“PEDRO, TU ME AMAS?” (JO 21,15)
Pedro sempre esteve ao lado de Jesus, era próximo do amigo fiel. Caminhou com Jesus por longas estradas e com atenção à palavra do Mestre: subiu montanhas, lançou as redes, escutou e acolheu seus ensinamentos; enviado em missão, anunciou a paz. Foi um exemplo de companheiro aprendiz: “Explica-nos esta parábola” (Mt 15,15). Pedro, como discípulo missionário, lançou as sementes do Reino, com sua dedicação e sua determinação para ser fiel ao chamado de Jesus: “Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens” (Mt 4,19)
Com uma personalidade forte, tentou ir além de suas possibilidades. Extremamente humano, sorriu e chorou, sofreu com Jesus e deu testemunho de sua fé: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16). A fé e o desejo de permanecer sempre próximo de Jesus o levaram a se comportar de forma ousada e inesperada. Quis ir ao encontro de Jesus em alto mar: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água” (Mt 14,28). Pedro caminhou por um tempo e depois afundou. Enquanto manteve seu olhar firme em Jesus, ele contemplava o Senhor e seu poder divino sobre a natureza. No entanto, quando desviou seu olhar e sentiu o vento, “Ficou com medo e, começando a afundar, gritou: ‘Senhor, salva-me!’” (Mt 14,30).
Toda ousadia e toda criatividade, na catequese, precisam ser inspiradas na verdadeira experiência de fé em Jesus. Quando permanecemos com o nosso olhar fixo nele, nossa vida de fé se fortalece e podemos compartilhar com os catequizandos tudo o que aprendemos.
Jesus era capaz de caminhar sobre as águas para revelar aos seus discípulos sua divindade e para que essa atitude servisse para fortalecer a fé deles; por isso, testemunhando a força de sua presença, capaz de cessar o vento forte, os discípulos adoraram Jesus dizendo “Verdadeiramente tu és o Filho de Deus” (Mt 14,33).
Pedro chegou ao extremo de seu amor não querendo aceitar que Jesus se entregasse à morte: “Jesus começou a mostrar aos discípulos que era necessário Ele ir a Jerusalém, sofrer muito da parte dos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, no terceiro dia, ressuscitar. Então Pedro o chamou de lado e começou a censurá-lo: ‘Deus não permita tal coisa. Senhor! Que isto nunca te aconteça’” (Mt 16,21-22).
Também, num momento de desespero, cortou a orelha do servo do sumo sacerdote (cf. Mt 18,10) e prometeu ir com Jesus até à prisão e à morte (cf. Lc 22,33).
TUDO POR AMOR!
Tudo foi feito com amor. Jesus e Pedro fizeram a experiência do amor: Jesus de modo incondicional e Pedro com suas limitações humanas.
Na catequese, devemos testemunhar o nosso amor por Jesus, pela Igreja, pela comunidade onde servimos, pelo nosso ministério e pelos catequizandos e suas famílias. Temos que fazer expandir esse amor para além das portas e das janelas da paróquia, o mundo está sedento de Deus.
Revelamos nosso amor no caminho do discipulado quando:
- Mantemos nosso olhar fixo em Jesus;
- Caminhamos seguros e confiantes, porque não estamos sozinhos;
- Compartilhamos a nossa fé com alegria;
- Alimentamos a nossa vida espiritual com a Palavra, a Eucaristia e a caridade;
- Perseveramos na comunhão fraterna;
- Acolhemos os sacramentos como fontes de bênçãos para a nossa vida;
- Fortalecemos nossa esperança na construção de um mundo mais justo;
- Buscamos ser luz para os outros;
- Entendemos que a nossa comunhão com Trindade santa passa pela experiência concreta de comunhão com o próximo;
- Cuidamos da vida interior e da Terra para mantermos uma vida saudável.
TUDO COM AMOR!
Jesus confirma o pastoreio de Pedro com uma insistente pergunta:
“Pedro, tu me amas?” (Jo 21,15-19). Obviamente, a intenção de Jesus não era de constranger ou envergonhar o apóstolo, seu amigo e amado seguidor. Assim, como perguntou a Pedro, Jesus pergunta a cada um de nós: “Você me ama?”.
Ele continua insistindo na pergunta para nos ajudar na compreensão de que o amor que Ele quer não está no que fazemos, somente, com boa vontade ou por obrigação. O amor que Ele espera é aquele amor maior, verdadeiro ágape: amor que não se mede, que se doa, incondicional, um amor que se entrega.
Somos mensageiros do amor! É urgente lançar um olhar generoso sobre o nosso ministério, ponto de partida para reconhecermos que somos todos amados por Deus; somos iguais e dignos de uma vida saudável e feliz.
Amar o que faz pode ser uma atitude libertadora para fazermos o melhor, com o coração. Vamos compartilhar o amor, como Jesus pediu: “Cuida das minhas ovelhas” (Jo 21,17). Essa missão vamos tecendo na arte de viver e conviver.
Ouvir é um ato de amor. Somos convidados a ouvir assim como fizeram os grandes personagens bíblicos e como vemos Pedro, o apóstolo chamado para ser pastor.
Deus, em Cristo Jesus, revela que não quer de todos nós uma parcela do nosso amor, Ele quer mais, muito mais! Esse amor que Jesus pediu a Pedro era a renovação de sua fé, de sua esperança e de sua dedicação em favor da comunidade. Pedro será o pastor do rebanho.
Agora fica claro o que Jesus espera de nós. Que saibamos ouvir sua voz para fortalecer:
- O cuidado maior com o nosso trabalho;
- A dedicação na integração dos catequizandos e famílias com a comunidade eclesial;
- A atenção especial com aqueles que estão dando os primeiros passos de iniciação à vida cristã.
Catequistas, conscientes das nossas limitações, vamos responder a Jesus: “Senhor, tu sabes que te amo” e acolher o que Ele nos pede.
Caminhemos com esperança e juntos na missão!