Meu nome é Cintia Trevizan e este artigo é uma alegria para o meu coração. Conheci Santa Hildegarda no fim de 2019. Mesmo sendo uma consagrada na Comunidade Canção Nova e buscando ter uma vida emocionalmente saudável e uma espiritualidade forte, eu vivia havia seis anos uma luta contínua para sair do transtorno de ansiedade generalizada (TAG), que gerava crises adrenérgicas intensas, atrapalhando minha vida e missão.
Vivia um luto: meu irmão falecera em outubro de 2019, vítima de um câncer agressivo. Por motivos de saúde, eu nem pude ir ao seu enterro, pois estava de repouso absoluto. Foram tempos difíceis. Queria muito amamentar minha filha, que nasceria em janeiro de 2020. Estava em uma gravidez muito conturbada e de alto risco. Posso dizer que Santa Hildegarda foi um presente de Deus, pois me encontrou em uma noite escura da vida e, como luzeiro que é, arrancou-me de lá.
Comecei a buscar alternativas naturais e tive a feliz surpresa de encontrar essa joia tão preciosa que é Santa Hildegarda. Seus ensinamentos foram um divisor de águas em minha vida: curei-me da ansiedade, acabei estudando naturopatia e aromaterapia, fiz cursos em uma escola espanhola sobre a medicina de Santa Hildegarda e hoje trabalho como naturopata hildegardiana, ajudando tantas pessoas a entrarem no universo das coisas naturais pelas mãos dessa doutora da Igreja Católica.
Santa Hildegarda foi uma mulher incrível que viveu no século XII (1098-1179). Foi a décima filha de uma nobre família alemã. Desde pequena, mostrou-se frágil em sua saúde, porém, com dons sobrenaturais. Foi entregue por seus pais aos beneditinos, por quem foi educada e mais tarde tornou-se monja. Teve uma vida extraordinária, contribuindo assim para a Igreja e para a humanidade.
Em uma época em que as mulheres não tinham muita visibilidade, conseguiu ser o centro das atenções de seu tempo. Foi naturopata, pregadora, dramaturga, poetisa, compositora, uma serva fiel de Cristo, deixando um legado incrível de teologia, cultura e ciências naturais.
Quando completou 38 anos foi eleita abadessa do mosteiro em que vivia e, aos 42, teve uma experiência mística com o Espírito Santo – a “luz viva” – que lhe ordenou escrever o que Ele revelaria por meio de suas visões. Ela era mística e profeta do Altíssimo e o Senhor mostrou muitos ensinamentos para toda a humanidade por intermédio dela.
Seu primeiro livro foi o Scivias (Conhece os caminhos do Senhor), no qual descreveu as visões desde a criação até o Apocalipse. Escreveu ainda o livro Méritos da vida, no qual apresentou uma teologia moral estabelecendo a oposição entre o bem e o mal, denunciando os vícios e contrapondo-os às virtudes. Seu livro Liber divinorum operum (Livro das obras divinas) trata da cosmovisão: o homem em relação ao universo, sua criação e redenção. Depois, escreveu ainda tratados com ensinamentos sobre os reinos animal, mineral e vegetal, trazendo observações sobre a natureza de forma científica. Abordou vários temas ligados à medicina e ofereceu métodos de tratamento para diversas enfermidades. Existem muitas iluminuras medievais que retratam suas visões. Ela fez um trabalho incrível com a escrita e a pregação, sendo instrumento de Deus para a Igreja não só em seu tempo, mas também para a atualidade.
Vale ressaltar que, como era uma mulher fiel à ortodoxia católica, esperou a autorização da Igreja para começar a escrever e a pregar. A primeira coisa que fez foi passar seus escritos para o confessor, depois para o bispo e então para Bernardo de Claraval, que os levou até o Papa Eugênio III. Ela recebeu autorização e incentivo para realizar o que o Espírito a instruía, sendo profetisa. Mais tarde, fundou também um mosteiro feminino por inspiração divina. Aos 81 anos, no dia 17 de setembro, deixou esta Terra com odor de santidade.
Ela sempre foi considerada santa pela Igreja, mas em maio de 2012 foi canonizada oficialmente pelo Papa Bento XVI, que, em outubro do mesmo ano, elevou-a a Doutora da Igreja Católica juntamente com Santa Teresa de Jesus, Santa Teresinha do Menino Jesus e Santa Catarina de Sena.
Santa Hildegarda foi importante em seu tempo e continua sendo hoje um luzeiro para a humanidade, como é digno dos santos, e assim será até o fim dos tempos.