O CRUCIFICADO É O RESSUSCITADO (JO 20,1-9)

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Maria Madalena está apreensiva e procura Jesus. É presente uma grande tristeza por sua ausência. Coloca-se a caminho para onde julga que Ele ainda está. Ela foi a primeira testemunha da ressurreição.

O Evangelho de João, por meio da visita dos dois discípulos ao sepulcro vazio e da aparição a Maria Madalena, busca comunicar aos leitores o significado da fé na ressurreição. 

Os apóstolos anunciam uma ressurreição muito específica: a do homem chamado Jesus, que as autoridades civis e religiosas rejeitaram, pois diziam ser blasfemo, e o condenaram. Quando Jesus foi atacado pelas autoridades, Ele se viu sozinho. Seus discípulos o abandonaram e até mesmo Deus ficou em silêncio. Com sua morte na cruz, tudo pareceu acabar. Seus discípulos se dispersaram e o queriam esquecer, mas, algo aconteceu. Uma nova e poderosa experiência se impôs a eles: sentiram que Ele estava vivo. Foram invadidos por uma estranha certeza: que Deus se levantou por Jesus. Jesus está vivo, a morte não conseguiu vencê-lo¡ Deus o ressuscitou, colocou-o à sua direita, confirmando a verdade e o valor de sua vida, de sua palavra, de sua causa: o Reino de Deus. Jesus estava certo e aqueles que o expulsaram deste mundo, não. Deus está do lado de Jesus, Deus apoia a causa dos crucificados.

O Crucificado vive! Ele ressuscitou! Foi isso que realmente irritou as autoridades religiosas. Jesus irritou-as quando estava vivo e ainda mais quando ressuscitou dos mortos. Para as autoridades, o que tanto as irritava não era o fato de uma ressurreição, quer o ser humano estivesse vivo ou morto. O que não podiam tolerar era que aquele ser humano específico, Jesus de Nazaré, cuja causa (seu projeto, sua Boa-Nova) eles haviam considerado tão perigosa e acreditavam que tudo terminara ao crucificá-lo, Ele novamente se levantaria. Não podiam aceitar que Deus mostrasse seu rosto para aquele crucificado condenado e excomungado. Era impossível para elas que Deus se manifestasse em favor de Jesus e de sua causa. Acreditavam em outro deus, não naquele em que os discípulos de Jesus acreditavam.

A ressurreição é a luz para entender as Escrituras. Nos outros evangelhos são mencionadas várias mulheres junto ao túmulo. Em João, apenas Maria Madalena é mencionada. Ela teve a coragem de ficar com Jesus até a hora de sua morte na cruz (cf. Jo 19,25). Ela anuncia que encontrara a pedra do túmulo removida, então, Pedro e o discípulo amado vão ao túmulo. O Evangelho narra algo um tanto estranho: o “outro discípulo (discípulo amado)” correu mais rápido que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro, mas, não entrou. Pedro entrou e viu os panos postos no chão. Então o discípulo amado entrou e o Evangelho diz que ele viu e acreditou, mas não nos diz nada sobre a reação de Pedro, que entrou primeiro no túmulo vazio.

Por fim, o Evangelho acrescenta esta frase: “Eles ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos” (Jo 20,9). Isso significa que a luz para compreender o verdadeiro sentido do Antigo Testamento está na ressurreição de Jesus: Ele viu e acreditou. O sepulcro vazio foi para ele, e só para ele, um “sinal”. A experiência da ressurreição foi como uma luz que entrou nos olhos dos discípulos e das discípulas e lhes revelou o sentido pleno e completo do Antigo Testamento. As palavras e os gestos de Jesus ao longo da sua vida, a imagem do Pai que nos transmitiu, o seu projeto do Reino de Deus, nascidos da sua experiência de Filho amado e ressuscitado pelo Pai, mudaram todo o sentido do Antigo Testamento (cf. Mt 5,17-18). O próprio Deus, que às vezes parecia tão distante e severo antes, assumiu as feições de um bom pai, cheio de ternura.

Ao descrever a paixão e a morte de Jesus, o Evangelho de João não põe a força na condenação de alguém que é contra o que o poder político faz, mas na hora da glorificação do Filho de Deus. Ao longo de todo o processo que o leva à morte, Jesus controla os acontecimentos, tanto os seus como os dos seus adversários. Para João, a cruz é sinônimo de “elevação”, subida ao alto, para estar junto ao Pai (cf Jo 3,14; 8,28; 12,32-34). É o início da ressurreição que se manifestará plenamente no primeiro dia da semana (cf. Jo 20,1). Por isso, no Evangelho de João, não há agonia no Horto (cf. Jo 18,1-2); Na prisão, os soldados ficam aterrorizados quando Jesus afirma “Eu sou!” (Jo 18,6).

Aleluia! Jesus ressuscitou!

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