JUNHO VERDE, LUZ E ESPERANÇA NA CATEQUESE

A catequese inicia os catequizandos na leitura e escuta orante da Palavra, na vida de oração, na vida litúrgica, na caridade e na vida de comunhão com a comunidade e com a sociedade. Esse processo de iniciação favorece a contemplação da presença de Deus e de tudo o que foi criado por suas mãos: “Feliz aquele que tem por protetor o Deus de Jacó, que põe sua esperança no Senhor, seu Deus. É esse o Deus que fez o céu e a terra, o mar e tudo o que eles contêm; que é eternamente fiel à sua palavra” (Sl 145,5-6).

Na catequese, despertamos o amor e o cuidado pelas coisas de Deus, pela vida e pela natureza. O planeta Terra é um presente de Deus! Ele nos deu tudo o que temos ao nosso redor, por isso, precisamos saber respeitar tudo o temos para viver em plenitude. O cuidado da criação é nossa responsabilidade. Foi por isso que o Papa Francisco, em 2025, criou o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, sempre celebrado no dia 1º de setembro. No Brasil, acolhemos a proposta da campanha Junho Verde, instituída a partir da Lei Federal 14393/2022, por iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em diálogo com o Congresso Nacional.

Temos um mês para refletirmos sobre a realidade da vida e da ação do ser humano. Na Carta Encíclica Laudato Si’ (2015), sobre o cuidado com a casa comum, o Papa Francisco nos convida para uma renovada solidariedade entre todos: “O homem e a mulher deste mundo pós-moderno correm o risco permanente de se tornar profundamente individualistas e muitos problemas sociais de hoje estão relacionados com a busca egoísta duma satisfação imediata, com as crises dos laços familiares e sociais, com as dificuldades em reconhecer o outro. Muitas vezes, há um consumo excessivo e míope dos pais que prejudica os próprios filhos, que sentem cada vez mais dificuldade em comprar casa própria e fundar uma família. Além disso, essa falta de capacidade para pensar seriamente nas futuras gerações está ligada com a nossa incapacidade de alargar o horizonte das nossas preocupações e pensar naqueles que permanecem excluídos do desenvolvimento” (142).

Com palavras proféticas, o Papa fala sobre um modo de constituir um horizonte luminoso e competente para o cuidado com a casa comum. Em sua carta encíclica, ele detalha o conceito de ecologia integral, reforçando o vínculo entre as outras dimensões: ambiental, econômica e social. Na verdade tudo está interligado, pois, para uma postura saudável em relação à ecologia, é urgente investir no cuidado global da qualidade de vida do ser humano. Não podem faltar os investimentos na construção de uma vida digna, com diálogos positivos e com políticas públicas.

A defesa da vida no planeta é um compromisso cristão. Cada cidadão precisa ser incluído na grande jornada de solidariedade e de compromisso pela vida, por uma autêntica prática da amizade social.

A Palavra de Deus nos apresenta muitas maneiras de oração e de ação em favor da vida e do meio ambiente. Os Salmos nos falam da generosa bondade de Deus e de sua obra criadora. O cuidado da criação é um agradável louvor a Deus, que merece todo o nosso agradecimento por tantos presentes: a vida, o corpo e a natureza.

Podemos refletir sobre quais ações concretas nossas comunidades podem assumir para melhorar o meio ambiente e respeitar a obra da criação. Pequenas atitudes podem ser registradas como grandes passos para o processo de reeducação ecológica.

A catequese pode:

  • favorecer a contemplação da vida e da natureza;
  •  despertar o amor pela criação;
  • motivar as famílias para orações em agradecimento pelo dom da vida e pela obra da criação;
  • incentivar as pessoas para passeios a lugares diferentes, despertando a descoberta e o respeito pelas fontes de onde vêm os produtos que consumimos;
  • animar os catequizandos para uma consciência ecológica numa perspectiva social, pastoral e bíblica.

APRENDENDO COM JESUS

Jesus, em seus ensinamentos, falou em parábolas, utilizando muitas referências da natureza – semente, terra, pão, videira, luz, sal… Ele caminhou por diferentes cenários – praia, campo, estradas e vilarejos –, sempre anunciando as novidades do Reino.

Hoje, podemos atualizar os ensinamentos de Jesus na catequese, com recursos naturais e referências da riquíssima fauna e flora do Brasil. Um exemplo seria uma releitura da parábola do Semeador (cf. Mt 13,1-23; Mc 4,1-20; Lc 4,5-15), apresentando os cinco biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal, que abrigam diferentes tipos de vida vegetal e animal. Também, com atividades lúdicas, utilizando recursos audiovisuais, tais como vídeos, filmes e músicas, propondo atividades sustentáveis, como o descarte adequado do lixo orgânico e não orgânico, motivando para a prática da reciclagem e de participação em campanhas de conscientização sobre o cuidado com a criação.

Dessa maneira, a catequese pode ser revestida de luz e de esperança, para que o verde seja a cor e a motivação para o crescimento e para a renovação. Uma catequese que promove atitudes ecológicas contribui para que o ser humano desenvolva um novo modo de cuidar e proteger a vida. É urgente levar nossos catequizandos ao acolhimento da missão de serem cuidadores da vida, princípio próprio da vida e da fé cristã.

Queridos catequistas, caminhemos de mãos dadas com a vida!

Juntos na missão!

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