BAKHITA: NEGRA, MULHER, ESCRAVA E SANTA

QUEM FOI JOSEFINA BAKHITA?

Nasceu por volta de 1869, onde hoje é o Sudão do Sul. Bakhita, que em árabe significa “Afortunada”, foi o nome escolhido pelos traficantes após o seu rapto quando era uma criança. Foi sucessivamente vendida e comprada até que um italiano a levou para a Itália, onde finalmente ficou ao serviço de uma família em Veneza. Quando a família decidiu se mudar para a África, ela foi confiada às irmãs canossianas, na mesma região. Aí Bakhita conheceu o Evangelho e em 1890 foi batizada com o nome de Josefina e pouco depois quis se tornar irmã. 

O milagre que abriu a porta à sua canonização ocorreu em Santos (SP), em maio de 1992, quando Eva Costa, diabética com as pernas cheias de chagas, devia amputar uma delas. Rezou à Bem-aventurada Bakhita e logo ficou curada. 

ESCRAVIDÃO E RACISMO

Perante o flagelo da escravidão, hoje ocorrendo nas sombras, especialmente no submundo do trabalho (infantil), Santa Bakhita apontou para o Deus que destrói as correntes e liberta das prisões. No século XXI, como em séculos anteriores, pessoas africanas de todas as idades em diversos continentes continuam sendo flageladas e caem sob o peso de cruz muito horrenda, igual ao que aconteceu com Bakhita ainda criança. No Brasil, o racismo continua vivo em diversos âmbitos: casa, trabalho, escola, igreja etc. Basta olhar à sua volta e querer enxergar!

CONDIÇÃO SOCIAL 

Nos anos de serviço à família Michieli e Maria Turina, na Itália, Bakhita sonhou com sua liberdade para poder regressar e encontrar seus pais e família. Depois do Batismo, Eucaristia e Crisma, Bakhita começou a ver a si como filha de Deus. Pouco depois foi acolhida nas canossianas, onde continuou sua formação cristã, até se consagrar como irmã, no dia 8 de dezembro de 1896, e as Irmãs de Santa Madalena de Canossa passaram a ser definitivamente sua família. Por mais de cinquenta anos assumiu diversas tarefas: cozinheira, cuidados com as roupas, boiadeira, sacristã e porteira.

A MULHER NA IGREJA

O Papa Francisco vem sonhando com uma Igreja do povo de Deus, que valoriza os dons e ministérios de toda pessoa batizada. Santa Bakhita, uma mulher escravizada e consagrada, acolheu o caminho atribulado de sua vida e deixou seu amor florescer, à luz da Palavra de Deus, que a foi transformando e preparando para testemunhar o mesmo amor de Deus a todos os seres humanos. Bakhita é uma luz para a Igreja de hoje. Todas as pessoas têm lugar nessa Igreja do povo de Deus em caminho, Igreja sinodal.

EXEMPLO PARA HOJE

Santa Bakhita nos desafia de muitas maneiras, acredito. Em nossos preconceitos raciais; em nossa resistência à acolhida dos pobres, dos diferentes, dos prisioneiros, dos favelados, das pessoas LGBTQIA+, de outras religiões/fés/ateus… Essa lista nunca pode ficar completa, porque Deus sempre vai nos surpreender. 

Santa Bakhita, rogai por nós e pelos bilhões de escravizados, de todos os tempos.

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