RENOVAR O AMOR E A CONFIANÇA

A DISTÂNCIA NÃO PODE LEVAR AO ESQUECIMENTO E À FALTA DE CARINHO COM RELAÇÃO AOS AVÓS, QUE TANTO NOS ENSINAM E ENRIQUECEM NOSSAS VIDAS

Começo a escrever sobre os avós e imediatamente percebo que este é um tema maravilhoso e que, além disso, é justo que, ao chegar seu dia, digamos sobre eles palavras de gratidão e homenagem.

No entanto, também descubro que não é fácil abordar esse tema, porque são muitos os aspectos que precisamos levar em consideração quando falamos daqueles que centram o amor e o respeito da família.

Seria incrível que, a nenhum avô ou avó, em qualquer outra maneira de conceber a família, faltasse o carinho dos seus.

Os franceses denominam os avós com termos, a meu ver, belíssimos e, sobretudo, significativos: grand-père e grand-mère (grande pai e grande mãe). Dessa maneira, a paternidade envolve toda a família; pelos avós, toda a família é acolhida e amada: filhos, netos, bisnetos…

Por eles, quando estão bem situados no entorno familiar, flui o mais genuíno da vida familiar, o amor, que, nos avós, tem uma concentração especial por parte de todos os membros da família: eles o transmitem e eles o recebem. Poderíamos dizer que ser avô ou avó é um dom precioso para toda a família.

Essa descrição idílica felizmente ainda pode ser vista em muitas famílias; no entanto, também é verdade que, em outros muitos casos, essa sintonia de todos os membros da família no amor e no respeito é rompida. As condições de vida da sociedade moderna, ainda que cada vez mais atenta às necessidades da terceira idade, também fazem que os idosos se tornem vítimas, sobretudo do desamor, que é a pior das carências.

Compreendo que, em muitos casos, as residências e lares das administrações públicas, da Igreja ou de particulares são uma solução idônea para a atenção dos avós; no entanto, isso não pode ser um pretexto para deixá-los de lado. Em qualquer circunstância, os idosos não podem ficar sem o carinho dos seus familiares.

A distância não pode ser causa do esquecimento e da falta de carinho, assim como as condições de vida, como o trabalho dos filhos ou a situação da moradia, não podem ser uma justificativa fácil para abandoná-los.

O dia 26 de julho, festividade de São Joaquim e Sant’Ana, avós de Jesus, é uma boa oportunidade para homenagear aqueles que merecem todo o nosso respeito e gratidão. É um dia propício para renovar o que um dia pudemos sentir com relação aos nossos avós: muito amor e muita confiança.

O que sentimos quando crianças deve voltar a florescer no coração, com mais força ainda, ao longo de toda a vida. E mais: deveria florescer especialmente quando nos vemos mais limitados e impotentes. Filhos e netos têm de se reencontrar com a gratidão e a compreensão quando constatam o declínio dos seus idosos. É então que se há de reconhecer que o “grande pai” e a “grande mãe”, avô e avó, ofereceram aos seus filhos e netos, quando precisaram deles, o melhor de si mesmos: até chegar onde estão hoje foi muito que fizeram e sempre em fidelidade à vocação de serem pessoas úteis na sociedade com seu trabalho, de serem pais com o dom da vida, e com a educação generosa dos seus filhos, até que estes pudessem trilhar seu próprio caminho.

Quanto aos seus netos, todos nós sabemos que, na época atual, muitos avós inclusive assumem o cuidado e a educação das crianças, devido ao trabalho dos pais. Fazem isso, aliás, com muito prazer e com uma generosidade excepcional. E o que fazem maravilhosamente bem é a educação dos netos em seus primeiros passos. Se hoje as crianças chegam à catequese com certo despertar da sua fé é porque seus avós as iniciaram nas primeiras orações, nos primeiros gestos, nas primeiras atitudes e porque os avós pronunciaram para elas as primeiras palavras de fé. Acima de tudo, os netos sabem, pelos avós, o que é o amor a Deus e o respeito à sua vontade.

Por tudo o que foram e por tudo o que são, especialmente pelo que representam para muitas famílias nesta época de crise, os avós merecem uma lembrança especial nesse dia em que recordamos o testemunho belíssimo dos avós de Jesus.

Joaquim e Ana cuidaram da criação e educação de Maria, sua filha, e isso influenciou definitivamente a criação e a educação que, tanto ela como José, deram a esse maravilhoso menino chamado Jesus, que crescia em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens.

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