Ao contemplar os dez mandamentos da Lei de Deus, percebe-se que o sexto é “Não pecar contra a castidade”, o que implica dizer vivê-la de modo íntegro, sem feri-la, o que possibilita ao ser humano o caminhar em comunhão com Deus e numa harmonia de vida consigo mesmo.
Deus criou o homem e a mulher de modo íntegro, quer dizer, plenos, sem a mácula, conforme está narrado no Livro do Gênesis, porém, quando esses pecaram daí houve um distanciamento da vontade primeira do Criador; porém, Ele é tão bom que enviou os profetas a fim de pronunciarem a Palavra Divina e aqueles que haviam pecado se convertessem e voltassem à sua condição primária. A essência do ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, é ser harmonioso no amor, isto é, amar e ser amado equilibradamente. É viver a sua vocação de amar. Afirma o Catecismo da Igreja Católica, no número 2331: “Deus é amor e vive em si mesmo um mistério de comunhão pessoal de amor. Ao criar a humanidade do homem e da mulher à sua imagem (…) Deus inscreveu nela a vocação para o amor e para a comunhão e, portanto, a capacidade e a responsabilidade correspondentes”.
Não há como compreender a castidade sem que seja a partir da vocação ao amor: por exemplo, o homem e a mulher, ao acolher o amor que vem de Deus, vivem a essência do amor de modo receptivo e, tendo essa consciência e conhecendo os seus limites humanos, haverão de amar respeitosamente um ao outro, sem que firam a dignidade de filhos de Deus e de pessoa humana: “A castidade significa a integração conseguida da sexualidade na pessoa e daí a unidade interior do homem no seu ser corporal e espiritual. A sexualidade, na qual se exprime a pertença do homem ao mundo corporal e biológico, torna-se pessoal e verdadeiramente humana quando integrada na relação de pessoa a pessoa, no dom mútuo total e temporalmente ilimitado, do homem e da mulher. A virtude da castidade engloba, portanto, a integridade da pessoa e a integralidade da doação” (Catecismo da Igreja Católica, 2337). A castidade é, por sua vez, o ordenamento da vontade humana à vontade de Deus. Daí é importante se perguntar: o que Deus pensa de mim? Meu modo de amar caminha em conformidade com a vontade de Deus?
Antes de ser casto nas atitudes, o ser humano precisa ser casto no coração e na mente, é isso que garante essa comunhão e integralidade enquanto pessoa criada por Deus para a vivência do amor. A castidade não pode, jamais, caminhar longe da virtude da temperança. É ela que vai dando o equilíbrio, a harmonia, de modo que a pessoa faça uma análise interior – olhe para o mais profundo de seu coração – e se enxergue como um ser criado pelo amor divino e queira viver o amor humano ordenadamente, ou seja, controlando seus impulsos carnais, por isso, sabiamente diz a Igreja: “A castidade implica uma aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia da liberdade humana. A alternativa é clara: ou o homem comanda as suas paixões e alcança a paz, ou se deixa dominar por elas e torna-se infeliz” (Catecismo da Igreja Católica, 2339).
Para salvaguardar a paz interior de cada ser humano, cuja origem está no coração de Deus, é que a Igreja no sexto mandamento afirma “Não pecar contra a castidade”, contudo, não se atemorize das vezes em que você se distanciou desse mandamento, porém, o mais bonito é saber que a misericórdia de Deus vai ao seu encontro de modo a o resgatar para a harmonia do amor, a condição primeira a que foi criado. Saiba que Ele não se deixa vencer em generosidade na arte de amar você, por isso acolha sempre a vontade dele em sua vida, só assim será capaz de amar integralmente e de viver a beleza da castidade!