A força da Fé

“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem.”
(Hb 11,1)

“Ter fé é ir com medo.”
(Edith Stein)

A fé é o pilar central da vida cristã, uma resposta do coração e da alma ao chamado divino que Deus dirige a cada pessoa humana. Nas Sagradas Escrituras, encontramos o convite de Cristo para que entreguemos nossa confiança no Pai que nunca nos abandona. Jesus nos lembra que “Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: ‘Passa daqui para lá’, e ele há de passar” (Mt 17,20). Entretanto, para que essa fé seja autêntica e floresça é necessário que ela tenha uma atitude concreta e ao amor, pois “a fé sem obras é morta” (Tg 2,26).

A fé cristã, então, não é passiva: ela exige ação. As obras representam a materialização do amor de Deus em nossas vidas, um reflexo de seu cuidado e retenção. Jesus, em sua vida pública, exemplificou esse compromisso: Ele curou, alimentou e confortou aqueles que encontrou em seu caminho, deixando-nos um legado de misericórdia e compaixão. Em cada gesto de caridade, Jesus mostrou que o amor é uma linguagem universal e que exige um comprometimento real com o chão da vida. Como nos ensina São João, “Se alguém disser: ‘Eu amo a Deus’, mas odiar o seu irmão, é mentiroso” (1Jo 4,20).

O amor cristão é, antes de tudo, um amor que se faz, que vai ao encontro do outro com generosidade. Em cada ato de caridade, Deus nos convida a seguirmos o exemplo de Cristo, que, sendo o Filho de Deus, “não veio para ser servido, mas para servir” (Mt 20,28). Inspirados pelo exemplo de Jesus somos chamados a manifestarmos a nossa fé por meio do amor ao próximo, criando laços de solidariedade, fraternidade e cuidado, sobretudo com os mais necessitados.

Dentre as muitas cenas e imagens que temos de Cristo, convém recordarmos aquela na qual Ele é apresentado como o “bom pastor”, aquele que conhece e cuida de suas ovelhas com profundo amor e zelo.

A vida de Cristo nos ensina que a verdadeira fé não é uma mera adesão às doutrinas, mas um caminho de transformação interior que se reflete na nossa maneira de ser e de agir. Quando nos aproximamos dele, sentimos o impulso de sermos melhores, de amarmos mais, de estendermos a mão a quem sofre. Essa dinâmica entre fé e obras é uma expressão concreta do mandamento de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (cf. Mt 22,37-39).

A fé cristã, em sua essência, é uma vivência encarnada, que não se limita ao âmbito individual. Como corpo místico de Cristo, a Igreja é chamada a agir no mundo, inspirando-se em seus ensinamentos para transformar a sociedade à luz do Evangelho.

Nossos dias, muitas vezes marcados pela pressa e pelo individualismo, desafiam-nos a redescobrirmos o valor da fé vivida em comunidade e traduzida em gestos concretos de fraternidade. É nesse contexto que a mensagem de Cristo “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12) se torna uma luz que guia nossos passos. Nossa fé só ganha sentido pleno quando se transforma em obras de amor, pois é por meio do amor que Deus se manifesta no mundo.

Que possamos, como cristãos, seguir o exemplo de Cristo, integrando fé, obras e amor em nossa caminhada. Que nossa fé seja o fundamento de nossas ações, nosso amor seja a marca da presença de Deus em nós e que, unidos como Igreja, possamos construir um mundo mais justo e fraterno, onde o amor de Deus possa ser reconhecido em cada gesto de compaixão e solidariedade. Assim, cumpriremos nossa missão de sermos, à imagem de Cristo, instrumentos do amor de Deus no mundo.

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