A presença de Maria no Ano Novo

Todos nós lembramos bem da cena das bodas em Caná da Galileia, narrada pelo evangelista João (cf. 2,1-11). O texto nos remete ao início das atividades de Jesus na Galileia. O local geográfico é significativo: corresponde à periferia, indicando uma preferência clara pelo povo mais simples e sem valor para a sociedade.

Bodas, casamentos são símbolos do amor e da aliança de Deus pela humanidade, daí que, junto com os noivos, fazem-se significativas as presenças de Jesus, de Maria e dos discípulos, como presenças de Igreja, além do povo, símbolo da humanidade toda. 

Outro fato interessante é a presença da mãe de Jesus, citada antes mesmo do próprio Jesus e de seus discípulos. A impressão que dá é que Maria tem a confiança das famílias envolvidas na festa e o domínio total da situação, tanto é que ela percebe e toma a iniciativa de relatar a falta de vinho. Ela se dirige a Jesus de uma forma simples, mas confiante. Por seu lado, Jesus responde fazendo lembrar a “mulher” do Gênesis, mãe de todos os povos, dessa forma podemos pensar que Maria é lembrada como a “mulher”, mãe do novo povo, nascido pela fé.

Uma aparente resposta negativa de Jesus – “Minha hora ainda não chegou” (Jo 2,4) – não impede Maria de entender o alcance positivo da afirmação. É como se dissesse “Querem a solução do problema que os aflige? Façam tudo o que ele disser”. 

As seis talhas lembram os seis dias e a obra da criação. A transformação da água em vinho representa a nova criação; o vinho novo é a nova vida pela graça, vida e sabor que só Jesus pode oferecer. 

Maria apressa a hora de Jesus. Quando pensamos no seu poder de intercessão, pensamos também em sua sensibilidade de mulher e no amor de mãe por nós, amor que tudo alcança. 

Entendemos o papel de Maria se compreendemos que cada um tem sua missão diante de Deus. A ela é confiado o papel de intercessora e, assim, cumpre a sua missão de colaboradora com a vida e a felicidade nossa que somos seus filhos.

Hoje, quando realizamos nossas súplicas com fé, Deus continua atendendo aos pedidos da mãe. Como nas bodas em Caná, com Jesus, Maria e os discípulos, somos convidados a participar da vida nova da graça, a viver em verdadeiras famílias, comunidades de fé, e a construir uma vida fundamentada no amor, porém, somos convidados a fazer nossa parte, mesmo confiando nossas dificuldades a Maria, certos de que ela se sensibiliza com nossas carências.

Para bem continuar o ano, renovemos também nossa aliança com Deus, para que superemos o sentimento de desamparo e abandono. Que caminhando com Maria tenhamos serenidade e esperança, pois ela sempre nos encaminha a Jesus: “Fazei o que Ele disser” (Jo 2,5). Com nossas vidas orientadas para o Cristo, aprendemos a viver plenamente nossas vocações.

Assim como o Espírito Santo iluminou a vida de Maria, assim Ele nos ilumine para que busquemos um mundo mais justo, humano e fraterno.

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