Celebremos o Nome de Jesus, que também foi criança

Janeiro é o mês em que muitas pessoas fazem promessas. Criar hábitos, rever comportamentos viciantes, passar mais tempo com a família, com os amigos, focar o que realmente importa. É também o mês em que, na Igreja Católica, celebra-se o Santíssimo Nome de Jesus. 

A celebração litúrgica, realizada a cada 3 de janeiro, passou a ser propagada no século XIV e, desde então, tornou-se um momento em que os cristãos aprofundam o significado no nome de Jesus e tudo o que esse nome representou ao longo dos séculos. Em 1530, o Papa Clemente VI concedeu à Ordem Franciscana que celebrasse o ofício do Santíssimo Nome de Jesus. 

 O nome foi propagado, sobretudo, por São Bernardino de Sena, que dizia: “Este é aquele santíssimo nome desejado pelos patriarcas, esperado com ansiedade, suplicado com gemidos, invocado com suspiros, requerido com lágrimas, dado ao chegar a plenitude da graça”. 

NOME É IDENTIDADE

Toda criança, ao nascer, recebe um nome. Escolhido pelos pais com carinho, o nome faz parte da identidade da criança. 

Francesco Fernandes, que tem 8 anos e mora em São Paulo (SP), disse ter orgulho de ter o mesmo nome que um santo tão importante para a Igreja e que reconhece em Jesus o nome de alguém que foi uma criança muito especial, que desde sempre espalhou amor pelo mundo.

“Eu escuto meus pais contarem fatos sobre a vida de Jesus e fico pensando que Ele deve ter sido uma criança muito legal”, disse Francesco.

Já Yanni Lima da Silva, que mora na Bahia e tem 10 anos, acredita que Jesus, quando criança, era simples, bondoso, obediente e grato. “Ele era feliz, tinha vários amigos, sempre pensava no próximo e era amigável”, continuou a menina, que participa da comunidade e canta nas celebrações junto com sua mãe, Daniela Lima. Yanni significa “agraciada por Deus”. 

A MANIFESTAÇÃO DE DEUS EM UM MENINO

O nome de Jesus foi anunciado pelo Arcanjo Gabriel quando ele fez o anúncio de que Maria estaria grávida do filho de Deus. Gabriel declarou: “Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande; será chamado Filho do Altíssimo” (Lc 1,31-32). O nome de Jesus foi uma revelação divina à Virgem Maria e o significado indicaria toda a sua missão: “Deus salva”.

Assim, a palavra “Jesus” é uma forma latina do grego “Iesous”, que, por sua vez, é a transliteração do hebraico “Jeshua”, “Joshua” ou “Jehoshua”, cujo significado é “Yahveh é salvação”.

É o próprio Evangelho que reconta o momento em que o Filho de Deus recebeu seu nome, celebrado em janeiro, logo depois do Natal: “Quando se completaram os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-lhe o nome de Jesus, indicado pelo anjo, antes de ter sido concebido no seio materno” (Lc 2,21). 

E O VERBO SE FEZ CARNE

Segundo a tradição da Igreja, Jesus foi circuncidado no templo, ocasião em que recebeu seu nome. Desde então, tudo o que Ele viveu foi uma preparação para a vida adulta, sempre obediente e dócil à vontade do Pai. Assim, a infância de Jesus começa com o mistério da encarnação, quando o Verbo de Deus, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, fez-se carne no seio da Virgem Maria. 

Deus escolheu nascer numa condição humana simples e vulnerável, tão frágil como um recém-nascido. Também em janeiro celebra-se a Festa da Epifania ou da Manifestação de Deus. Nesse dia, em que a tradição cristã lembra a visita dos três reis magos ao Menino Jesus numa estrebaria, reflete-se sobre a humildade de Deus que se fez pequeno e pobre. 

A visita dos magos, narrada no Evangelho de Mateus, é outro momento significativo na infância de Jesus. Homens sábios e de alta posição social, vindos do Oriente, trazem presentes simbólicos (ouro, incenso e mirra) e reconhecem em Jesus o Rei dos Judeus, o Salvador. Jesus é o Redentor universal e sua infância, longe de ser apenas um evento isolado, é um sinal do cumprimento da promessa de Deus a todas as pessoas, de todas as culturas e povos. Também a adoração dos pastores, guiados pela estrela, é uma expressão dessa humildade, o reconhecimento da grandeza de Deus na simplicidade de um bebê.

APRESENTAÇÃO NO TEMPLO E A PROFECIA DE SIMEÃO

Durante a apresentação de Jesus no templo, conforme narra o Evangelho de Lucas, Simeão, um homem justo e piedoso, proclama que Ele é a “luz para revelação aos gentios e para a glória de Israel” (Lc 2,32). A profecia de Simeão é um testemunho da missão universal de Jesus e do cumprimento das promessas de Deus.

