VIVER É CONVIVER

“‘Deus é amor; quem permanece no amor, permanece em Deus, e Deus permanece nele’” (1Jo 4, 16). Estas palavras da primeira Carta de João exprimem com particular clareza o centro da fé cristã: a imagem cristã de Deus e também a consequente imagem do homem e de seu caminho.” (Bento XVI, Carta Encíclica Deus Caritas Est, 1)

Se reconhecemos e assumimos a vida como dom e mistério, vamos descobrindo a cada dia, em cada circunstância, que viver é conviver. Fomos criados para viver convivendo entre os outros, com os outros e, essencialmente, para os outros.

Eu sou se amo! Vivo a vida convivendo, não apenas estando junto. E aqui está o grande desafio: viver se aprende e amar se aprende. Nascemos capacitados, mas não desenvolvidos, por isso, temos que aprender.

Fomos criados à imagem e semelhança de Deus e Deus é amor, é comunidade. É Trindade! “O Pai gera o Filho por amor: saindo totalmente de si, por assim dizer, faz-se, num certo modo, ‘não ser’ por amor; mas é exatamente assim que é Pai. O Filho, por sua vez, qual eco do Pai, retorna ao Pai por amor, também ele se faz, de certo modo, ‘não ser’ por amor e, exatamente assim, é Filho” (Chiara Lubich, Spiritualità dell’unità e vita trinitaria, p. 151).

Como o Pai na Trindade é todo para o Filho, o Filho é todo para o Pai e o Espírito Santo revela e expressa essa relação-amor.

Nossa essência como seres humanos é definida pelas relações e convivência: cada um consigo, com os outros, com a natureza, com Deus. Estabelecer relacionamentos autênticos, sendo amor, desenvolve e expressa o nosso verdadeiro ser.

A grande novidade que Jesus veio revelar e que é para todos um desafio e uma descoberta é viver a vida, viver o amor. É impossível viver sem amar. Seria apenas um passar pelo tempo e não viver. Jesus veio mostrar qual é o caminho para viver uma vida plena e qual é a verdade que nos leva a viver e a amar. Ele, o Mestre da vida, do amor, pois Ele é a vida, Ele é o amor.

Jesus nos revela, por experiência própria, como Deus e como homem, que somos seres em relação. Nisso consiste a beleza da vida, a alegria de viver e a coragem para enfrentar desafios que o amor exige. O amor é uma experiência exigente. Exige aprender cada dia e saber que nunca saberemos amar suficientemente como Ele, Jesus, ama a nós, mas é possível crescer, recomeçar.

Como discípulos de Jesus esse é o nosso aprendizado permanente: aprender a viver amando. Amando se vive verdadeiramente a vida.

Deus se revela comunidade-comunhão. Esse é o único e verdadeiro Deus e dessa revelação é que se expressa a única maneira de crer e viver, porque Deus é comunhão, é amor. Deus é amor em si mesmo, antes do tempo, porque desde sempre tem em si um Filho, o Verbo, a quem ama com amor infinito, que é o Espírito Santo. Em todo amor há sempre três realidades ou sujeitos: um que ama, um que é amado e o amor que os une.

A contemplação da Trindade manifesta um precioso impacto em nossas vidas humanas. É um mistério de relação. Significa que as pessoas divinas não têm relações, mas que são relações. A felicidade e a infelicidade na Terra dependem em grande medida, sabemos, da qualidade de nossas relações. A Trindade nos revela o segredo para ter relações belas. O que faz bela, livre e gratificante uma relação é o amor em suas diferentes expressões. Conhecer e contemplar a Deus antes de tudo como amor afetará nosso modo de viver.

“O amor é a meta mais elevada e essencial a que pode aspirar o ser humano. A plenitude da vida humana está no amor e se realiza por meio dele.” (Viktor E. Frankl)

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