A PARTIR DE JESUS, O AMOR NASCE EM NÓS

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No princípio de tudo era o amor. O apóstolo e evangelista São João escreveu em sua primeira carta: “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!” (1Jo 3,1). Em Jesus somos filhos e filhas de Deus. Quando Jesus veio para este mundo foi o amor que nasceu para nos salvar. O amor de Deus passou a ser tocável em Jesus, seu filho amado. 

Uma criança frágil nasceu: numa noite fria, no campo, numa gruta, cercado por animais. Em Belém não havia lugar para eles nas hospedarias e a cena nos remete às palavras do profeta Isaías: “Um boi conhece o seu dono e um jumento, o comedouro junto a seu proprietário; Israel não tem conhecimento, meu povo não tem entendimento” (Is 1,3). Nos braços de Maria e de José, o Menino recebeu afeto, carinho e proteção. Os pais acolheram, naquela noite, o filho dado por Deus para ser o salvador do povo de Israel. Eles foram os primeiros a contemplarem o rosto do filho e, ao mesmo tempo, do Senhor Jesus.

Jesus veio ao mundo naquele lugar, um cenário de humildade, de silêncio e de paz.

A catequese pode propor à comunidade uma profunda reflexão sobre a preparação do Natal. Antes de entoarmos o canto celeste “Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens por Ele amados” a comunidade precisa preparar um espaço para celebrar o nascimento de Jesus num ambiente de alegria e de luz.

Não podemos nos contentar com a ideia de que a festa de Natal merece uma decoração com muitas luzes, velas, pinheirinhos e enfeites dourados. Sim, tudo deve ser muito bem-preparado, mas a decoração mais adequada para o Natal é aquela que enfeita o coração dos fiéis. Recordemos que Jesus veio para anunciar o amor e o perdão entre todos que desejam viver em comunhão com Ele, seguindo os seus passos e escutando a sua voz.

Vamos arrumar as nossas casas e preparar a comunidade como manjedoura para acolher Jesus. 

O presépio nos dá uma grande lição de humildade! Todas as pessoas representadas nele têm Jesus ao centro e, com simplicidade, colocam-se disponíveis para ajudar a Sagrada Família de Nazaré: Maria, José e o recém-nascido. 

Deixemos que a pressa dos pastores (cf. Lc 1,16), correndo para ver o Menino, seja uma inspiração para a nossa vida comunitária. Precisamos correr para:

  • estreitarmos os laços que nos unem como irmãos e como irmãs na comunidade;
  • servirmos com alegria, sem competição e embates entre as pessoas e grupos;
  • anunciarmos o Evangelho com as nossas vidas;
  • fortalecermos o espírito de comunhão e de participação, com alegria e na gratuidade.

Dom Vicente Costa, em seu artigo para a o site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) (2015), escreveu: “Como lembra Santo Agostinho, a felicidade última da pessoa humana está na eternidade, ou seja, em Deus (cf. De beata vita [A vida feliz], II, 11). Longe de significar um desprezo pelo tempo, essa consciência nos traz o seu real sentido, que celebramos principalmente na festa do Natal, já que o próprio Eterno entrou no tempo: ‘E a Palavra se fez carne e veio morar entre nós. Nós vimos a sua glória’ (Jo 1,14). Assim, é no tempo que devemos encontrar o Eterno, para que um dia o Eterno seja a realização perfeita da nossa felicidade”. 

Em Belém, a eternidade entrou no tempo e a luz brilhou para a humanidade. Aquele lugar revestido de silêncio tornou-se uma inspiração para toda a humanidade. Deus fala no silêncio! O silêncio é o ponto de encontro entre a voz de Deus e a nossa voz guardada no coração. 

É importante haver, para a vida da comunidade, momentos de silêncio que favorecem uma profunda reflexão sobre a ação evangelizadora assumida por todos os membros que buscam construir uma comunidade acolhedora, fraterna e catequizadora. Sabemos que a quietude nos leva ao crescimento do autoconhecimento, permitindo, por sentimentos positivos, uma boa interação e criando um ambiente social saudável. 

O presépio nos leva a refletir sobre a importância do silêncio. Poucas palavras e muitos olhares; muito silêncio e muita admiração. 

Para refletirmos:

  • Como olhamos para nossa comunidade? Enxergamos em pequenos sinais as grandes novidades de Deus?
  • Vemos a presença de Jesus nos planos e nos projetos da catequese? 
  • É essencial um bom planejamento para concretizarmos os nossos sonhos e vermos Jesus presente neles?

Assim como o silêncio é responsável por desacelerar, melhorar a concentração e a interação, ativar a memória e acalmar as pessoas para não caírem no risco do ativismo, a paz é restauradora e é também necessária para alcançar isso tudo. 

O presépio nos fala de paz! Podemos acolher a força animadora da paz para distinguirmos o dinamismo da nossa missão no mundo. Devemos semear sementes de amor e de perdão para colhermos paz.

Vamos contribuir para que a nossa comunidade seja:

  • instrumento de paz;
  • servidora com alegria;
  • fraterna na esperança;
  • orante e comprometida com os valores cristãos.

Queridos catequistas, podemos participar da vida de nossas comunidades e dar nossa colaboração para que tudo isso seja possível de identificar. 

A verdadeira paz que deve habitar os nossos corações está, intimamente, ligada à identidade de Jesus, nosso Mestre e Salvador. Perseveremos nesse bom propósito.

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