O papel missionário dos Leigos na Igreja e na Sociedade: Assuma seu chamado!

COMO CRISTÃOS LEIGOS VIVEM A DIMENSÃO MISSIONÁRIA DA FÉ EM DIFERENTES CONTEXTOS 

Missão é partir, “mas não devorar quilômetros”, escreveu em um de seus poemas Dom Hélder Câmara. É partir ao encontro do outro, “sair do próprio egoísmo”. Em outubro, a Igreja, em todo o mundo, celebra o Mês Missionário. Na Igreja Católica todos são convidados e convocados para a missão. A Igreja Católica é, em sua essência, apostólica, ou seja, missionária.

Por isso, não somente sacerdotes, bispos e religiosos são chamados a ser missionários, mas também, e sobretudo, os cristãos leigos. O teólogo Cesar Kuzma escreveu, em um de seus artigos, que “é através de sua vida intereclesial (pela escuta e vivência da Palavra, juntamente com os sacramentos e prática comunitária) e extraeclesial (o agir no mundo), que leigos e leigas serão testemunhas vivas daquilo que é a essência do cristianismo, caminhando, deste modo, rumo à santidade: destino comum de todos nós”.

Em outras palavras, os leigos são, em essência, aqueles que testemunham a vivência cristã no mundo, em todos os lugares que estão. A Constituição Dogmática Lumen Gentium, no número 31, explica o que a Igreja entende por leigos, “o conjunto dos fiéis, com exceção daqueles que receberam uma ordem sagrada ou abraçaram o estado religioso aprovado pela Igreja, isto é, os fiéis que, por haverem sido incorporados em Cristo pelo Batismo e constituídos em povo de Deus, por participarem a seu modo do múnus sacerdotal, profético e real de Cristo, realizam na Igreja e no mundo, na parte que lhes compete, a missão de todo o povo cristão”.

EXPERIÊNCIA MAGNÍFICA

Rosália Dettman Ozza, 35 anos, participa da comunidade Santo Agostinho, da Paróquia Santa Isabel, da Arquidiocese de Vitória (ES). “Eu participo da comunidade há 23 anos. Sou ministra da Eucaristia e da Pastoral do Batismo, além do grupo de coroinhas. Sou coordenadora da minha comunidade e me sinto abençoada em cada uma dessas missões. Para mim é prazeroso participar de cada uma delas”, disse.

Rosália vive muitas histórias bonitas na comunidade. “Fizemos a missão na casa dos membros da comunidade e foi uma experiência muito bonita. O dia em que tivemos seminaristas em missão na comunidade foi especial, pois aprendi muito com as famílias, pois a fé de cada família é linda demais”, contou.

A coordenadora salientou que sua vida mudou completamente. “Quando decidi dedicar um pouco da vida à Igreja percebi quanto a experiência é satisfatória e magnífica. Eu me tornei uma pessoa completamente nova”. Além disso, ela sente que a missão começa em casa: “Minha família mudou muito depois que entrei na comunidade”.

MINHA VIDA MUDOU

Domingos Machado Viana, 56 anos, é da Comunidade Santa Rita de Cássia, da Paróquia Santa Teresa de Calcutá, que fica no Jardim Limoeiro, periferia de São Paulo (SP). Membro do grupo do Terço dos Homens, Domingos é ministro da Sagrada Comunhão e da Palavra, além de catequista de Crisma e membro da Pastoral Familiar. 

“Aqui no Recanto Verde do Sol estou desde 2008 e ajudo muito nas obras. Além disso, quando a gente tem missão e sai para as casas, rezamos o Terço e contribuímos com as obras sociais. Assim, ajudo sempre na medida do possível”, explicou.

Histórias bonitas na comunidade, Domingos tem muitas. “Eu sofri três acidentes e, então, quando mais precisei, meus irmãos do encontro de casais, da Pastoral Familiar me ajudaram muito. Eu não podia caminhar e eles iam a minha casa me buscar e me levavam para que eu não ficasse longe da comunidade”, contou.

“Minha vida mudou muito com a participação comunitária, pois eu não ia nem à Missa e agora não somente participo das missas, mas também de muitos trabalhos importantes que a comunidade realiza”, disse Domingos.

Para ele, a missão acontece em todos os lugares: “Acredito que é importante ser missionário em casa ou na comunidade. Desde que meus filhos nasceram, a gente os leva para a comunidade, fomos catequistas dos nossos próprios filhos e na comunidade estamos sempre presentes”, concluiu.

TUDO E QUALQUER LUGAR É MISSÃO

Aline Oliveira da Silva Barbosa, 35 anos, participa da Renovação Carismática Católica no Ministério Universidades Renovadas, em Manaus (AM). Aline trabalha a evangelização dentro da comunidade acadêmica. “Participo há mais de vinte anos do movimento, porém no Ministério Universidades Renovadas há oito anos”, contou.

Dentro da Renovação Carismática Católica, Aline sente que encontrou sua vocação: “Encontrei muitas possibilidades para contribuir com o povo de Deus. Para mim é uma experiência renovadora porque deparo com várias realidades e contextos sociais. Cada vez que vou em missão, seja para pregar ou a algum campus, é um ato de solidariedade. Para mim cada dia é uma nova experiência”. 

Dentro do ministério, ela atua também como profissional com atendimentos psicológicos: “Sinto que dou aquilo que recebi de graça, que é o dom da psicologia”. 

Aline recordou uma experiência que a marcou profundamente: “Eu estava numa faculdade e na capela entrou um jovem enquanto eu estava em meu momento de oração pessoal. Era hora do almoço e ele começou a conversar comigo, contando vários fatos da vida dele. Descobri que estava passando necessidade, sentia-se fraco, pois não tinha nem dinheiro para comer no restaurante da universidade. Naquele momento, conversamos, rezamos juntos. Providenciamos algum dinheiro para que ele pudesse passar a semana e, desde então, o jovem começou a participar do grupo de oração. Hoje ele é formado, membro de uma pastoral e é uma pessoa muito feliz e realizada. Então, essa experiência para mim é muito significativa, porque aconteceu num dia cotidiano. Uma tarde qualquer na minha missão, que mudou completamente a vida dele”.

“Acredito que é muito importante ser missionária dentro da própria casa. Compreendo que tudo o que fazemos é missão. Desde levantar da cama, arrumá-la, fazer um café. Tudo é missão, pois estamos servindo uns aos outros. Estar em família e pensar no bem-estar das pessoas que moram conosco é viver a missão. Onde estivermos somos instrumentos de missão, por isso temos que estar alertas às nossas condutas. Para quem se diz cristão, tudo e qualquer lugar é missão”, concluiu Aline em entrevista à reportagem.

Dom Hélder Câmara

Missão é partir, caminhar,
deixar tudo, sair de si,
quebrar a crosta do egoísmo
que nos fecha no nosso eu.
É parar de dar voltas
ao redor de nós mesmos
como se fôssemos o centro
do mundo e da vida.
Missão é sempre partir,
mas não devorar quilômetros.
É, sobretudo, abrir-se aos outros como irmãos.
Descobri-los e encontrá-los.
E se, para encontrá-los e amá-los,
é preciso atravessar os mares
e voar nos céus,
então missão é partir até os confins do mundo.

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