A necessidade de um acompanhamento vocacional da pessoa do catequista

A vocação cristã comum de cada pessoa tem como pano de fundo o chamado a ser filho de Deus, recebido no Batismo, e à vida do Ressuscitado, que se comunica mediante os sacramentos. A “vocação à santidade” corresponde a uma resposta filial à via da verdade e da felicidade, que é Cristo (cf. Diretório para a catequese, 83-84). No âmbito dos ministérios e serviços da missão evangelizadora da Igreja, o “ministério da catequese” é indispensável para o crescimento da fé. O ministério da catequese “introduz à fé e, juntamente com o ministério litúrgico, gera os filhos de Deus no seio da Igreja” (Diretório para a catequese, 110).

A vocação específica de ser catequista “tem sua raiz na vocação comum do povo de Deus, chamado a servir o desígnio salvífico de Deus em favor da humanidade” (Diretório para a catequese, 110). Além disso, a vocação de catequista nasce do anúncio do Evangelho e cresce na comunidade, “lugar por excelência da formação” (Diretório para a catequese, 133), do testemunho do amor de Deus e que só por Ele se coloca a serviço do Reino. A missão do catequista é, portanto, tornar visível e operativo o ministério eclesial da catequese.

Papa Francisco, em 2021, ao publicar a Carta Apostólica Antiquum Ministerium, sob forma de motu proprio, pela qual se institui o Ministério de Catequista, inicia apresentando a historicidade desse dom para a vida da Igreja. Não se trata de algo novo, estranho para ela, mas um carisma que se desenvolveu ainda na era apostólica, com formas próprias no seio da comunidade. “Ministério antigo é o de catequista na Igreja. Os teólogos pensam, comumente, que se encontram os primeiros exemplos já nos escritos do Novo Testamento”, disse o Papa.

Logo, antigo é o ministério de catequista e tem seu valor vocacional. Tendo dito isso, o discernimento vocacional ajudará na compreensão da vontade de Deus diante da realidade de cada indivíduo, por isso, compreende-se que “esse ministério possui uma forte valência vocacional, que requer o devido discernimento” (Carta Apostólica Antiquum Ministerium, 8) para que realmente seja correspondido com fidelidade e amor a Cristo e à sua Igreja.

Partindo do pronunciamento do Papa Francisco, é preciso indagar:

  • Existe acompanhamento e discernimento vocacional dos catequistas que querem dizer “sim” a essa vocação?
  • Como anda a permanência e o comprometimento dos catequistas atuantes em sua comunidade?
  • Eles compreendem “as flores e os espinhos da missão” ou desistem facilmente diante dos desafios?

Após essas reflexões, o acompanhamento e o discernimento vocacional da pessoa do catequista farão compreender o seguinte: a vocação de catequista é um carisma singular na vida da Igreja e o serviço é a forma de viver esse carisma. A tríplice dimensão da missão (instrução, exortação, testemunho) se faz importante atualmente. O catequista é chamado a instruir aquela porção do povo de Deus confiada a si, com conhecimento e testemunho de vida. Isso só é possível quando não se deixa “perder de vista o nosso ponto de partida”, aquele encontro pessoal com Cristo que preenche a vida de sentido (cf. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 1).

Por fim, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) já reflete há muito tempo sobre a necessidade de um discernimento vocacional em vista do ministério de catequista, de modo que esse ministério vem sendo assumido como “um carisma em forma de serviço reconhecido pela Igreja. O ‘carisma’ do Espírito é o elemento invisível, sobrenatural, espiritual, místico” (Estudo da CNBB 95, p. 19, 2021).

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