu por meio do seu filho Jesus estar sempre conosco e realmente está (cf. Mt 28,20) e que é certeza de que Deus nunca permitiria o mal se dele Ele não pudesse tirar um bem maior ainda. É isso que Deus quer nos ensinar: a ter fé na vontade e no poder dele. 

Como consigo ser corajoso(a)? Como posso ajudar um familiar a superar o medo? Podemos nos lembrar de quando Jesus chamou Pedro para ir ao encontro dele, andando sobre as águas do mar da Galileia. Pedro foi, mas, permitiu que o medo tomasse conta do seu coração; assim, começou a afundar. Após salvá-lo, Jesus lhe perguntou: “Homem fraco na fé! Por que você duvidou?” (Mt 14,31).

Pedro sentiu medo porque olhou para o vento e para a fúria do mar em vez de manter os olhos fixos em Jesus. Esse também é o nosso grande erro: em vez de mantermos os olhos fixos em Deus, permitimos que as circunstâncias que nos envolvem nos amedrontem. Você e sua família precisam manter os olhos em Jesus, isto é, cumprir o que Ele nos deixou enquanto caminho de santificação.

Quando agimos com fé e confiança em Deus, Ele nos dá equilíbrio e luz para agirmos, guiando-nos e abrindo portas para resolvermos o problema que nos angustia. Por esse motivo, em vez de ficarmos pensando em nossas fraquezas, deficiências, problemas e fracassos, reais ou imaginários, bem como, das nossas famílias, pensemos como o salmista: “O Senhor é minha luz e minha salvação: de quem terei medo?” (Sl 27,1).

Para concluir, o Papa Francisco, no Angelus de 7 de agosto e 2022, fez uma reflexão sobre a passagem do capítulo 12 do Evangelho de São Lucas, que ele resumiu: “Jesus fala aos discípulos para os tranquilizar de qualquer medo e para os convidar à vigilância. E as expressões ‘não tenhais medo’ e ‘estais prontos’ são indicadas para vencer os receios que às vezes nos paralisam e para superar a tentação de uma vida passiva e adormecida”.

O Pontífice nos encorajou a não termos medo, pois nossas vidas e as de nossas famílias estão firmemente sob o cuidado amoroso e providencial de Deus, entretanto, devemos “estar prontos” em todos os momentos, vigilantes e atentos para servir a Deus e aos nossos irmãos e irmãs. O Papa conclui suas palavras nos encorajando mais uma vez: “Irmãos e irmãs, caminhemos sem medo, na certeza de que o Senhor nos acompanha sempre. Mantenhamo-nos acordados, para não estarmos dormindo quando o Senhor passar.” 

Mantenha sua lamparina da fé acesa e a da sua casa para que todos da sua família sejam salvos.

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