Quando falamos de adolescentes e jovens, as perguntas norteadoras para nós catequistas são: “Como é possível realizar um trabalho com o adolescente e o jovem sem conhecê-los adequadamente? De que forma é possível fazer uma catequese sistemática, profunda e envolvente, sem deixar de transmitir os valores essenciais da fé católica?”.
Quando olhamos para essas questões, percebemos que não é de hoje que a Santa Mãe Igreja tem se preocupado com uma catequese que entra na vida dos interlocutores; para isso é preciso compreender o mundo de seus interlocutores. O novo Diretório para a catequese, publicado em 2020, esclarece vários pontos sobre essa fase da vida dos catequizandos, vejamos a seguir.
A pré-adolescência caracteriza-se precisamente por essa mistura de emoções contraditórias e oscilantes que, na verdade, nascem da necessidade de rivalizar, experimentar, pôr-se à prova, para se redefinir como protagonista e autonomamente uma identidade que quer renascer. De fato, nesse período, acompanhado por um forte desenvolvimento da dimensão física e emocional, começa a tomar forma o processo lento e laborioso de personalização do indivíduo (cf. Diretório para a catequese, 246).
Como visto, essa fase da vida, que é complexa e confusa até para o próprio adolescente, requer cuidado e atenção, principalmente em momentos de “rivalização”, quando o adolescente quer pôr à prova os responsáveis e pessoas que estão diretamente ligadas ao seu crescimento físico, emocional e espiritual. É importante entender que a pré-adolescência é uma preparação para a adolescência em si. “Antes de tudo, a criança se desliga daquilo que a prende à infância e busca construir nova identidade para si. Há uma ruptura do círculo infantil, um vaivém entre os interesses próprios da infância e da adolescência e a busca de uma personalidade nova” (Calandro e Ledo, 2014), porém em dois níveis essenciais: exterior e sensível.
Vale a pena observar que a idade da adolescência pode variar. Alguns dizem que vai dos 12 aos 18 anos, mas estudos mais recentes falam que a adolescência tem se prolongado um pouco mais. Isso também está relacionado ao espaço social em que cada indivíduo vive, daí a necessidade de ter maior atenção aos interlocutores da catequese.
Podemos destacar dois pontos importantes na catequese do tempo da pré-adolescência:
- Catequese mais racional, buscando dar razão às inquietações dos catequizandos, apresentando de maneira mais sistemática a revelação, a fé, a tradição e o magistério da Igreja;
- Catequese mais orante: a experiência espiritual pessoal e comunitária no diálogo permanente entre a iniciativa de Deus que chama a uma relação pessoal com Ele e a resposta da pessoa que envolve a totalidade das suas faculdades e capacidades. A oração cristã como expressão desse diálogo entre Criador e criatura.
Dentro desses dois pontos essenciais, não podemos nos esquecer da dimensão psicoafetiva, por isso, é importante que cada catequista ajude no desenvolvimento dos interlocutores, esse é o momento propício de dar autonomia para os catequizandos (cf. Calandro e Ledo, 2014). Nessa fase, o pré-adolescente busca se autoafirmar, embora exista uma oscilação entre a infância e o desejo de ser adulto, como já abordamos anteriormente. É preciso confiar no(a) adolescente para que ele(a) possa ser responsável por suas questões. Não se pode deixar de levar em conta a dimensão da sexualidade, da afetividade e a dimensão psicológica.