O MENINO QUE CAIU NO FUNDO DO POÇO

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“Do fundo do abismo, clamo a vós, Senhor; Senhor, ouvi minha oração. Que vossos ouvidos estejam atentos à voz de minha súplica. Se tiverdes em conta nossos pecados, Senhor, Senhor, quem poderá subsistir diante de vós? Mas em vós se encontra o perdão dos pecados, para que, reverentes, vos sirvamos. Ponho a minha esperança no Senhor. Minha alma tem confiança em sua palavra. Minha alma espera pelo Senhor, mais ansiosa do que os vigias pela manhã. Mais do que os vigias que aguardam a manhã, espere Israel pelo Senhor, porque junto ao Senhor se acha a misericórdia; encontra-se nele copiosa redenção. E Ele mesmo há de remir Israel de todas as suas iniquidades.” (Sl 129).

A noite era de muita alegria. As crianças brincavam no fundo da casa, enquanto os familiares, reunidos em festa, saboreavam comida italiana. De repente, uma menina veio correndo, gritando: “Meu Deus, o Murilo caiu no buraco”. O desespero tomou conta de todos. Naquele lugar de confraternização, havia um poço desativado, de uns 25 metros de profundidade. O menino subiu em cima das madeiras que o protegiam e elas se quebraram, então, ele caiu até o fundo, ficando preso na escuridão, em profundo sofrimento.

Os bombeiros de Porto Ferreira (SP) foram acionados, imediatamente. Enquanto aguardavam o resgate, todos os que estavam presentes deram as mãos e ficaram rezando, clamando a misericórdia divina. Os bombeiros chegaram e montaram seus equipamentos. A tensão tomou conta de todo mundo. Será que o menino estava vivo? Havia se machucado muito? Qual era a situação dele lá no fundo do poço? Um dos profissionais desceu e, lá de baixo, deu a notícia que fez o coração da família, dos amigos e de muitos curiosos que acompanhavam a cena queriam ouvir: “Ele está bem, graças a Deus”. Então, resgataram o menino, que passou por uma avaliação prévia e foi encaminhado para a Santa Casa de Tambaú (SP). Depois foi transferido para um hospital de São João da Boa Vista (SP), onde realizou exames e recebeu alta.

Murilo fez aniversário naquela semana, no dia 2 de junho de 2022. Quis dar um presente para o bombeiro que desceu e o tirou daquele lugar frio e escuro: pintou o desenho de um bombeiro de mãos dadas com um menino. Naquele fim de semana, por ser o último do mês de maio, Murilo participaria da coroação de Nossa Senhora. À tarde, antes do acidente, participou do ensaio com as outras crianças. Em uma das músicas, elas pediam a ajuda de Nossa Senhora, cantando “Vem Maria, vem nos ajudar nesse caminhar tão difícil rumo ao Pai”. Sua mãe, Juliana, deu testemunho, em uma das missas, da graça que alcançaram. Agradeceu, muito emocionada, a intercessão da Virgem Maria e do bem-aventurado Padre Donizetti, que trabalhou na cidade onde eles tem morado por 35 anos.

O Catecismo da Igreja Católica ensina que a “(…) maternidade de Maria na economia da graça perdura ininterruptamente, a partir do consentimento que ela fielmente prestou na anunciação, que sob a cruz resolutamente manteve, até à perpétua consumação de todos os eleitos.

Assunta aos Céus, não abandonou este múnus salvífico, mas por sua múltipla intercessão prossegue em granjear-nos os dons da salvação eterna (…). Por isso, a bem-aventurada Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de advogada, auxiliadora, protetora, medianeira” (969). Que esse acontecimento faça crescer em nós a confiança na presença de Deus e de Nossa Senhora em todos os momentos de nossa caminhada cristã, especialmente naqueles em que estivermos, como Murilo, no fundo do poço!

Pe. Agnaldo José

Sacerdote da Diocese de São João da Boa Vista-SP, trabalha na Paróquia Nossa Senhora das Dores, em Casa Branca-SP. Formado em Filosofia, Teologia e Comunicação Social, pós-graduado em Jornalismo Literário pela Academia Brasileira de Jornalismo Literário e mestre em Comunicação na Contemporaneidade pela Faculdade Cásper Libero de São Paulo-SP, já publicou 17 livros nas áreas de Literatura, Comunicação e Espiritualidade. É é coordenador da Pastoral da Comunicação da sua diocese e apresentador do programa “Louvemos o Senhor” na Rede Século 21.

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