Neste mês de novembro, celebramos o último domingo do ano litúrgico, ano “C”, e essa celebração é marcada pela Solenidade de Cristo, Rei do Universo.
Nessa solenidade celebramos Cristo, rei e senhor do universo, rei que deve reinar nos corações, nos relacionamentos e que exerce seu reinado não de um lugar de poder, mas de um lugar de contradição e redenção: a cruz.
O Domingo de Cristo Rei é também o Dia do Leigo, em que rezamos, refletimos por essa presença tão rica e eficaz na Igreja e no mundo. O termo “leigo”, que está na base da consideração desse dia, refere-se aos cristãos que não exercem sua missão com uma vocação de especial consagração, como são os sacerdotes e os religiosos. É pela ação dos leigos no meio do mundo que o reinado de Cristo deve se consolidar. O leigo cristão age como o fermento no meio da massa, como nos recordam os Evangelhos, sal da Terra e luz do mundo, sendo permanentemente testemunhas de Jesus Cristo, presença Cristã em meio a esta sociedade que precisa de valores para orientar as vidas de seus integrantes.
Nesse dia se inicia no Brasil a Campanha para a Evangelização, que se estenderá até o terceiro domingo do Advento e também se comemora a Jornada Mundial da Juventude em nível diocesano (transferida do Domingo de Ramos).
A Solenidade de Cristo Rei foi instituída em 1925 pelo Papa Pio XI, coincidindo com o 16º centenário do Concílio de Niceia, que proclamou a divindade do Filho de Deus; esse concílio inseriu também em sua fórmula de fé as palavras “cujo reino não terá fim”, afirmando assim a dignidade real de Cristo.
A liturgia dessa solenidade coloca como antífona de entrada do Missal romano uma frase do Apocalipse que é surpreendente: “O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra. A Ele a glória e poder através dos séculos” (Ap 5,12; 1,6). Quem é aquele que proclamamos rei? O Cordeiro. Cordeiro imolado. A palavra “cordeiro” evoca mansidão, paz e fragilidade. Nosso Rei é o Cordeiro que foi esmagado na cruz, aquele que foi imolado pelo pecado do mundo. O mundo passou e passa por cima dele, refuta seu Evangelho, desdenha de sua Palavra, ridiculariza seus preceitos, calunia sua Igreja. Esse rei é aquele que foi crucificado, derrotado e terminou sozinho; é homem de dores, prenunciado por Isaías. No Evangelho escutamos que zombaram (e zombam) dele: “A outros Ele salvou. Salve-se a si mesmo, se de fato é o Cristo de Deus, o Escolhido! (…) Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós”! (Lc 23,35.39).
Contudo, Jesus não é rei nos moldes dos reis da Terra. O reinado dele somente pode ser compreendido a partir da lógica do próprio Cristo: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). Eis o modo que Cristo tem de reinar: servindo, dando vida e entregando a própria vida. Tão diferente dos reis da Terra, dos políticos e líderes de ontem e de hoje: “Sabeis que aqueles que vemos governar as nações as dominam, e os seus grandes as tiranizam. Entre vós não será assim” (Mc 10,42s).
Cristo é rei porque se fez solidário conosco ao fazer-se um de nós; é rei porque tomou nossa vida sobre seus ombros; é rei porque passou entre nós servindo até o maior serviço: entregar-se totalmente na cruz!
Que procuremos propagar o estabelecimento do Reino de Deus. Que possamos nos empenhar cada vez mais para que nossa experiência de fé nos leve a sermos presenças vivas de Cristo na sociedade e no mundo. Não nos faltará a força do Espírito e a ação do alto para que permaneçamos firmes.
Deus abençoe e guarde a todos!