A Vontade Divina do Pai

Um novo ano começa e desejamos que ele seja cheio de coisas boas para a nossa vida e para todos os que fazem parte de nossa convivência. Esse desejo de felicidade e realizações estendido a todos é sinal de nossa comunhão com Jesus Cristo.

No Evangelho de São João, há um texto que me toca profundamente e revela a missão de Jesus como aquele que acolhe, perdoa, cura, liberta e quer o bem não de um pequeno grupo de escolhidos, mas de todas as pessoas que vivem nesse mundo: “Todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e o que vem a mim não o lançarei fora. Pois desci do Céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. Ora, esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não deixe perecer nenhum daqueles que me deu, mas que os ressuscite no último dia. Esta é a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,37-40).

São Leão Magno, que viveu no século V, numa celebração da Epifania do Senhor, ensinou que Ele deu a conhecer sua salvação ao mundo inteiro: “Tendo a misericordiosa Providência de Deus decidido vir nos últimos tempos em socorro do mundo perdido, determinou salvar todos os povos em Cristo. Esses povos formam a incontável descendência outrora prometida ao santo patriarca Abraão; descendência gerada não segundo a carne, mas pela fecundidade da fé, e por isso comparada à multidão das estrelas, para que o Pai de todos os povos esperasse uma posteridade celeste e não terrestre. Entrem, pois, todos os povos, entrem na família dos patriarcas e recebam os filhos da promessa a bênção da descendência de Abraão, à qual renunciaram os filhos segundo a carne.

Que todos os povos, representados pelos três magos, adorem o Criador do universo; e Deus não seja conhecido apenas na Judeia, mas no mundo inteiro, a fim de que por toda parte o ‘seu nome seja grande em Israel’ (Sl 75,2)”.

Estava em oração, no ano passado, naquele período em que a pandemia nos fez ficarmos mais em casa. Em tais dias de incertezas e medo, fiz uma canção, meditando sobre a vontade de Deus na minha vida. Lembrava da oração do Pai-Nosso e pedia, insistentemente, que Deus fizesse acontecer na minha vida a sua divina vontade e não a minha humana vontade. Quero partilhar com você o que respondi a Jesus depois de ouvir sua voz no mais profundo do meu ser: “Jesus, Filho de Davi, Jesus, soberano Deus! Luz que ilumina o meu caminho, rocha que sustenta os passos meus. Na minha angústia, clamei teu nome e teu braço forte me levantou. Quando eu chorei os meus pecados, teu precioso sangue me lavou. Vem, Jesus, viver em mim! Jesus, vem pensar no meu pensar. Jesus, vem olhar no meu olhar, vem falar de paz com minha voz, vem amar com meu coração, vem consolar com meu abraço, repartir o pão com minhas mãos. À divina vontade quero dizer ‘sim’, vem, Jesus, viver em mim!”.

Em 2022, Jesus nos chama a querer a vontade do Pai, a ver os que estão ao nosso lado e os que encontramos ao longo do caminho como verdadeiros irmãos, fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance para que sejam amados, cuidados, valorizados e tenham sua dignidade respeitada. Ele quer nos libertar da indiferença, do preconceito, do individualismo e da soberba, pecados que nos fazem pensar e agir como se o mundo fosse só nosso, que tudo gira ao nosso redor e que nossa vontade deve estar acima de qualquer coisa. Digamos, sem cessar, neste ano que apenas começou, ao Senhor: “(…) seja feita a vossa vontade, assim na Terra como no Céu” (Mt 6,10).

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