COM FRANCISCO, SUPERAR A CRISE DO COMPROMISSO COMUNITÁRIO

Dando continuidade à série de meditações a respeito da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, apresentamos neste artigo uma breve reflexão sobre seu segundo capítulo, que trata da crise do compromisso comunitário.

A era do conhecimento e da informação gera, segundo Francisco, três processos: economia de exclusão, idolatria e violência gerada pelas desigualdades sociais. Observa-se, nesses processos, uma crise antropológica que indica a negação da primazia do ser humano. Em vista disso, o Papa Francisco propõe uma reconsideração sobre as relações entre economia, ética e Deus. Somente mediante a harmonização dessas grandezas será possível reencontrar um equilíbrio e uma ordem social mais humana.

No âmbito de um relativismo moral, gerador da negação da transcendência e do enfraquecimento da ética, perde-se a dimensão da solidariedade e da fraternidade. Nesse contexto, ressaltam-se como valores a exterioridade, a provisoriedade, a superficialidade, o imediatismo etc.

Vivemos em uma cultura notadamente individualista, na qual os valores familiares e sociais são distorcidos. Esse ambiente cultural influencia decisivamente nossas comunidades cristãs. Quantos agentes de pastoral vivem seus ministérios como apêndices de suas vidas!

Não raro é possível verificar, segundo Francisco, um ateísmo prático vigente em nossas comunidades de fé. Por “ateísmo prático” entende-se um conjunto de ações humanas que se realizam como se Deus não existisse.

À doença do “desânimo egoísta” é preciso contrapor o entusiasmo missionário, de maneira que sejamos mais inteiros, isto é, mais plenos no exercício de nossas atividades missionárias. Sem esse entusiasmo, nossos pensamentos e nossas ações se desenvolvem no contexto de uma “psicologia do túmulo”, responsável pelo pessimismo estéril e pela sensação de derrota.

O Papa pede que não deixemos que nos roubem a esperança. É fundamental animarmo-nos uns aos outros na alegria de comunicar o Evangelho e de nos reconhecermos como membros da mesma família humana.

O compromisso comunitário está fundamentado na íntima pertença de cada ser humano à sociedade humana e, em última instância, à verdade teológica de que somos membros da família de Deus, criados pelo mesmo Senhor da Vida, portanto, empenhemo-nos na promoção da solidariedade, da fraternidade e dos valores comunitários, conscientes de que o nosso Deus está no meio de nós para nos animar e nos indicar o caminho. Caminhemos juntos!

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