A adolescência tardia é a fase de transição entre a adolescência e a vida adulta, marcada por um maior desenvolvimento da identidade pessoal, pela consolidação das convicções e pelo aprofundamento dos valores. Esse período apresenta resolução da crise de identidade versus confusão de papéis (cf. Diretório para a catequese, 248), no qual o adolescente busca assumir um papel claro na sociedade, estabelecendo compromissos e escolhas de vida coerentes.
Os adolescentes nessa etapa já operam no estágio das operações formais, o que significa que conseguem pensar de forma abstrata, dedutiva e projetar-se no futuro, embora as decisões emocionais ainda possam ser instáveis. Os autores Padre Eduardo Calandro e Jordélio Siles explicam o seguinte: “É uma fase de fortes sentimentos e emoções, com intensos relacionamentos de oposição. Duas importantes tarefas durante esse período são: transformar-se de uma pessoa dependente em uma pessoa independente e estabelecer uma identidade” (Psicopedagogia catequética: reflexões e vivências para a catequese conforme as idades. Volume 2 – Adolescentes e jovens, p. 36).
Do ponto de vista psicopedagógico catequético, o catequista deve reconhecer que, nessa fase, o adolescente tardio está apto a compreender verdades teológicas mais profundas, relacionar conceitos da fé com problemas éticos e sociais e integrar fé e vida de maneira mais consciente. É um tempo propício para a maturação espiritual e para o discernimento vocacional. Obviamente que isso só é possível quando se tem clareza do processo catequético conforme as idades e que cada fase da vida tem seu desenvolvimento e crescimento próprio.
O Diretório para a catequese (2020) afirma: “Os adolescentes estão a caminho, em trânsito. (…) Vivem exatamente esta tensão, antes de tudo em si mesmos e depois com quantos os circundam. (…) Faz parte do crescimento normal e natural da vida dos nossos adolescentes” (248). Por isso, nessa fase a catequese precisa favorecer o diálogo entre fé e razão, especialmente diante dos desafios culturais e científicos do mundo atual.
Aspectos psicopedagógicos na catequese da adolescência tardia:
- Integração fé-vida: é o momento de ajudar o jovem a tomar decisões baseadas nos valores evangélicos, seja na escolha profissional, afetiva ou vocacional;
- Participação ativa: propor responsabilidades concretas na comunidade, ajudando-o a se ver como protagonista da missão da Igreja;
- Formação doutrinal sólida: ensinar com profundidade os fundamentos bíblicos, teológicos e morais da fé, mostrando a coerência entre a fé católica e os grandes desafios humanos;
- Acompanhamento pessoal: escuta ativa e discernimento espiritual para ajudá-lo a superar crises de fé, dúvidas e pressões externas.
Por fim, catequista, nesse momento é preciso fazer atividades constantes, pois os catequizandos já têm capacidade de participar ativamente da vida em comunidade e viver relações de amizade profunda. Você precisa ser um amparo para seus catequizandos e sempre que possível conversar com eles noutros momentos fora da catequese. É tempo também de começar a falar sobre vocação e convidá-los para ajudar na catequese. Não se pode negligenciar a inclusão deles em atividades pastorais.