Realizou-se na cidade de Aparecida (SP), de 13 a 31 de maio de 2007, a 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe (CELAM). Esse acontecimento da Igreja reuniu o Papa, bispos, sacerdotes, diáconos, consagrados, leigos e convidados para refletirem sobre a missão da Igreja em nosso continente nestes tempos tão desafiadores.
Um documento final foi elaborado com a síntese das reflexões e propostas de vida e ação para a Igreja. Esse documento fala da vida de nossos povos hoje e manifesta a certeza de que, antes de tudo, somos convocados para ser discípulos e missionários de Jesus, a quem reconhecemos como Mestre e Senhor da Vida.
A Igreja nasceu e existe para evangelizar, essa é sua missão, o sentido de sua existência.
Compreender a evangelização com todas as suas características, processos, etapas é uma missão permanente e decisiva para a vida da Igreja e da sociedade.
O documento fala também do olhar dos discípulos sobre a realidade e destaca aspectos socioculturais, sociais, políticos, econômicos, assim como a biodiversidade, a ecologia e presença dos povos indígenas e africanos e a situação da Igreja diante desses e outros desafios. Recorda ainda que “Como nos disse o Papa em seu discurso inaugural, ‘Só quem reconhece a Deus conhece a realidade e pode responder a ela de modo adequado e realmente humano’”. Nesse contexto, destaca as conquistas e avanços da Igreja na sua missão nessa realidade tão diversificada e desafiadora.
Em Aparecida, destacou-se ainda a vida de Jesus Cristo nos discípulos e missionários e a alegria da descoberta, da escolha, do seguimento, da partilha e do testemunho do seguimento do Senhor. Jesus e seu Evangelho são Boa-Nova para todos, mesmo para os cristãos que precisam redescobri-lo nas suas múltiplas expressões. Destaca a vocação dos discípulos à santidade, estilo de vida dos seguidores de Jesus que os faz parecidos com o Mestre. Nesse ponto o documento apresenta a Virgem Maria como a imagem esplêndida da conformação ao projeto trinitário que se cumpre em Cristo. Desde a sua concepção imaculada até sua assunção, recorda-nos que a beleza do ser humano está toda no vínculo do amor com a Trindade e que a plenitude de nossa liberdade está na resposta positiva que lhe damos. Maria é apresentada como modelo perfeito do discípulo missionário.
Celebrando este mês de maio, vamos procurar conhecer mais a pessoa e a missão de Maria e que assim seja mais amada e vivida como modelo de nossas vidas.
Maria viveu como ninguém o “mistério da fé”. Mostra com sua atitude que crer é confiar, fazer a vontade de Deus e prestar atenção, procurar compreender as palavras e as atitudes de Jesus que manifestam como Deus é, como Ele age. Mesmo sendo mãe, Maria se fez discípula. Na verdade foi o primeiro e o mais perfeito discípulo de Jesus. Ela foi orientando sua vida a Ele, aprendendo com Ele de maneira livre e consciente a seguir Jesus reconhecendo nele o Cristo.
Maria deu passos concretos de aprendizado de como passar da cultura judaica para a cultura cristã, da antiga aliança para uma nova aliança. E o que todos nós, seres humanos que desejamos ser discípulos de Cristo, sentimos de buscas, esperanças, dúvidas, encontros, desafios no caminho da fé, Maria viveu atingindo uma experiência e uma vivência que são modelos para todos nós. Sua presença aos pés da cruz manifesta o ápice de sua trajetória, da sua fidelidade a toda prova mesmo nos momentos dramáticos e o sentido de toda sua vida: viver a profunda comunhão com Deus, penetrar o seu mistério sem reduzi-lo nem compreendê-lo, apenas acolhendo, vivendo, oferecendo-se.
Com sua atitude, Maria ensina que a vida é arte, beleza, mistério. Arte e mistério que uma parte fazemos nós e outra nos é dada. Ensina que Deus é um mistério não para ser compreendido com nossa inteligência, com nossos pensamentos, mas para ser acolhido, vivido, amado, louvado na abertura do coração e do espírito, da alma e da mente. Deus em quem se pode acreditar mesmo sem entender. Deus é maior que nossa pequenez, que nossa pobre visão.