A profecia de Simeão também antecipa o sofrimento de Maria, pois ele diz que uma espada de dor transpassará seu coração. Após esses eventos, os Evangelhos falam pouco sobre a infância de Jesus. 

Esse período da infância de Jesus, de 12 anos, é revelado em Lucas 2,41-52, quando Jesus é encontrado no Templo ensinando aos doutores da Lei: “Não sabíeis que eu devo estar na casa de meu Pai?”.

DEUS ESCOLHEU SER HUMANO E FRÁGIL

Gisele Canário, teóloga e biblista do Centro Bíblico Verbo, afirmou à reportagem que “A infância de Jesus, apesar de ser pouco comentada, é fundamental para entender quem Ele foi e o que viveu”. 

“Os relatos dos Evangelhos sobre sua circuncisão (cf. Lc 2,21), apresentação no templo (cf. Lc 2,22-40) e a fuga para o Egito (cf. Mt 2,13-23) mostram como Jesus fazia parte da cultura e das tradições judaicas do século I. Esses eventos também deixam claro que Ele pertencia a um povo que vivia sob o domínio do Império Romano e enfrentava muitas dificuldades”, explicou.

Ele recordou que a circuncisão, um rito importante para os judeus, demonstra como Jesus seguiu as leis de sua religião desde o início. “Importante notar que Ele não seguia as leis de maneira cega e sem criticidade; pelo contrário, a grande relevância desse projeto é justamente manifestar o Reino de Deus como algo completamente contrário às projeções do sistema religioso e político da época. A apresentação no templo, por sua vez, mostra a ligação do povo judeu com Deus por meio de rituais e da esperança de uma cura esperada por meio de um salvador, representada por Simeão e Ana. Outro aspecto importante dessa cura é a fuga para o Egito, que reflete a dura realidade da época, marcada por injustiças e perseguições, como as causadas pelo rei Herodes”, ponderou Gisele.

Além disso, ela enfatizou que esses momentos da infância de Jesus revelam que Deus escolheu se fazer humano em toda a sua fragilidade, enfrentando os mesmos desafios de qualquer pessoa comum. “A história de Jesus criança nos lembra que Deus age no cotidiano e nos momentos mais simples, trazendo uma mensagem de cuidado e atenção, especialmente para os mais vulneráveis”, disse a biblista.

 

UM CERTO GALILEU

(Padre Zezinho)

Um certo dia, à beira-mar
apareceu um jovem galileu.
Ninguém podia imaginar
que alguém pudesse amar
do jeito que Ele amava.
Seu jeito simples de conversar
tocava o coração de quem o escutava.

E seu nome era Jesus de Nazaré.
Sua fama se espalhou e todos vinham ver
o fenômeno do jovem pregador
que tinha tanto amor.

Naquelas praias, naquele mar
naquele rio, em casa de Zaqueu.
Naquela estrada, naquele Sol.
E o povo a escutar histórias tão bonitas.
Seu jeito amigo de se expressar
enchia o coração de paz tão infinita.

E seu nome era Jesus de Nazaré.
Sua fama se espalhou e todos vinham ver
o fenômeno do jovem pregador
que tinha tanto amor.

Naquelas ruas, naquele chão.
Naquele poço e em casa de Simão.
Naquela relva, no entardecer
o mundo viu nascer a paz e a esperança.
Seu jeito puro de perdoar
fazia o coração voltar a ser criança.

E seu nome era Jesus de Nazaré.
Sua fama se espalhou e todos vinham ver
o fenômeno do jovem pregador
que tinha tanto amor.

Um certo dia, ao tribunal,
Alguém levou o jovem galileu.
Ninguém sabia qual foi o mal
E o crime que Ele fez, quais foram seus pecados.
Seu jeito honesto de denunciar
mexeu na posição de alguns privilegiados.

E mataram a Jesus de Nazaré.
E no meio de ladrões puseram sua cruz,
mas o mundo ainda tem medo de Jesus,
que tinha tanto amor.

Vitorioso, ressuscitou.
E após três dias, à vida Ele voltou.
Ressuscitado, não morre mais.
Está junto do Pai, pois Ele é o Filho eterno.
Mas Ele vive em cada lar
e onde se encontrar um coração fraterno.

Proclamamos que Jesus de Nazaré,
glorioso e triunfante, Deus conosco está.
Ele é o Cristo, é a razão da nossa fé
e um dia voltará!

Facebook
WhatsApp
Email
Imprimir
LinkedIn